Amorim foi um milagre. Caiu do céu (não me espantaria que literalmente – talvez despejado no Estádio de Alvalade por um avião alugado pelo Sporting).
Chegou, viu e, apesar de tudo (que não é pouco), venceu. Ao serviço do Sporting Clube de Portugal foi campeão nacional de futebol. Foi-o sem as artimanhas que explicam os títulos de Porto e Benfica. Foi-o inserido numa hierarquia cujo vértice superior é ocupado por um gajo chamado Frederico Varandas.
Ninguém me convencerá de que a sua contratação foi fruto de uma reflexão com bases susceptíveis de serem elogiadas e repetidas.
Dito isto, não tem cabimento, a não ser que o intuito seja o de praticar uma espécie de política de terra queimada, fazer a apologia do fim da sua era no Sporting, o qual teria de ser desencadeada pelo presidente Varandas e à qual sucederia a contratação de alguém escolhido… por Frederico Varandas. Há um pré-Amorim e um pós-Amorim. Nas contratações, por exemplo (ainda que sejam bastantes e pertinentes as questões sobre quem sugere nomes, etc.).
Defender o fim da era Amorim implica encarregar o “elefantinamente” incompetente Varandas de fechar esta era e inaugurar uma nova. Significa confiar no Varandas. Significa pedir ao Varandas que vire a página. Significa presumir que retornará o que existia antes do milagre.
A isto eu digo, muito convictamente, não obrigado.
Quanto a como devemos comportar-nos face ao Amorim, o passo a dar é, na minha opinião, fácil: suspender o endeusamento (que raramente é benéfico), arrumar o título que ele conquistou onde ele pertence (no museu da memória), e pressionar, mas fazê-lo com tino, ou seja, com argumentos que não sejam um insulto às partes em causa. Pressionar para corrigir, para melhorar, para endireitar, não para arrasar, para demolir.