Fotos não tenho, nem estou com muita pachorra para aturar os argumentos revisionistas de Pinhão/Vasconcelos.
O one_o_six disse praticamente tudo: nenhum clube se pode gabar de ter as mãos limpas nesse período.
O porco talvez tenha ficado um pouco melhor na fotografia, mas só porque estava mais longe do poder central.
Os andrades bem gostariam de se ter colado, mas a geografia (sem A1, net ou Alfa pendular) era tramada.
O regime de Salazar aproveitou-se à fartasana do sucesso da lampionagem nos anos 60.
Essas vitórias internacionais vieram mesmo a calhar para a ditadura, porque havia uma guerra colonial e o grande obreiro ou símbolo do sucesso (que, acho, até nem estava na 1ª conquista europeia) é justamente originário das colónias.
Insébio é um português do Portugal de Salazar, que se estendia do Minho a Timor, passando por África e pela Ásia.
Ao contrário dos terroristas de Angola/Moçambique/Guiné que tinham pegado em armas para combater, o Insébio só servia a única pátria portuguesa e dava a cara e os pés (para além das outras partes) por aquela ancestral unidade cretina.
Insébio foi um caso de sucesso da integração dos africanos por Portugal e foi um excelente cartão de visita para uma ditadura que explorava as colónias, não aceitava descolonizar e até mantinha uma guerra absurda.
Portugal educou o Insébio e ele correspondeu naquele clube da metrópole, elevando o nome de Portugal no mundo e demarcando-se dos indígenas que lutavam contra Portugal.
E tanto assim foi o próprio Insébio relata ter sido impedido por Salazar de ir jogar para Itália:
Eusébio conta com mágoa a sua conversa com Salazer que e plenos anos 60 não permitiria em nome dos superiores interesses da pátria que a pantera, extensão futebolística de um Império Ultramarino, saísse do Benfica e abandonasse o país para ir jogar em Itália. Eusébio era, dizia, património nacional, pelo que seria impossível a sua saída. (Nesta matéria, a fonte é capaz de ser insuspeita: [url]http://www.serbenfiquista.com/forum/index.php?topic=102.0;imode[/url])
Isto escorregou da boca do Insébio, que, inteligente como é, nem percebeu a alarvidade do que estava a dizer: Salazar chama-o e diz-lhe boca-a-boca que tem de continuar a defender a pátria em guerra na agremiação de carnide, mostrando ao mundo civilizado como os africanos eram todos tugas e só havia um punhado de terroristas que haviam pegado em armas.
Claro que os pinhões e os vasconcelos agarram-se ao facto de, noutra ocasião, o mesmo Insébio dizer que não foi para Itália porque os portões do calcio se fecharam aos estrangeiros.
Esquecem-se que, aí, ainda foi mais fácil para os ditadorzões: nem tiveram de interferir, porque, se já o tinham feito, fá-lo-iam de novo se necessário.
Isto é: quando esteve mesmo à bica, Salazar impediu.
Quando não foi necessário mexer uma palha, deixou correr o marfim, mas obteve o mesmo resultado: Insébio continuaria a ser o símbolo do circo na arena internacional, com a passarinha ao peito.
Quanto á saudação nazi, romana ou olímpica, ou o raio que o parta.
Cá, todos (ou quase) a fizeram, principalmente à pala da mocidade portuguesa.
E as equipas de futebol dos grandes tb.
E até a selecção da mui livre e democrática Inglaterra a fez:
http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/magazine/3128202.stm