As saudades que eu tinha de uma vitória assim tão confortável.
Não é de certeza coincidência que o Sporting tenha voltado a jogar à bola no mesmo jogo em que Rochemback volta à equipa. Rochemback é um jogador que joga e faz jogar, raramente complicando. Pena é que todos os jogadores que tentaram assumir este papel antes dele tenham falhado (o que mais perto teve de o conseguir, terá sido Rogério, em Viena), algo que torna a equipa excessivamente dependente de um único jogador.
Também me deu a ideia de que a entrada do brasileiro na equipa fez com que outros jogadores se libertassem mais (talvez até psicologicamente). Hugo Viana foi exemplo disso mesmo, tendo feito a exibição mais conseguida da época, aparecendo bem mais solto e participativo na partida.
Ainda em plano positivo, mantém-se Douala. Continua a ser dos jogadores que mais desequilibra no ataque, tendo uma particularidade que me agrada bastante, que é o facto de ser um jogador extremamente combativo. Se Liedson também o é, não deixa de ter para mim o defeito de ser um jogador que procura demais a falta, caindo no relvado ao mínimo contacto; Douala, pelo contrário, prefere seguir os lances até que realmente seja impossibilitado de o fazer.
Falando de Liedson, foi outro dos jogadores fundamentais nesta vitória, tendo ainda tido tempo para falhar alguns lances que deveriam ter dado golo. Mesmo assim, fosse sempre este o seu aproveitamento e o Sporting teria mais razões para optimismo no que diz respeito à finalização.
No plano mais negativo, terá estado Rogério, com um jogo algo fraco, apesar de ter feito uma assistência muito boa, e Enakarhire que continua para mim a ser um gigantesco equívoco naquela ala-direita. Ontem viu-se bem as dificuldades que teve para travar os ataques do Estoril por aquele lado, sendo constantemente dobrado pelos colegas. Esteve ainda bastante mal no lance do golo do Estoril, sendo batido de uma forma extremamente fácil, sem que se fizesse sequer ao lance. Aliás, nesse lance, qualquer um dos laterais do Sporting esteve bastante mal. A passividade de Paíto perante o jogador do Estoril que cruzou a bola não poderia ter sido maior. Juntando a este lance, Paíto teve outros que fizeram com que a sua exibição estivesse longe de ser positiva. O moçambicano parece estar a perder algum do gás com que começou a pré-época, aventurando-se menos no ataque e continuando a não acertar assim tanto na defesa. Seria tranquilizador ver algumas melhoras.
De resto, os centrais do Sporting estiveram bem, sobretudo Beto que me parece num bom momento de forma; Ricardo teve pouco trabalho, mas continua a ser o último a perceber onde a bola vai cair aquando de um cruzamento para a área; Custódio esteve igual a si mesmo, raramente arriscando sair daquela zona que lhe é tão querida, pertinho dos centrais e longe do ataque. Dos jogadores que entraram, pouco há a destacar, sem ser aquele bom lance de Tinga em que quase fez esquecer o facto de ser normalmente um jogador bem trapalhão, pouco mais há a acrescentar.
E, cumprida a obrigação, fica agora a dúvida sobre se será esta exibição uma excepção à regra, fruto também de termos tido um adversário que me pareceu algo frágil, ou se vêm aí melhorias. Pelo que até agora tenho visto, não há grandes razões para optimismo, se bem que tenha algumas esperanças que a chegada de Rochemback possa ajudar seriamente na inversão do estado das coisas. Qualquer sportinguista se lembra de como Jardel conseguiu por si só dar a volta completa a uma época que parecia perdida já nas primeiras jornadas, salvando a cabeça de um treinador de qualidade muito discutível. Repetir-se-á a história? Aguardemos para ver.