Hilário

[ul][center]Hilário Rosário da Conceição

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Hilário nasceu num bairro pobre dos arredores de Lourenço Marques, e só entrou para a escola com 10 anos, o seu sonho era arranjar um emprego.

Nessa altura já se destacava dos outros meninos nas peladas disputadas nos terreiros da zona onde vivia, em que descalço como é evidente, exibia a sua habilidade natural que se misturava com uma velocidade impressionante e um pontapé muito forte.

Tinha 13 anos quando juntamente com outros rapazes resolveu comprar uma bola a sério e fundar um clube, a que deram o nome de FC Arsenal. Foi aí que um “olheiro” do Atlético de Lourenço Marques o descobriu, levando-o para aquele clube onde só pôde jogar depois de superar o problema que para ele era calçar umas botas com travessas, e assim durante mais de um ano foi jogando basquetebol, para se ir adaptando ao calçado com umas sapatilhas.

Em 1955 estreou-se finalmente nos juniores do Atlético, e um ano depois transferiu-se para o Sporting de Lourenço Marques a troco de um emprego na Companhia das Águas, mas rapidamente se percebeu que estava destinado a outros voos.

A 3 de Agosto de 1958 chegou a Lisboa com destino ao Sporting, e não precisou de muito tempo para ganhar um lugar na equipa principal como defesa esquerdo, fazendo uso de todos os seus atributos naturais, que depois de refinados o tornaram num dos melhores do mundo na sua posição, e seguramente no melhor lateral esquerdo da história do futebol português.

  • 3 Campeonatos de Portugal
  • 3 Taças de Portugal
  • 1 Taça das Taças

Tornou-se numa figura emblemática do Sporting Clube de Portugal, onde jogou durante 15 temporadas, disputando mais de seiscentos jogos de Leão ao peito, sempre com o número 3 nas costas, e conquistando 3 Campeonatos Nacionais, 3 Taças de Portugal e a Taça das Taças de 1964, de cuja Final esteve ausente devido a ter fracturado a tíbia no jogo contra o Vitoria de Setúbal disputado três dias antes da partida da equipa para a Bélgica, naquele que foi o maior desgosto da sua carreira.

Da cama do hospital mandou um telegrama aos seus companheiros onde dizia simplesmente «Lutem até ao fim, tenho-os no coração.» Lutaram, ganharam e mal chegaram ao aeroporto de Lisboa, correram para a sua casa para partilharem com ele a Taça, que também tinha ajudado a conquistar. Beijou-a e chorou!

Em 1965 foi distinguido com o Prémio Stromp na categoria de Atleta Profissional.

Nessa altura Hilário já era também titular indiscutível na Selecção Nacional, que representou por 39 ocasiões, tornando-se então no futebolista mais vezes internacional A enquanto jogador do Sporting, uma posição que só viria a perder em 2004 para Rui Jorge, outro defesa esquerdo e mais tarde para o guarda-redes Ricardo.

Ao serviço da Selecção integrou célebre equipa dos “Magriços” que ficou em 3º lugar no Mundial de 1966, onde actuou todos os jogos, tendo sido considerado o melhor defesa esquerdo do torneio, e o jogador mais regular da equipa nacional.

Encerrou a sua carreira com chave de ouro na temporada de 1972/73, numa altura em que com 34 anos já não era titular, depois de 14 épocas seguidas nessa condição. Foi no Jamor no dia 17 de Junho de 1973 quando entrou para o lugar de Dinis a 10 minutos do fim dessa Final da Taça de Portugal, em que o Sporting derrotou o Vitória de Setúbal por 3-2.

Na época seguinte integrou a equipa técnica liderada por Mário Lino, participando assim numa campanha memorável que levou o Sporting à conquista de uma “dobradinha” e ás meias-finais da Taça das Taças.

Iniciou então em Braga uma nova fase da sua carreira, agora como treinador, começando logo por trazer o Sporting local de volta à 1ª Divisão, o que fez com que voltasse por duas vezes ao comando do “Arsenal do Minho”

Fez o seu restante percurso como treinador em clubes das divisões secundárias, tendo conseguido mais uma subida de divisão, desta vez nos Açores à frente do Sport Clube Lusitânia, no 3º escalão do futebol português.

Em 1989 regressou a Moçambique onde foi duas vezes Campeão, primeiro no Ferroviário e depois no Matchedje.

