Fernando Mendes e o doping em Portugal: «Era sempre certo»

http://www.maisfutebol.iol.pt/horas-vagas/fernando-mendes-doping-jogo-sujo-livro-futebol-maisfutebol/1072240-1478.html

Citações retiradas do livro «Jogo Sujo», de Fernando Mendes e Luís Aguilar (ed. Livros De Hoje, Grupo Leya) «Em determinado período da minha carreira cheguei a um clube que tinha uma grande equipa, um belíssimo treinador e um presidente carismático. Para além destas qualidades, existiram outros ingredientes que facilitaram o nosso percurso vitorioso. Devo dizer que antes de ir para este clube nunca tinha tido qualquer experiência com doping (pelo menos conscientemente)»

«Os incentivos para correr eram sempre apresentados pelo massagista. Passado pouco tempo de estar no clube, ele aproximou-se de mim, e de outros novos jogadores (…) Disse-me claramente que aquilo que ia dar-me era doping, embora nunca tivesse falado de eventuais efeitos secundários. (…) Com o passar do tempo assumi os riscos e tomei doping de todas as vezes que me foi dado. (…) Nunca vi um único colega insurgir-se perante essa situação»

«No meu tempo, o doping era tomado de duas formas: através de injecção ou por recurso a comprimido. Podia ser antes do jogo, no intervalo, ou com a partida a decorrer, no caso daqueles que saíam do banco (…) A injecção tinha efeito imediato, enquanto os comprimidos precisavam de ser tomados cerca de uma hora antes do jogo»

«Em alguns clubes onde joguei tomei Pervitin, Centramina, Ozotine, cafeína, entre muitas outras coisas das quais nunca soube o nome»

«Cada jogador tomava uma dose personalizada, mediante o seu peso, condição física ou última vez que tinha ingerido a substância (…) Porém, nos jogos importantes era sempre certo (…) Quando se sabia que não iria haver controlo antidoping, nunca falhava»

«Lembro-me de um jogo das competições europeias contra uma equipa que tinha três campeões do mundo no seu plantel. Um deles era um poderoso avançado no jogo aéreo. (…) Apanhei-o várias vezes no meu terreno de acção. Ele era um armário, com um tremendo poder de impulsão. Mas nesse dia eu saltei que nem um louco e ganhei-lhe quase todas as bolas de cabeça (…) O meu segredo: uma pequena vacina, do tamanho de meia unha, chamada Pervitin»

«Em certos treinos víamos um ou dois juniores que apareciam para treinar connosco. Esses juniores não estavam ali porque eram muito bons ou porque tinham de ganhar experiência. Estavam ali para servirem de cobaias a novas dosagens. Um elemento do corpo clínico dava cápsulas ou injecções com composições ilegais a miúdos dos juniores (…) Diziam-lhes que eram vitaminas e que a urina era para controlo interno»

«Se um jogo fosse ao domingo, o nosso médico sabia na sexta ou no sábado quais as partidas que iriam estar sob a tutela do controlo antidoping. Mal tinha acesso à informação, avisava todo o plantel e o dia de jogo acabava por ser directamente influenciado por essa dica»

«Em determinada temporada (…) sou convocado para um encontro particular da Selecção Nacional. (…) Faço uma primeira parte fantástica, mas ao intervalo começo a sentir-me cansado e tenho medo de não aguentar o ritmo (…) O jogo realiza-se num estádio português (…) Estão lá um médico e um massagista de um clube onde jogo (…) No intervalo, peço a esse médico para me dar uma das suas injecções de doping. Saio do balneário da Selecção, sem que ninguém se aperceba, e entro numa salinha ao lado. É aí que me dão a injecção pedida por mim. Volto a frisar que ninguém da Selecção se apercebeu»

Segundo os comentários dos leitores do MaisFutebol, o clube em causa é o Boavista:

Como já foi dito anteriormente o clube a que Fernando Mendes se refere é o Boavista de 91/92 com um bom plantel que iria terminar em 3º lugar na liga. O treinador belíssímo era Manuel José e o presidente carismático Valentim Loureiro. Na 1ª ronda da Taça Uefa o Boavista elimina o Inter que contava com três campeões do mundo no Italia'90, Brehme, Matthaus e Klinsmann. Nessa época Portugal realizou dois amigáveis em casa, contra a Espanha em Torres Novas e contra a Holanda em Faro. O presidente da Liga de Clubes era na altura Valentim Loureiro!

