Peço desculpa pelo post gigantesco, e também não sabia onde por isto, por isso, cá vai disto :S
"Pinilla
“Se fosse hoje não saía do Sporting!”
RAFAEL TOUCEDO, em Edimburgo [Escócia]
Época e meia no Sporting, com momentos fantásticos e outros horríveis - eis a história do chileno Maurício Pinilla em Alvalade. Foi uma promessa que acabou por não vingar. Em entrevista a O JOGO, o avançado, agora ao serviço do Hearts, reconhece erros da sua parte, justificados pela instabilidade emocional que vivia na altura - que só agora resolveu - e que o levou a tomar muitas decisões precipitadas na sua carreira, tal como a do abandono quando, no entanto, acreditava que ainda tinha muito para dar aos leões. Apesar do curto período de passagem pelo Sporting, Pinilla sente grande afecto pelo emblema de Alvalade e… arrependimento pela saída.
P | A sua passagem pelo Sporting ficou marcada por grande irregularidade, altos e baixos, polémica sobre a sua vida pessoal… O que é que recorda dessa experiência e desse tempo?
R | Do Sporting, recordo tudo de positivo. Tenho carinho por todos os clubes por onde passei, mas o Sporting é especial… além de Portugal ser um país maravilhoso e ao qual adorava voltar um dia. O Sporting é um clube espectacular. Tudo o que lá vivi e aprendi foi positivo.
P | Mas, na prática, nem tudo foi positivo. Acabou por sair sem triunfar…
R | Recuperei de uma lesão num joelho e custou-me voltar a entrar na equipa. Entretanto, iam subindo jovens e as portas da equipa inicial começaram a fechar-se. Mas não tenho qualquer ressentimento. Tratei sempre de dar o máximo e as pessoas sabiam que eu em campo dava tudo, corria e lutava ao máximo. Tenho boas recordações de toda a gente e estou muito contente por ter vivido essa experiência tão linda. O Sporting, além de ser um grande clube, é uma grande família, onde as pessoas se preocupam umas com as outras.
P | Se gostava tanto do Sporting, como justifica a saída a meio da temporada 2005/06?
R | Chegou uma altura em que falei com o técnico [Paulo Bento] e vi que não ia contar comigo na segunda metade da época. As pessoas de fora estavam muito contentes comigo, mas o treinador não, e então decidimos que, se não contava comigo, ia-me embora. E fui, com muita pena, porque sabia que podia fazer muito mais pela equipa. Estava em alta e, quando chegou, Paulo Bento cortou-me a ascensão e a boa sequência depois da operação. Não o culpo a ele, são coisas do futebol… Surgiu a possibilidade de voltar a Espanha e fui para o Racing de Santander. Os jogadores sempre querem jogar, e não ia ficar só pelo dinheiro, amo o futebol e queria era jogar. Fui triste. Mas estou arrependido por ter saído.
P | Pode-se dizer que Paulo Bento foi o “responsável” pela sua saída?
R | Não gosto de falar mal dos treinadores. Tive muito boa relação com Peseiro, por exemplo, e também alguns desentendimentos, mas é o normal. Todos querem jogar e é o treinador que escolhe. Às vezes não aceitava porque queria jogar, sabia que estava em boa forma, estava ansioso por jogar e custava-me aceitar ficar de fora. Normalmente é o jogador que faz, com o seu trabalho, com que jogue ou não, mas outras vezes tem a ver com o treinador…
P | Porque é que, se fosse hoje, a sua decisão seria diferente?
R | Na altura passava por um mau momento psicológico e as minhas decisões eram apressadas. Sabia que podia triunfar no Sporting. São experiências de vida que acontecem, serviram-me para ser a pessoa que sou agora. Se fosse hoje e estivesse no Sporting, não me ia embora!"
"Vitória sobre o Rangers: sim ou sim!
O Glasgow Rangers, adversário do Sporting nos quartos-de-final da Taça UEFA, é um clube que Pinilla conhece bem da liga escocesa. Para o chileno, os leões vão qualificar-se “de certeza absoluta”, baseando a sua opinião na diferença de talento entre as duas equipas. “É sim ou sim! O Sporting qualifica-se. Pela sua qualidade e porque se dedica realmente a jogar futebol. O Rangers é muito mais agressivo, mais forte, mas técnica e tacticamente o Sporting é melhor. Eles estão em primeiro do campeonato escocês, pois têm uma equipa forte que acaba por depender muito de um par de avançados e de uma defesa forte. Para o Sporting, a jogar bom futebol, será impossível perder”, comentou o atacante, ainda ferrenho torcedor dos leões, e que estará presente no Estádio de Ibrox, amanhã à noite, vestido de verde e branco. Hoje, porém, já deverá rever amigos no clube, pois em princípio assistirá à sessão de treino orientada por Paulo Bento já em terras escocesas."