Em 1993 voltou para Portugal, e no ano seguinte regressou finalmente ao Sporting para integrar a equipa técnica liderada por Carlos Queirós, trabalhando depois também sob o comando de Octávio Machado e Robert Waseige, até passar a integrar os quadros técnicos do sector da formação, ajudando assim a transmitir a cultura sportinguistas às novas fornadas de jogadores que iam chegando a Alvalade, ao mesmo tempo que recebia o merecido reconhecimento pela sua dedicação ao Clube.

Info: WIKI Fórum SCP

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Nunca o vi jogar, é uma pena. O meu avô sempre que fala nele parece que se baba, aliás ele diz várias vezes que foi o melhor defesa (realço esta palavra, defesa) que viu jogar, não só no SCP mas do que se recorda no futebol mundial. Deve ter sido absolutamente titânico este jogador. Adorava ter sido hippie e ter vivido naquelas alturas, damn. ^-^

Realmente Majestade o meu falecido pai dizia o mesmo, deve ter sido de facto um enorme jogador!

Penso ter sido dos maiores do nosso Sporting por tudo aqulio que já li.

É com muita honra e orgulho que digo, que já tive a oportunidade de privar com ele e de beber alguns dos seus ensinamentos.

Grande Hilário! :clap:

Um senhor, o nosso Hilário.
Dentro e fora das 4 linhas. :clap: :clap: :clap:

A última imagem que tenho do Hilário foi no jantar do Fórum, no dia das Eleições, no restaurante Magriço, não gostei nada do que vi, ainda perguntei ao psilva se aquele era quem eu pensava que era e ele confirmou, mau, muito mau! ???

Sinceramente não sei se o Sporting ajuda ou faz algo pelo Hilário, mas se não faz devia fazer! :arrow:

O Hilário passa dificuldades isso é notório. Quantas vezes já não o vi apenas a “vaguear” pelas imediações do estádio, cabisbaixo. Salva-se os cumprimentos das pessoas, especialmente dos mais antigos, que lá lhe arranca um sorriso. E para os eventos que é convidado.

Não sei se o Sporting faz algo por ele, para além de o deixar ver os jogos na Tribuna ou Lugares VIP sem pagar.

EDIT: Rui, não reparei nesse episódio do Magriço, estava de costas para a entrada, da forma como a mesa estava distribuída. O que viste?

Uma pena que eu tenho de não ter visto o Hilário jogar :frowning:

Até o meu pai lampião me diz que foi o melhor defesa esquerdo que viu jogar.

Última imagem que tenho dele é mesmo do dia da apresentação do Van Basten, quando ele apareceu na sede de campanha do BdC ainda antes do jogo. Que emoção…

Merecia mais atenção por parte do Sporting. Merece mais e melhor. Obrigado por tudo :clap: :clap: :clap:

Foi no fim do jantar já na saída do restaurante, ele estava lá e também estava de saída, o que mais de impressionou/chateou foi o especto de mendigo dele, como só o via na TV a ver os jogos na Tribuna ou em eventos, nunca pensei que estava tão em baixo, sempre pensei que era daqueles que têm uma vida boa, desafogada, quando o vi com aquele aspecto caiu-me tudo, até questionei o psilva para ter a certeza que era ele! ???

Acredito e tenho muita pena de muitos deles pois eram enormes como jogadores, mas o futebol não fazia correr rios de dinheiro como hoje por qualquer perneta e ele coitado certamente será mais uma das vitimas desses tempo.

Obrigado Hilário estamos contigo, para todo o sempre que Deus Nosso Senhor te ajude hoje e sempre bem o mereces. :clap: :clap: :clap: :clap:

Não sendo íntimo dele, tanto quanto soube, já há uns anos atrás, ele era pensionista. Confesso que não sei o valor da mesma (e mesmo que soubesse, por razões óbvias não a iria divulgar), mas tenho ideia que ainda era acima da média. Aliás, caso não saibam, ele quando estava nas camadas jovens do Sporting, recebia ZERO euros! Fazia-o por gosto. Até que um desaguisado, que envolveu o Paim, fê-lo sair da estrutura do futebol juvenil…

Uma pequena história que teve como intervenientes principais eu e o Hilário.

