Por acaso também não percebo essa moda de dizer que os pretos decidem mal, são trapalhões e inconsequentes, mas o que é verdade é que o preconceito existe. Se é verdade que o jogador africano tem essa tendência, também é verdade que isso acontece frequentemente por não terem as oportunidades que outros têm nas melhores Academias. O que não é o caso do Gelson.
Em vez de ‘preto’? Não. Eu costumo usar a palavra preto para definir alguém com esse tom de pele. Pelo menos dentro dos meus amigos e conhecidos de cor. E eles não levam a mal e concordam comigo que preto é uma cor e negro, isso sim, é que é uma palavra feia e negativa. Mas se alguém levar a mal edito na boa! :great:
Ah, ok… Sim, é um estereótipo. No entanto o William é originário de África e tem mais futebol numa unha do pé do que o Rinaudo no corpo todo. O William vem da terra dos ‘que decidem mal, são trapalhões e inconsequentes’. E o Rinaudo vem da terra dos talentosos. A qualidade da formação é o factor X do futebol nos dias de hoje. É preciso talento. Mas sem escola, nada acontece. Escola e talento é coisa que não falta ao Gelson.
O q eu quis dizer, e n estava a falar do Gelson em particular (q até nasceu em Cabo verde), que esse estereótipo aplica-se normalmente a um preto africano. Só isso…
Nunca disse, acho, que não teria futuro no Sporting, ou coisa do género (se disse estava bem enganado), mas evoluiu mais rapidamente que esperava. De suplente da B com muito poucos minutos passou a uma das figuras.
Quanto ao “estilo”, sim, há quem prefira jogadores com determinado registo e outros com outro. Eu diria que as pessoas não adorarem o Gelson (mesmo achando que pode até integrar os A’s já este ano, ao contrário dos outros extremos da B!) deve-se não ao estereótipo do jogador africano, mas a um aspecto do jogo: temporização.
Gelson é fortíssimo no 1x1 e na transição (exploração do espaço ofensivo, aceleração), precisando ainda de evoluir na temporização, na capacidade de devolver a bola de primeira (jogar de primeira), de tabelar, de conduzir menos, de organizar mais jogo através do passe e de rematar melhor de longe. Mal seria se não tivesse aspectos do jogo a corrigir com esta idade e com a experiência que ainda não tem.
É malta que jamais assobiaria o Nani por parar, ficar com a bola e não jogar sempre a 200 à hora, saber pausar e pautar também o jogo, funcionando quase como falso 10 a jogar nas alas.
Gelson é mais Di María/Sálvio, menos Gaitán/Matheus, por exemplo.
Agora, se com Marco Silva equacionaria o empréstimo com mais força, no modelo do Jesus encaixa na perfeição… num futebol tão rápido, agressivo, fisicamente exigente e de velocidade máxima, é uma solução muito boa não para o futuro, mas já para o imediato…
PS - Nunca o comparei ou compararia, contudo, a um Lisas Semedo (que por mim até teria integrado a B), um jogador também rápido, agressivo, com pulmão e aceleração, mas tecnicamente com recursos incomensuravelmente inferiores ao Gélson!
É isso mesmo. Escola e talento. No entanto, por mais escola que dessemos ao Rinaudo, o talento não estava lá.
E William, se nao tivesse a escola que teve, muito provavelmente perdia-se o talento por nao saber aplicá-lo tacticamente.
É como aqueles jogadores que se destacam em campeonatos sem escola nem evolução táctica tipo Rabia e Slavchev. Depois chegam a Portugal e perdem-se pois não conseguem colocar o talento em prática.
No entanto, acho o talento a parte fundamental. Por mais escola que um perna de pau tenha, nunca vai ser bom. E, africano ou não, Gelson tem talento a rodos! E até discordo dessa parte dos africanos serem trapalhoes. Trapalhoes há em todo o lado. E até podem ter mais trapalhoes que nós por exemplo. Mas quando são talentosos, têm uma magia especial que é dificil de encontrar no jogador europeu.
não me surpreenderia minimamente se o Gelson ficasse na equipa principal e o Iuri não. eu sei que é uma opinião que vai contra a euforia Iuri aqui do espaço, mas continuo de pé atrás com ele. e emprestava-o mais esta época, desta vez a um clube tipo guimas. gostava de o ver enquadrado num contexto de maior exigência (depois de BB e arouca) de qualidade e consistência…
o Gelson é daqueles que não engana. precisa de ser trabalhado, mas é um miúdo na linha do CR, Quaresma, Nani ou suinão (salvo as devidas e lógicas diferenças). e vai (muito) longe, parece-me.
É o que o [member=19812]Ehrmantraut disse sem tirar nem por.
Comparar o Gelson com o Nani não tem pés nem cabeça porque são estilos completamente opostos. É a “escola espanhola” vs o futebol de vertigem. Nani é um jogador de pausa, Gelson de aceleração. Continuo a dizer que é em tudo semelhante ao Di Maria e que por isso vai ser de certeza aposta do JJ. Pessoalmente também prefiro o futebol pensado e não de aceleração e desiquilibrios 1x1. Portanto, na minha ideia vou sempre preferir o Podence ao Gelson, por exemplo. Ou o Wallyson, André Martins, Ryan Gauld, Chaby, João Mário a um Enzo ou Ramires, por exemplo. Mas o que eu quero mesmo é ganhar e se o Jesus apostar no Gelson em detrimento do Podence e no final formos campeões… venha o título!
Uma equipa precisa de variedade e versatilidade, de jogadores que correspondam a diferentes exigências de jogo. De minha parte, tenho dificuldades em preferir um determinado perfil de jogador, até porque o todo, o colectivo, pode necessitar de um jogador com características X, porque com as características Y já tem em excesso.
Quanto a Gelson/Podence, à partida a escolha, caso JJ optasse por um, seria óbvia e não passará apenas pelo perfil dos jogadores, embora admita que tal tenha sido preponderante.
Um registou uma evolução tremenda no ano passado, foi nuclear na segunda volta da B, teve excelentes números ofensivos e mostrou ser um jogador solidário nos momentos defensivos e esteve no mundial sub 20, onde foi dos melhores da selecção.
O outro, mostrou alguns bons pormenores. E pouco mais.
Infelizmente o Podence parou na sua evolução, ao invés o Gelson deu o salto. E por aí é que entendo aposta num, em detrimento de outro. Não sei se de facto fará parte do plantel A ou não, se fizer é um excelente sinal. O potencial está ali todo, pode ir modelando-se à equipa, ao colectivo, às ideias do treinador. É um miúdo, com ganas de triunfar, mas com muito por corrigir e muito por evoluir, é bom que ninguém se esqueça disso.
Se há espaço no plantel, concordo que se trabalhe um talento do género do Gelson. A sua velocidade, irreverência, o futebol mais vertical, pode ser bastante útil em determinados jogos. Mas é sobretudo o trabalho na sua evolução que vai incidir esta permanência na equipa A.
Ver alguém da formação chegar à equipa A é sempre uma excelente notícia e um sinal positivo para todos os outros que ambicionam chegar a este patamar competitivo.
Pessoalmente não percebo o hype à volta de Podence. Nunca deslumbrou quando jogou na época passada na A, e para extremo falta-lhe estatura, drible, força. Mas devo ser eu que gosto de extremos desiquilibradores, que partam a loiça toda, e não de contemporizadores. Gostos não se discutem.
Comparar Gelson com Nani só se for por serem ambos de cabo verde. Jogadores diferentes. Mas da mesma casta. Dos talentosos e craques. [emoji6]