Excertos da entrevista de Rui Jorge ao Sportugal

O que sentiu quando soube que não lhe iria ser renovado o contrato com o Sporting, após 7 anos de grande profissionalismo pelo clube? (Joana Martins-Lisboa)

Acima de tudo custou-me muito, porque soube da situação através de um jornalista e confesso que nessa altura foi um choque muito grande porque não estava à espera. Quando me foi comunicado oficialmente, já tinha “amadurecido” a decisão do Sporting, mas é evidente que custa sempre. Felizmente sempre tive alguma facilidade em ver o “outro lado”, o lado do treinador e da direcção, e todos têm que tomar opções e os jogadores, mesmo que não concordem, têm que as respeitar. Foi isso que eu tive que fazer, mas nós vamo-nos preparando ao longo da carreira para situações destas, embora tenhamos sempre a esperança de que não aconteça connosco

Tirando o Pedro Barbosa, qual foi o melhor jogador em todos os sentidos que encontrou no Sporting? (Paulo Diego-Alcobaça)

Tirando o Pedro Barbosa, quer dizer que já o considero o melhor jogador. Mas de qualquer maneira não gosto de individualizar os meus companheiros. Seria falta de respeito com os outros, ainda por cima porque passaram lá excelentes jogadores como o Schmeichel, o Liedson, o Jardel, o Paulo Bento, inúmeros… E a minha visão não é propriamente a do comum adepto, há jogadores de determinadas posições que não davam muito nas vistas e que eu considerava grandes jogadores.

Voltou a falar com José Mourinho depois da história da sua camisola rasgada em Alvalade? Como caracterizaria a personalidade daquele que é considerado o melhor treinador português? (Rui Silva-Chaves)

Não, não voltei a falar com ele. Eu trabalhei com ele, quando era adjunto de Robson no FC Porto e sempre tive uma excelente relação com José Mourinho, inclusivamente de alguma proximidade. Quando assim é, e pensamos que as pessoas nos conhecem minimamente, ficamos um bocadinho mais sentidos quando têm atitudes de que não gostamos. Foi isso que se passou em relação a mim, não gostei e não esperava a situação que ocorreu. Não achei justa e talvez por isso tenha ficado mais sentido, mas não há mais para dizer sobre isso. O José Mourinho é um excelente condutor de balneário e faz os jogadores acreditarem naquilo que ele acredita. Isso é meio caminho andado, além das qualidades técnico-tácticas que tem que se ter. Mas, acima de tudo, a grande mais valia dele é a capacidade que tem para liderar.

Como vê o facto da estrutura do futebol do Sporting estar a ser “dominada” por antigos companheiros de equipa? Será positivo, a longo prazo, para o clube? (Ricardo Cardoso-Barreiro)

Acho que o Sporting está no bom caminho. É uma situação que em tempos se passou no FC Porto e agora o Sporting está a fazer algo do género. Não estamos a falar de jogadores quaisquer, estamos a falar de ex-jogadores que têm capacidade para desempenhar as funções que ocupam neste momento. Pelo gosto que têm pelo Sporting e por conhecerem muito bem os meandros do futebol e do clube, acho que o Sporting está no caminho correcto.

De todos os treinadores que teve na sua carreira (muitos são grandes nomes do futebol mundial), houve algum que o marcou especialmente ou que veja como modelo a seguir nesta nova etapa como treinador dos juniores do Belenenses? (Afonso Dias-Famalicão)

Quase todos os treinadores me marcaram, pois tive uma boa relação com todos, excepto o mister José Peseiro. Mas com todos eles aprendi coisas, incluindo com o Peseiro. Foram todos uma etapa muito importante na minha aprendizagem, e mantenho com muitos deles uma excelente relação, e isso é uma das coisas que me faz feliz no futebol.

Gostaria de saber qual foi o campeonato mais importante dos sete conquistados na sua carreira, aquele que deu mais gozo conquistar e porquê… José Fernandes (Guarda)
Todos eles fizeram parte dos momentos felizes que não gosto de enumerar, mas obviamente que me recordo do primeiro ano em que fui campeão pelo FC Porto, dos momentos a seguir ao jogo. É claro que me lembro de todos eles, mas o primeiro título conquistado no Sporting, ao fim de 18 anos de jejum do clube, também me lembro de virmos no autocarro desde Salgueiros, sempre com pessoas atrás. Nomeei estes dois por serem de clubes diferentes, e por em ambos os casos as duas cidades terem vivido estes momentos com grande alegria e entusiasmo.

O Rui Jorge jogou seis épocas no FC Porto. Como explica o grande sucesso alcançado pelo clube, principalmente desde que Pinto da Costa assumiu a presidência, e o que diferencia o FC Porto de Benfica e Sporting, que ganharam bastante menos títulos nas últimas duas décadas? Rui Carlos (Lisboa)

Explica-se pela vontade de dar tudo pelo clube, de as pessoas sentirem o emblema, de não facilitarem nos treinos e em nada quando estão empenhados em ser profissionais de futebol. Era uma estrutura bastante fechada e que defendia intransigentemente o clube. Por vezes não se passava o mesmo nas outras equipas, mesmo tendo melhores valores individuais (e nós no FC Porto tínhamos consciência disso), na verdade não conseguiam ser melhores em termos colectivos. O segredo do sucesso era o colectivo, em detrimento do individual, e isso nota-se um pouco. Os grandes jogadores estão sempre no Sporting e no Benfica, e no FC Porto é raro um futebolista sobressair muito, porque o colectivo funcionava mais do que nos outros lados.

Independentemente de Rui Gosma ser tudo menos um anjinho a entrevista dá indicios do que sempre disse de Peseiro: até tem coisas a “ensinar”, mas não tem capacidade de gerir relações com jogadores.

Eu também fiz uma pergunta ao rui… É aquela do tipo da Guarda. :smiley:

Comentários a esta entrevista? :?:

Tenho pena que o Rui Jorge dê entrevistas a escumalha como o sportugal.pt! :arrow:

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