Jogos Olímpicos: O “síndrome” da medalha de prata

Andava a ler na net umas coisas sobre os Jogos Olímpicos, e encontrei este artigo que achei interessante, sobre o facto de por vezes os atletas que ganham a medalha de bronze ficarem mais felizes do que os que ganham a de prata, principalmente nos desportos em que a medalha se decide no sistema “mata-mata”:

[url]http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,ERT123559-15257-123559-3934,00.html[/url]

[b]O terceiro lugar é melhor que o segundo?[/b]

Pesquisa afirma que quem ganha a medalha de bronze em uma competição fica mais feliz do que quem fica com a de prata

Se você estivesse em uma importante competição, como os Jogos Olímpicos, você ficaria mais feliz se ganhasse uma medalha de prata ou de bronze? Um segundo lugar é honroso ou frustrante?

Uma pesquisa realizada por três acadêmicos nos Estados Unidos afirma que, em geral, os competidores que levam a medalha de prata não ficam tão satisfeitos quanto aqueles que conquistam o bronze. Segundo eles, quem fica em terceiro lugar fica mais feliz do que quem perdeu o ouro para um adversário.

A explicação, de acordo com Thomas Gilovich, um dos coautores do estudo, o ser humano tem a tendência de olhar para frente e, quando vê que não está em primeiro lugar, acaba se frustrando. “Eu tenho a prata, mas o ouro não está comigo”, afirma Gilovich.

Para ele, a situação de quem pega a bronze é um pouco diferente. O atleta sente que poderia ter ido melhor, mas fica feliz por, apesar do seu desempenho, estar no pódio, entre os três melhores.

Prova disso é a reação do patinador russo Evgeni Plushenko, que criticou o júri dos Jogos Olímpicos de Inverno de Vancouver, no Canadá, e ameaçou encerrar a carreira esportiva após terminar a prova em segundo lugar, ao perder o ouro para o americano Evan Lysacek, no último dia 19 de fevereiro. “Não estou disposto a patinar bem e perder”, afirmou Plushenko após o resultado da prova. O russo era o grande favorito.

A reação de Plushenko mostra como o estudo dos americanos, baseado na observação das respostas emocionais dos atletas durante os Jogos Olímpicos de Verão de 1992 em Barcelona, são aplicáveis hoje, indica reportagem do jornal USA Today.

Até mesmo o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, se manifestou no site oficial do governo com o intuito de tentar amenizar a polêmica sobre a posta de Plushenko em relação ao segundo lugar. Putin parabenizou o atleta e disse que a medalha prata de Plushenko pode ser considerada como de ouro.

O terceiro lugar na prova, o japonês Daisuke Takahashi, era só sorrisos no pódio. “Eu estava muito emocionado”, disse o atleta após a premiação.

Para o professor de psicologia da Universidade da Pensilvânia, Madey Scott, que também participou do estudo, a atitude do patinador russo é totalmente compreensível. “É como um aluno que recebe uma nota B faltando um ponto para um A. O B passa a não ser bom, não é interessante", afirma. Scott compara a sensação a um passageiro que perde um vôo por um atraso de cinco minutos. “Você se sente incapaz por não conseguir ‘fabricar’ cinco minutos para reverter a situação”, diz.

O artigo original em inglês, que está um pouco mais completo: [url]http://www.usatoday.com/sports/olympics/vancouver/2010-02-22-bronze-beats-silver_N.htm[/url]

É perfeitamente normal, a maior parte das competições disputa-se por eliminatórias, o que significa que quem fica com a prata perdeu a sua última eliminatória e quem fica com o bronze ganhou a sua última eliminatória, i.e., a prata é frustrante porque advém de uma derrota enquanto o bronze é gratificante porque advém de uma vitória.

Não era preciso um estudo científico para saber isso.

Mas também é verdade que isso só se passa no pódio, escassas horas após a competição.

Perguntem, daqui a uns anos, aos medalhados de prata se preferiam ter uma de bronze e vice-versa a ver o que eles dizem.

O único caso em que os medalhados de prata rejeitaram a sua medalha, foi os EUA no basket, que até hoje não reclamaram as suas medalhas. E há até um, que já morreu, que deixou escrito em testamento que nenhum dos seus descendentes pode alguma vez reclamar a medalha.

Mas isso são contas de outro rosário.

Ainda no outro dia pude ver o que se passou em campo. Uma autêntica vergonha, capaz até de fazer corar de vergonha os nossos árbitros e algumas das suas matreirices.

Decidiram, nunca se percebeu como, retirar a vitória aos EUA adicionando segundos ao tempo de jogo, segundos esses que o adversário, a União Soviética, aproveitou.

Sim, isso é verdade, não era preciso um estudo para se perceber isso.

Aliás, ainda ontem aconteceu na ginástica, a russa Viktoria Komonova começou logo a chorar quando percebeu que não tinha ganho o ouro por pouco, enquanto a colega de equipa era só sorrisos quando viu que também por pouco tinha ficado com o bronze em vez do 4º lugar.

E principalmente porque perdeu o ouro de forma um bocado injusta, a última nota ficou bastante aquém da prova que fez. Isto deve ser de uma enorme frustração porque estão ali horas e horas de treino, sofrimento e dedicação.

Numa primeira fase a medalha de bronze gera um síntoma de satisfação superior à de prata, depois inverte-se os papéis.

A questão passa muito por isto:

Normalmente, muitos dos que ganham o bronze são atletas em que ganhar uma medalha seja ela qual for é um feito.

Em contrapartida, muitos dos que ganham a prata vão para os jogos olimpicos em busca do ouro, e ficar com a prata é frustrante.

Porque quando um atleta ganha a prata inesperadamente, ficam também bastante satisfeitos. Normalmente os que ficam desiludidos é porque queriam mais, ou seja, ganhar a prova.

Esta é a minha opinião sobre este tema.