Boavista ou FC Porto. Quando li essa notícia vieram-me logo esses 2 clubes à cabeça. Até porque no Sporting não ganhou nada, nos lampiões nem jogou. Logo só podem ter sido esses clubes.

Aqui, ele iliba o “grande” onde isso poderia ter sucedido.
http://desporto.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1389032

Fernando Mendes não revelou o nome dos clubes em causa, tendo sido aconselhado pelo advogado a não o fazer. Mas em declarações ao PÚBLICO ilibou os três “grandes”: “Não vi nada disso nos ‘grandes’”, afirmou Fernando Mendes, que negou também ter assistido a actos de dopagem na selecção, embora no livro conte que num jogo particular por Portugal pediu ao massagista do seu clube para lhe dar uma injecção ao intervalo.

Por exclusão de partes, é só para dar ainda mais porrada quem já está lá muito em baixo (o clube da cafeína).
É o género chamar a atenção para mim, insinuando que estou a falar de alguém muito importante e que vou abanar com isto tudo.
Mas como tenho medo, venho logo desmentir que possa estar a acusar quem manda nisto tudo.
E que estou é dar mais pontapés a quem já está no chão completamente KO.
É tão credível que até quanto à selecção se desmente.

Deve ser o Boavista! :think:

Nos corredores do Bessa sempre se falou na manutenção da equipa de ciclismo sem grandes resultados porque esta era um laboratório perfeito para testar e aperfeiçoar técnicas de doping, técnicas essas usadas depois no futebol profissional, isto falava-se no Bessa mas obviamente não pode ser confirmado, no entanto estas palavras do FM vêm revelar muita coisa! :arrow:

acho que não percebeste o que o FM disse… devias reler um bocadinho melhor!

obviamente que ele se está a referir ao Boavista e não pode dizer o nome por razões obvias!

Como percebeste, explica, se quiseres, claro.
Já agora, acrescenta quais são essas razões óbvias que o impedem de chamar os bois pelos nomes, retirando logo do leque de possibilidades 3 clubes.

o leao06 explicou logo as pistas no 1º comentário… é a única equipa que encaixa na descrição!

quanto a não chamar os bois pelos nomes, para além de ser ponto comum no futebol português (conheces algum caso? é tudo tipo Octavio Machado) também me parece que assim se está a defender e que será dificil provar em tribunal que ele se estava a referir ao boavista, livrando-se desta forma de um processo em cima!

Ah, eu não tinha percebido que era o Boavista…
Não sabia que não tinha percebido.
Obrigado.

Quanto aos nomes dos bois.
Esse é um problema do futebol português.
Toda a gente fala, fala, mas ninguém diz nada.
Não estou a falar de ti ou de mim.
Não somos (pelo menos eu não sou) ninguém no mundo da bola.
Estou a falar de quem andou ou anda lá dentro.
Muito dizem que há doping, que há corrupção (compra de árbitros e de adversários), que há resultados viciados, que não há verdade desportiva?
Quem? Quando? Onde?
Aí são todos uns Octávios Machados.
FM não diz que é o Boavista, mas dá tantas dicas que só pode ser o Boavista.
Com algumas dicas, ainda poderia ser o Porto.
Mas ele até se apressou a excluir o Porto.
O que é que ele quer?
Acusar e penalizar alguém a sério? Não.
É só conversa fiada, para nós lermos e comprarmos aquele peixe, com a agravante de que como o Boavista está na mó debaixo ninguém lhe vai responder. Os álvaros bragas júniores e os loureiros têm mais com que se preocupar do que com estas postas de pescada.

pois é para mim é o porto, não acham estranho só existirem jogadores no porto que são carecas, principalmente os do meio campo??? será da àgua do banho??? :lol: :lol:

semedo, jaime pacheco, jaime magalhães, andré, bandeirinha, pepe, raul meireles, etc???

