A demissão de José Eduardo Bettencourt lançou o Sporting em mais um momento atribulado. Dia 26 de Março tem que ser encarado como uma data fundamental para o futuro do Sporting. Sente-se, neste momento, um pesado silêncio. Por um lado, pode ser indicador que as candidaturas estão a ser ponderadas com cuidado e com estrutura. Por outro, pode demonstrar alguns “cozinhados” pouco adequados.
Enquanto sócio e adepto, a principal premissa para a próxima Direcção do Sporting é assumir um claro corte com o passado próximo. O “Roquettismo” falhou rotundamente. Negar essa evidência escolhendo mais um delfim será mais um passo para a menorização do Sporting. Para além dessa condição (que afastaria, quanto a mim, nome como Menezes Rodrigues, Rogério Alves, Godinho Lopes, etc. …), acredito que as próximas eleições deverão ser um espaço de diálogo e reflexão acerca do futuro do Sporting.
Nem tenho nomes, nem muito menos candidatos. Quero ideias, princípios, dinamismo. Mas não apenas dos eventuais candidatos. Sim, porque se o Sporting está mal é culpa tanto das últimas direcções como dos próprios adeptos. Não só aqueles que votaram esmagadoramente em JEB (apesar da sua candidatura ser um deserto de ideias, de não ter desejado participar em debates, etc. …), como também muitos outros que estão mais preocupados em apontar falhas do que em contribuir para o engrandecimento do clube. Esta cisão é tão evidente que se assume, por si só, como o maior problema que o clube (e o seu futuro Presidente) tem para resolver.
Tornou-se um cliché referir o Sporting como um clube “diferente”. E, verdade seja dita, essa cultura tem sido apanágio das últimas direcções. Esse discurso pode até ser interessante para determinadas franjas, mas fere gravemente a dimensão global do nosso clube; tendo provocado, ao longo dos anos, um lento afastar da massa adepta. É essa frieza que explica as assistências paupérrimas que vislumbramos no Estádio (que diferença, Meu Deus, de há apenas alguns anos em que mesmo não abundando vitórias, o fervor do adepto nunca faltou).
Como resolver esta questão? Criar condições para termos mais sócios (tornando a associação mais atractiva), estabelecer um regime eleitoral mais democrático (com menor peso da antiguidade). Daí poderá advir uma importante fonte de receitas, para além de contribuir para um Sporting mais multifacetado e participativo. Sei que é uma posição controversa, mas não será muito mais grave um Presidente em exercício criticar um adepto com base no seu número de sócio? Como é que um clube quer mais associados se, intrinsecamente, ignora a respectiva massa crítica?
Continuo à espera de alguém que quebre esta monotonia. Espero que surja nos tempos próximos. Não um salvador, muito menos um mecenas. Alguém que simplesmente saiba cativar a imensa massa adepta leonina para dentro do clube. Aí sim, seremos imparáveis!
Leão da Beira