Há dois ou três anos, não me lembro muito bem da data, numa tarde de radioso sol e temperatura confortável, eu caminhava alegremente no Alvaláxia, com uns amigos de universidade. Vejo um homem que eu julgava, naquele momento, ser bastante parecido com uma das maiores glórias de sempre do meu clube, o Hilário. Vestia umas calças castanhas e uma camisola de manga comprida. Era ele, rapidamente eu concluí após ver a face do dito.

Dirigi-me a ele, sozinho, porque os restantes amigos eram na maioria adeptos de cores que pouco ou nada interessam, e fiz questão de, estendendo o meu braço na sua direcção, o cumprimentar, ao mesmo tempo que proferia o seguinte: “Sr.Hilário, peço desculpa por abordá-lo desta forma, mas queria agradecer tudo o que fez pelo meu clube”. O grande Hilário, o melhor defesa-esquerdo que Portugal jamais viu, ficou muito surpreendido, o seu rosto demonstrava-o, de olhos bem abertos, e postura física, de total abertura para com aquela abordagem que a muitos poderia parecer demasiado ousada.

O grande Hilário retribuiu-me o cumprimento que lhe enderecei com o maior gosto possível, e disse-me, num tom deveras simples e recheado da humildade que sempre lhe foi reconhecida: “Obrigado.”

Isto demonstra o quê? Que as verdadeiras glórias do Sporting se sentem desprezadas pela juventude Sportinguista!

Cruzei-me hoje com ele no Lumiar e também já tinha tido a felicidade de o cumprimentar no dia da apresentação do Van Basten.

Um Senhor!

Nunca tive a sorte de o ver jogar, mas lembro-me de, quando era miúdo, Hilário ser constantemente referido nas conversas sobre os grandes jogadores, que essas pessoas tinham visto jogar.

No momento em que escrevo, estou a ver um programa na RTPMemória sobre este Senhor, e o orgulho que ele demonstra quando fala no nosso clube, arrepia!

Grande Homem!.. do tempo do amor à camisola!

Certa vez, na 10-A, estava eu com o meu avô, iamos para o carro quando o Hilário aparece à nossa frente. Como eu estava todo trajado com o equipamento do Sporting, veio ter comigo e disse-me: “Sportinguista, gostavas de ter um cachecol do Sporting?” Eu respondi que sim, envergonhado. E ele foi ao carro dele e deu-me um cachecol do Sporting. Um grande gesto de um grande homem e jogador.

PS: o cachecol na parte da frente diz Sporting… e na de trás tem a foto do Suinão e a dizer: simão sabrosa, o menino prodígio do futebol português :inde:

Mas o que conta é a intenção. Obrigado Hilário! :great: :clap:

Com muita tristeza que confirmo tudo o que os restantes foristas tem vindo a dizer, o Hilário como muitas antigas glórias do futebol português basta passar com alguma frequência pela zona do Alvalaxia que é fácil dar de caras com ele, naquela mesa da “antiguidade” a jogar as cartas.

Tem um ar abatido, uma face muito marcada e anda sempre de cabeça baixa e raramente solta um sorriso, é uma pena ver o melhor defesa esquerdo de sempre a passar dificuldades, mas não é a primeira nem será a ultima glória do futebol português nessa situação.

1976 SL!

Conheço bem o Hilário e, infelizmente, é verdade que passa por dificuldades.

Ainda há 1 ou 2 anos vinha no meu carro (mais o Prof. Moniz Pereira) numa viagem de Leiria. Viemos todo o caminho a conversar e o Hilário dizia-me que nessa semana, numa das suas tardes passadas em Alvalade, tinha-se cruzado com uma equipa da formação leonina (não sei escalão) que tinha ido a Alvalade para uma qualquer apresentação. Precisavam ver o ar triste do Hilário a dizer-me que NENHUM do miudos sabia quem ele era ou tinha ouvido falar dele.

É triste mas é verdade.

Ha uma coisa que me faz confusão, se sabem que o homem precisa de ajuda porque passa dificuldades (suponho que financeiras), porque não o ajudam? Há alguma fotografia dele de forma a que o possa reconhecer?

Se cada um dos foristas que aqui passa no fórum pagasse um café dos mais resmengos ao Hilário por dia (0,20€), concerteza algumas das dificuldades dele seriam ultrapassadas.

100 foristas de valor vamos lá!

1 - Emanuel Velho

(apagar)

O que proponho é alargar o jantar de natal do Fórum SCP a um convite ao Hilário para estar presente e à angariação de fundos para uma possível ajuda.