"Agora sim: já me sinto preparado para triunfar
O futuro de Pinilla está dependente do Hearts, clube com o qual tem contrato até ao fim desta temporada, com opção por mais quatro. O clube e a liga não são os preferidos de Pinilla, mas o avançado chileno tem uma dívida de gratidão muito grande para com o Hearts, e, como tal, quer respeitar as suas intenções no que toca ao futuro.
“Cá, no Hearts, estou muito contente. Passei por muita coisa na minha vida e este clube deu-me a possibilidade de recuperar psicológica e animicamente. Não tenho jogado, por causa das lesões, mas, mesmo assim, estou contente, quero agradecer-lhes”, frisa o chileno.
Durante esta temporada Pinilla chegou a pensar deixar o futebol por causa de uma crise que atravessava, derivada do seu momento a nível desportivo e pessoal (separação da mulher e consequente afastamento da filha), mas o Hearts providenciou o seu internamento numa clínica de recuperação psicológica em Marbella (Espanha) e ainda hoje paga três mil euros todas as semanas para que uma médica da citada clínica se desloque a Edimburgo para acompanhar a sua evolução: “Tinha crises de ansiedade, estava muito mal, devido a uma depressão. As coisas corriam mal pessoalmente, desportivamente até sozinho me lesionava… não sabia o que fazer, ainda pensei em deixar o futebol e dedicar-me a negócios, mas depois chegou uma altura em que decidi que não podia deixar a modalidade. Cheguei a acordo com o clube e fui para uma clínica. Estive lá seis semanas internado e percebi o que queria fazer da vida e por isso estou muito contente. Estou à disposição do Hearts. Tenho sítios para onde ir e fico contente porque os clubes continuam a valorizar o que eu posso dar no futuro. Mas só penso no Hearts, devo muito a este clube. Se quiserem accionar a opção de renovação por mais quatro temporadas, fico!”
Posto isto, e com o processo de recuperação na sua fase final, Pinilla assegura estar, finalmente, em condições de render aquilo que prometeu: “Estou preparado para triunfar. Agora, finalmente, sinto-me em pleno. Em Portugal e em Espanha tinha problemas, às vezes não fui cem por cento profissional, tinha a cabeça cheia de dúvidas. Em alguns momentos não sabia o que fazer. Agora sim, quero jogar, triunfar, e voltar à elite do futebol mundial. Quero trabalhar para isso.”"
"Popularidade atrapalhou
Pinilla reconhece que a fama atrapalhou a sua carreira, mas diz ter aprendido com os erros: “Sou mediático no Chile e em Portugal também fui. Qualquer coisa aparece logo nos jornais. Mas agora só falo de futebol porque foi isso que fez de mim uma pessoa conhecida. Às vezes não se sabe lidar com a fama, é divertido, e, quando as coisas correm mal, rebentam contigo.”"
"Críticas “injustas” a Tello
Em Alvalade, Tello era um dos “apoios” e amigos de Pinilla, situação normal pelo facto de serem ambos chilenos num emblema estrangeiro. Para o atacante, as críticas do clube ao seu compatriota, quando este trocou os leões pelo Besiktas, no início desta temporada, não têm razão de ser: “Mantenho contacto com o Tello. A sua saída foi complicada. O Sporting esperou muito para renovar e ele teve a sua oportunidade na Turquia e aproveitou-a. O Sporting esteve até para não renovar com ele, houve alturas em que não quiseram - sei disso porque sou seu amigo - e já antes, na anterior renovação, ele tinha aceite condições mais baixas do que as que tinha. Não me parece justo que falem mal dele, afinal sempre esteve lá, foi profissional e deu tudo pelo clube, deu 100% e esteve sempre à disposição. A decisão é pessoal, por muito carinho que ele tenha pelo Sporting.”"
"Regresso a Portugal é uma possibilidade
Portugal continua a estar no horizonte de Pinilla. O chileno sabe que voltar ao Sporting será complicado, apesar da sua vontade, mas não descarta representar outros emblemas no nosso país, com excepção dos arqui-rivais leoninos, Benfica e FC Porto. E já foi alvo de contactos exploratórios de alguns clubes lusos, revela: “Adorava voltar a Portugal. Tenho muito carinho pelos portugueses, Lisboa é impressionante, e mesmo sem ser Lisboa… não quero falar de clubes, pois alguns contactaram-me, mas o mais importante é jogar. São clubes bons, mas nenhum dos grandes. Se acabar por ficar livre e tiver a possibilidade, acho que as minhas principais opções passam por Portugal. Gosto muito das pessoas e vivi lá uma experiência bonita na minha carreira. Eu, por exemplo, nunca jogaria no Benfica ou no FC Porto, porque o Sporting marcou a minha vida. Poderia jogar noutro clube ou outra vez no Sporting, mas não nos rivais históricos!” "