Já agora o treinador do Olímpico do Montijo está a promover a sua obra literária à força toda.
E chega, claro, ao Sporting.
Aqui já parece que não tem medo de ser explícito e de chamar as coisas pelos nomes.

http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?contentid=1809F286-1881-44B6-AEE0-697C8B344A7C&channelid=00000012-0000-0000-0000-000000000012

"Num dos estágios do Benfica em Lisboa, os três russos [Yuran, Kulkov e Mostovoi] tinham um esquema bem montado. Durante a noite, ia parar à porta do hotel uma carrinha carregada de prostitutas com o objectivo de tornar o estágio mais divertido", esta é mais uma das polémicas abordadas pelo ex-jogador Fernando Mendes no livro ‘Jogo Sujo’, que fala também de doping no futebol português e [b]das ameaças de que foi alvo por parte de Sousa Cintra[/b].

Ele diz que os efeitos secundários do doping lhe estragaram a vida pessoal, mas até agora não vi em lado nenhum em quê. Suspeito. As cenas de tortura que se passaram num estágio da selecção nacional entre jogadores do Porto e prostitutas (as mulheres foram espancadas e queimadas com cigarros) devem-se também às merdas que esses gajos tomaram. Ficam completamente passados dos “cornos”. Não é um problema exclusivo do futebol. Nos EUA há sempre muitos problemas com atletas profissionais. São comuns casos de violações e violência doméstica. Os tipos são “formatados” para terem agressividade dentro do campo que depois mantêm fora do terreno de jogo. Não existe um “botão” para desligar a agressividade.

Good point! :great: :think:

se alguma vez se quiser acabar com o doping no futebol basta ordenar que as camisolas de todos os jogadores intervenientes numa partida sejam recolhidas e analisadas.
claro que há doping no futebol e que se faz vista grossa, hummm… se calhar estou errado numca houve doping numca houve um jogo viciado, numca houve um (sistema) isso é fruto da minha imaginação.
quanto ás analises das camisolas para testar residuos de substancias no suor, não tenho conhecimento clinico para garantir que seria um metodo eficaz mas deduzo que toda e qualquer substancia que o organismo tenha possa ser controlado dessa forma.

quando eu disse no 1º comentário que não tinhas percebido referia-me à história da selecção… foi bem claro que na selecção nunca houve dopping, ele até diz que saiu da sala sem darem por ele para ir à sala ao lado ter com o massagista do clube dele… ou seja quando dizes isto:

não percebeste o que estava escrito no 1º comentário do tópico!

Ah, porreiro :boohoo:

as práticas na cidade do porco eram idênticas em todos os clubes

futebol corrupto do porco (mamou quantos titulos com jogadores dopados?)
boamerda fc ( o tal café, e a canela até ás pestanas)

UMA VERGONHA
CAMBADA DE FDP

AO lado animais e escumalha
lá em cima batoeiros
é fodido ganhar
POR ISSO É QUE TEMOS SEMPRE QEU SER MUITO MELHORES, MELHORES NÃO BASTA.

SPORTING SEMPRE 10RGULH0

A NOSSA HISTÓRIA COMO CLUBE HONRA TODAS AS NOSSAS CONQUISTAS

Fernando Mendes: um caso de polícia

Embora o povo tenha por costume dizer “mais vale tarde do que nunca”, confesso que, em algumas situações, não defendo o adágio popular. Compreendo o arrependimento que todos sentimos quando, em consciência, verificamos que errámos em determinado momento, mas admito que me fazem confusão as pessoas que, durante largos períodos, convivem serenamente com a ilegalidade, a batotice, e só passados anos e anos é que consideram ser útil denunciar o que sabem ser comportamentos irregulares.

