Isto é uma vergonha

Não sou eu a queixar-me do jogo de ontem , porque já-me queixei ontem , nem estou a transcrever as declarações de outro forista taliban ou iluminado a criticar o status quo , nem de nenhum carneirinho a queixar-se das críticas ao Paulo Bento e aos dirigentes do Sporting , mas sim ao Cardeal Patriarca de Lisboa , sim leram bem , estou-me a referir ao Cardeal , que proferiu estas declarações nada habituais e pouco condizentes para um cardeal e parece que a igreja tambem se junta agora aos contestatários do orçamento.
Será que vamos ter uma greve de padres. :rotfl:

Ps: Não interpretem isto como o início de uma onda jacobina aqui no fórum porque eu até pertenço ao grupo dos católicos não praticantes.

Religião: Cortes no orçamento da católica

Isto é uma vergonha

Em entrevista ao Correio da Manhã, no final da visita ‘Ad Limina’ a Roma, o cardeal disse, sem rodeios, que esta situação “é uma vergonha” para o nosso país, explicando que, a este nível, “Portugal e Espanha constituem a excepção negativa da União Europeia”.

“A Polónia, a República Checa, a Hungria, a Eslováquia, a Holanda e a Bélgica, entre outros, financiam as suas universidades e institutos católicos a 100%. Até a França, com o seu velho laicismo, ou a Itália, onde nos encontramos, financiam 40% das despesas das universidades da Igreja. Só nós é que, tristemente, chegamos ao ponto zero. Isto é uma vergonha”, realçou o Patriarca de Lisboa.

No Orçamento do Estado de 2007, recorde-se, estava previsto uma verba para acção social de 1,5 milhões de euros, fatia que a Universidade ainda não recebeu e que desapareceu por completo do Orçamento de 2008.

D. Policarpo diz que “a Igreja acredita na força do diálogo e acredita também que os governantes venham a perceber que há coisas que, não sendo públicas, são do interesse público e que, pela sua qualidade, merecem ser apoiadas”.

Para já, a Igreja não sabe de que modo vai actuar para tentar resolver este assunto, mas de uma coisa o Cardeal tem a certeza: “Parada a Igreja não vai ficar”.

Apesar de falar constantemente de “esperança”, o momento complicado que o País atravessa em termos de equilíbrio orçamental leva o titular da diocese de Lisboa e ex-reitor da Universidade Católica a mostrar-se consciente de que vai ser “extremamente difícil” convencer o Governo a alterar a sua posição.

D. José Policarpo assegura, no entanto, que a Católica “não vai esmorecer nem deixar de apoiar os mais necessitados”, mas assume que “o caminho do futuro está cravado de dificuldades”.

“Não pedimos financiamento a 100%, só gostávamos de ver o País a sair desta cauda negativista, em que a ajuda é zero, em que o reconhecimento é nada. Não falo só de escolas ou institutos católicos, mas de todas as boas instituições de ensino privadas”, frisou.

Apesar de não o dizer de forma expressa, D. Policarpo considera que o Governo está a trilhar os caminhos traçados pela “onda laicista que todos os dias mina a sociedade portuguesa”.

LISBOETAS NÃO VÃO À MISSA

Um dos aspectos mais realçados pelo Papa Bento XVI no encontro com os bispos portugueses foi a necessidade que a Igreja tem de encontrar formas de estancar a perda de fiéis praticantes. A esse nível, o Patriarca de Lisboa revelou ontem ao CM a existência de dois estudos na diocese da capital. Um, de contagem à porta das igrejas, revela que apenas 13% dos lisboetas vai à missa do domingo. O outro, em forma de sondagem, mostra que 32% se assume como católico praticante. D. José Policarpo diz que estes estudos indicam que “a Igreja tem de definir muito bem o que é isto de ser católico praticante”.

PALAVRAS DO PAPA MAL INTERPRETADAS

Todos os bispos, sem excepção, dizem que a ideia de raspanete ou repreensão que transpirou do discurso do Papa foi fruto de “uma tradução pouco feliz”. D. José Policarpo disse ao CM que “o Papa proferiu palavras de incentivo”. Também D. Manuel Clemente, bispo do Porto, assegurou que “o Santo Padre quis expressar a maior solidariedade, assumindo também ele que nem tudo está bem”. Já D. Jorge Ortiga disse que “o Papa realçou as preocupações que os bispos tinham demonstrado nos relatórios enviados para a Santa Sé”. Consultadas as versões do discurso de Bento XVI em Italiano e Francês, verifica-se que dizem exactamente o que ontem avançámos: “É preciso mudar o estilo de organização da comunidade eclesiástica portuguesa e a mentalidade dos seus membros”.

NOTAS

VISITA TERMINOU

A visita de uma semana de 37 bispos portugueses a Roma terminou ontem, ao final da manhã, com uma celebração, presidida por D. José Policarpo, na Igreja de Santo António dos Portugueses, a igreja da comunidade portuguesa em Roma.

EMBAIXADOR HONRADO

Na festa de despedida dos bispos, o embaixador português junto da Santa Sé, João Rocha Páris, mostrou-se “muito honrado” por ter assistido ao “facto histórico” de quase todos os bispos se encontrarem em Roma.

RELACIONAMENTO

Contrariando o que tem sido expressado pelos bispos, o embaixador de Portugal no Vaticano diz que as relações entre o Estado Português e a Igreja “são as melhores”. João Rocha Páris assume que houve dificuldades por causa da Concordata, mas que foram ultrapassadas com a visita do cardeal Ângelo Bertone.

Secundino Cunha, enviado especial (Vaticano)

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