Desloquei-me ao Olival para assistir à partida dos nossos júniores frente a um adversário directo e fiquei com um sabor agridoce, se me permitem tal expressão. Não costumo por impossibilidade e sobretudo tempo, acompanhar directamente as nossas camadas jovens, mas desta vez tive essa oportunidade e não a enjeitei e não fiquei arrependido.
Uma tarde de sol, com algum vento no Olival e com a presença de algumas figuras mediamente conhecidas da nossa praça, alguns deles, porventura numa ideia de análise e prospecção de possíveis reforços para as suas equipas. Vi entre outros, Lito Vidigal, Tulipa e Rui Correira. Mesmo acima de mim, estavam Antero Henriques (braço direito de Pinto da Costa), Rui Cerqueira e Luís Castro. Do Sporting não vislumbrei ninguém, ou se estava alguém, não consegui ver.
Tinha referido que tinha ficado com um sabor agridoce acima e porquê? Porque vi um desnível elevado entre as duas equipas, com um Sporting com clara superioridade e maior qualidade que o adversário e atendendo aos acontecimentos, com uma oportunidade única para vencer o jogo. Nisto, José Lima foi bastante cauteloso, não querendo arriscar mais, preferindo manter a segurança da equipa. Quer-me parecer que um pouco mais de forcing final e teríamos vencido o jogo, o que poderia ser decisivo para a nossa campanha até final. É rezar para que esta falta de ambição não se venha a sentir na parte final da temporada, quando for tempo de fazer contas.
Uma primeira parte bastante equilibrada, com algum ascendente do Sporting, uma segunda parte mais fraca mas também ela com maior ascendente do Sporting que teve oportunidades para vencer a partida e consentiu o empate, através de dois erros defensivos (a meu ver, o calcanhar de aquiles da nossa equipa). Da nossa parte, palavra especial para o nosso meio campo, claramente o nosso sector mais forte, e preocupação a nível defensivo onde os dois centrais brasileiros e mesmo os laterais, não oferecem segurança a um “senhor bicho” de nome Golas, que é um autêntico panzer e que me impressionou por ser um óptimo guarda redes.
O Porto fazia-me lembrar o Boavista, na maneira aguerrida e algo dura de abordar os lances, aposta no mesmo sistema táctico que a equipa sénior, com um ponta de lança forte e alto, bom cabeceador, dois extremos tecnicistas (Chula, o nº 7, uma tentativa da parte dele de ser um Quaresma 2), dois médios centros, um mais em contenção, outro mais organizador, um bom lateral direito (Valter Fernandes), mas de resto, uma equipa no geral ao nosso alcance. Continuo a pensar que tinhamos capacidade para vencer esta partida.
Análise individual:
Vitor Golas: Um autêntico panzer. Um bicho na baliza com um corpanzil impressionante. É um guarda redes imponente, com bastante talento, com boas capacidades, esteve sempre seguro e comunicativo com o seu sector defensivo. Parece-me uma boa aposta a nível futuro, apesar de ainda ter que progredir;
Rui Figueiredo: Achei que deu sempre demasiado espaço no seu flanco, não me parece mau a defender, nem muito acutilante e ambicioso a atacar. No entanto, esteve sempre atento e determinado produzindo uma exibição regular;
Weliton Matos: Não é um central muito tecnicista e vislumbrei-lhe alguns erros. Faz lembrar Rolando, a nova contratação do Porto, antes quebrar que torcer. Tal como o seu parceiro, apesar de uma exibição razoável, não oferece grande segurança a nível defensivo;
Vinicius Golas: Outra exibição razoável, apesar de muitas falhas de comunicação. Esteve forte, seguro, teve falhas que poderiam ter sido comprometedoras, mas não esteve mal. Porém, não me parece tal como o seu companheiro, um jogador de futuro para o Sporting;
David Santos: O típico jogador que não aparece muito. Cumpriu, defendeu bem e produziu uma boa exibição;
André Santos: Um verdadeiro senhor. Muita classe nos pés, cabeça levantada a jogar, liderança da equipa, foi um jogador que me impressionou positivamente. É um trinco de grande qualidade, fazendo lembrar em alguns momentos, Paulo Sousa. O meu MVP
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William Owuso: Ao olhar para a maneira como actua, só um nome nos fica na retina: Patrick Vieira. É praticamente uma cópia. Outro jogador com uma enorme qualidade, condução de bola muito boa, disponibilidade física assinalável, é outro jogador a reter;
Vivaldo Arrais: O levezinho do nosso meio campo. Bom pé esquerdo, boa condução de bola e boa visão de jogo, parece-me no entanto, algo frágil a nível físico. Pensava que seria extremo, mas jogou muito bem como interior e marcou um óptimo golo de livre, de deixar alguns cromos da equipa sénior, de boca aberta ;
Marco Matias: Olhar para ele e não nos lembrarmos de um misto de Quaresma e Ronaldo é crime. Velocidade, técnica, irreverência, um contra um é tudo aquilo que, bem trabalhado, pode sair numa nova fornada de extremos de qualidade da academia;
Wilson Eduardo: Eficácia de assinalar. Teve três remates: um deu golo (bom), outro uma boa defesa de Ruca e outro a rasar o poste. Fora isso, uma mobilidade de assinalar, boa capacidade de segurar a bola e disponibilidade em ajudar a equipa. :great: ;
Bruno Matias: A desilusão. Vê-se no primeiro instante que tem qualidade com a bola nos pés, mas tem tanto disso como alguma displicência e alguns excessos de vedetismo. Muitas vezes apagou-se do jogo porque quando decidia aparecer, criava perigo;
Diogo Rosado: O Fernando Torres do meio campo, esquerdino. Outro com potencial enorme, com muito futebol naquele pé esquerdo, mas com pouco para mostrar na tarde de sábado;
Diogo Viana: Quando o vi a aquecer ainda antes do jogo começar, vi nele um ar comedido, algo nostálgico, parecia algo perdido no mundo. Ontem percebi porquê… Quando entrou, teve um bom par de iniciativas, é um extremo rápido e com boa capacidade técnica, mas também actuou pouco tempo;
Tiago Pedrosa: Substituiu o lateral esquerdo e teve pouco para mostrar.