Vem tudo isto a propósito do lançamento do livro “Jogo Sujo” do antigo futebolista Fernando Mendes. Em traços gerais (não li a obra na sua totalidade porque ainda não está à venda nas livrarias), o ex-lateral esquerdo faz uma viagem pela respectiva carreira e denuncia o uso sistemático de “doping” em alguns dos clubes por onde passou. Segundo a explicação do próprio foram retirados do livro os nomes de vários protagonistas de modo a evitar alguma agitação normal nestes casos. Porém, basta ler algumas passagens (foi o que fiz) para perceber que Mendes visa, pelo menos, dois emblemas. As dicas que nos oferece são fáceis de decifrar. Por exemplo: tente descobrir quantas vezes é que o jogador defrontou, nas competições europeias, equipas que possuíam no plantel três campeões do Mundo ou, noutra situação, quantos particulares disputou em Portugal (sendo titular e alinhando na segunda parte) ao longo das suas 11 internacionalizações, já que numa delas confessa que abandonou, ao intervalo, o balneário da Selecção para, com o auxílio de alguns elementos clínicos do seu clube do momento, ganhar “ânimo” para a segunda metade…

Não coloco em causa a veracidade de nada do que surge no livro. Aliás, duvido imenso é que o relato de Mendes conte verdadeiramente tudo o que testemunhou no mundo do futebol. Tenho a certeza que sabe mais, muito mais. Sobre o “doping” e sobre outras coisas. Estamos a falar de um dos futebolistas com percurso mais completo entre as principais equipas nacionais. Lidou de perto com muitos jogadores, treinadores, dirigentes, médicos e massagistas. Dificilmente não conseguiria escrever um livro maior. Ou diferente, abordando mais experiências colectivas ou individuais. Mas, quem sabe, talvez isso tenha ficado para uma segunda incursão nas lides da escrita…

Para alguns, a começar pelo próprio, Mendes está a fazer um grande favor ao futebol, denunciando que nem “tudo é bonito” na modalidade. Discordo desta conclusão, admitindo que, efectivamente, o desporto-rei, em Portugal e em qualquer ponto do Mundo, está longe de ser um mar de rosas. Mas, sinceramente, há alguma actividade que envolva tanto dinheiro e esteja imune a jogadas de bastidores? Para mim, Mendes, mais do que tudo, está é a cuspir no prato onde comeu, parecendo querer vingar-se de alguém.

Ao confessar tudo isto mas ao admitir que, provavelmente, voltaria a repetir, Mendes nem sequer cumpre os requisitos do tradicional “arrependido”. Faz lembrar os ciclistas que, um dia, acordam e resolvem assumir que se doparam anos a fio. Curiosamente, só lhes dá esse “click” quando são apanhados no controlo ou, em alternativa, denunciados por alguém. E depois lá vem aquela coisa de que todos alinhavam, ninguém questionava a situação, etc, etc.

Mendes tem orgulho na carreira que fez. Pelos vistos considera que não há problema em ser batoteiro, em passar a vida a tomar compridos e a ser injectado com substâncias das quais só sabe o nome de algumas ou a ver jovens jogadores servirem de cobaias para as experiências dos graúdos. Orgulho devia ter tido era para, na altura devida, directa ou indirectamente, denunciar o que sabia.

Mas, perante a gravidade do que li em determinadas passagens - e independentemente do juízo que possamos fazer sobre Fernando Mendes -, espero é que as autoridades competentes não se limitem a assobiar para o lado. O Ministério Público e a Federação Portuguesa de Futebol não podem ficar quietos. E personagens como Laurentino Dias ou Luís Horta não devem ficar caladas. A menos que, de facto, não dê jeito nenhum mexer num “embrulho” que, para além de colocar em causa a verdade desportiva em determinados períodos, devia servir para mandar “de férias” muito boa gente…

Luís Avelãs

Bem que podem chamar pelos Laurentinos Dias ou Herminios Loureiros ou quem quiserem… o homem diz umas barbaridades, arma-se em herói que desvenda um crime (como se ele também não fosse culpado), ganha uns trocados com o livro (porque o objectivo não é outro senão dinheiro), na volta ainda faz uma nova publicação quando o graveto do primeiro estiver a acabar e no fundo toda esta estória não vai passar dos posts de blogues, das opiniões dos colunistas e do baú de memórias. Até aparecer outro alguém que acorda um dia e se lembra que se calhar até era estranho fazerem “festas privadas” onde até apareciam senhores do apito, mas como andava tudo feliz achou por bem esperar 20 anos para falar.