Economia Portuguesa: Uma visão

Tendo prometido a dois foristas a apresentação de dados concretos que fundamentassem anteriores pontos de vista por mim defendidos, aqui ficam as ditas informações. Alerto para a diferença de anos entre estatísticas, mas, em Economia, analisando estatísticas Macroeconómicas, dificilmente um valor se altera de forma substancial. Irei comparar os dados estatísticos de Portugal com Economias de características similares, como a Grécia, a nação mais similar a Portugal do ponto de vista Macroeconómico,e Espanha, um concorrente directo ao nosso país, pela proximidade.

Elevado número de Funcionários Públicos

O Estado emprega pouco mais de 737 mil funcionários, revela a Base de Dados da Administração Pública, número que foram apresentados pelo secretário de Estado João Figueiredo. Setenta por cento destes funcionários estão ligados à administração directa e indirecta do Estado. [mundopt.com]
"Temos quase dois anos à nossa frente, pelo que não vejo razão para não acreditar que não podemos atingir os 75.000", afirmou Fernando Teixeira dos Santos, numa conferência de imprensa para apresentar o balanço das reformas na Administração Pública. A Administração Pública tinha assim 708.507 funcionários públicos em 2007, o número de efectivos mais baixo desde o ano de 1999. "O que já se conseguiu é muito importante", sublinhou Teixeira dos Santos [Público]

Tendo em conta os números apresentados, fica aqui comprovado o número (elevadíssimo) de funcionários públicos em Portugal. Mais, fica igualmente comprovada a pouca transparência do Estado neste tema, dado que são vários e diferenciados os números apresentados.

PSI-20 'emprega' 127 mil trabalhadores em Portugal 08 Maio 2006

A Sonae é o maior empregador do PSI-20, com 32 400 trabalhadores. Mesmo incluindo as operações internacionais da PT, da Jerónimo Martins, do BCP e da EDP, que são os maiores empregadores a seguir à holding de Belmiro de Azevedo, devido à área internacional.

Paraver, perguntaste qual era o maior empregador que eu tinha referido. É a SONAE. Os dados acima apresentados estão, como poderás ver pela data, errados. Agora, o número de funcionários da SONAE encontra-se acima dos 40.000. Portanto, mais um dado que eu não adulterei ou inventei para benefício argumentativo. A SONAE é a empresa privada em Portugal que mais colaboradores possui: 40.000 (tira 1000, coloca 1000).

A população activa de Portugal ronda os 5.5 milhões de pessoas.

Tendo em conta este número, fica esclarecido que o Estado Português emprega 13% (valor arredondado) da população activa.
Agora, peço desculpa, vou recorrer a um facilitismo económico (é quase um crime :lol:). Imaginemos que cada um dos FP recebe o salário mínimo (475€). Reparem que eu admito que o cálculo, na sua generalidade, está errado, mas é um erro que vale para os dois lados, porque haverá salários superiores e haverá descontos e custos adicionais.

A despesa mensal do Estado será de 332.500.000€. A despesa anual (Subsídio de Natal e Férias incluído) será de 4.655.000.000€, ou seja, em linguagem simples, 4 mil milhões de euros por ano. Este número, altíssimo, é uma falácia. O valor real, garanto-vos, surpreenderá todos.

Portanto, porque é que eu acho que Portugal deve reduzir o número de FP?


Fonte: Orçamento de Estado 2009. Gráfico elaborado por mim.

Portanto, tentando manter o tópico acessível aos que não estudaram Economia, o Estado gasta 83% da receita do IRC (imposto sobre as empresas) no pagamento de salários à Função Pública. Parece-me um valor demasiado alto para um país como Portugal, que é culturalmente ineficiente na gestão dos recursos humanos (culpa das empresas), assim como na mentalidade genérica do trabalhador português a trabalhar em Portugal (culpa dos trabalhadores). O tema é demasiado importante, mas eu não pretendo construir aqui a minha futura tese, apenas pretendo dar a conhecer os números por mim utilizados, quando construo as minhas ideias e opiniões.

No Orçamento de Estado de 2009, um documento extenso e bastante complicado de analisar, deparei-me com uma alteração nos métodos de contabilidade. Pelo que pude analisar (não tenho tempo para o confirmar, mas penso estar correcto), o Governo separou as rubricas de despesa, dividindo-as em outras sub-categorias. Por exemplo, as transferências do Estado para a Caixa Geral de Aposentações são, a partir de 2009, contabilizadas como “Transferências de Capital”, o que, como poderão raciocinar, apenas altera o “nome” do pagamento. É um método inteligente para (tentar) mascarar os gastos.

Simplificando o significado desta alteração, dou um exemplo: António Costa, presidente da CML, “vendeu” as dívidas a Fornecedores à Banca. Portanto, o que acontece? Ao apresentar o Relatório e Contas da CML, António Costa demonstra que a conta “Dívida a Fornecedores” está limpa. Na realidade, não está. O valor da dívida foi transferido para outra conta. É trafulhice, na minha opinião. É uma forma hábil de mascarar a realidade. É legal, mas, em termos políticos e tendo em conta que se trata de dinheiro dos cidadãos, é imoral e pouco ético.

Seguindo a minha viagem pelo OE 2009, continuei a somar as diferentes rubricas referentes a gastos com pessoal (transferências para a ADSE, outros custos, transferências para a CGA). O valor total, surpreendente para o comum dos observadores, ultrapassou os 15 Mil Milhões de euros, um valor exorbitante. Porém, apenas metade desse valor (cerca de 7.1 Mil Milhões) se deve a despesas directas com o pessoal (salários, bónus, bonificações contratuais). 7 Mil Milhões de Euros é muito dinheiro. Pior fica quando Portugal possui uma dívida total de 160 mil milhões de euros. 7 mil milhões de euros dá para pagar, na óptica de Sportinguistas, 1500 Izmailov’s, 1070 Pongole’s, 66 Estádios de Alvalade, 11.500 Tiuí’s. Em matéria de subsídios, os 7 mil milhões de euros dariam para pagar 14 anos seguidos de Rendimento Social de Inserção. (Previsto no Orçamento de Estado 2010).

Claro que eu não defendo o corte de 7 Mil Milhões de Euros. O Estado não sobreviveria sem Funcionários Públicos, mas será preciso 700.000? Claro que não. Aliás, o despesismo do Estado, aliado à fraca ou nenhuma competitividade dos FP (não todos, diria cerca de 40%), é claramente negativo para Portugal. Os FP têm o salário garantido todos os meses, os FP não podem ser despedidos pelo Estado (a latente falta de vergonha do BE e PCP quando ambos afirmam que Portugal segue a via neo-liberal), os FP são defendidos por Sindicatos de mentalidade conservadora e antiquada. Em suma, não existe competitividade na FP.

No seguinte gráfico, só pude utilizar números de 2000, pois faltavam valores actuais a vários países.

Fontes: Eurostat, OCDE, HMRC

Embora os dados sejam de 2000, a minha opinião não perde relevância. Vejamos, o PIB, ao longo destes anos, não tem crescido, muito pelo contrário, e a Inflação foi regular. Aliás, o valor actual será, penso, mais elevado. Os gastos com a função pública assumem uma percentagem excessiva dos impostos, sufocando a liberdade fiscal do Governo.


Fonte: Orçamento de Estado 2009; Políticas de Microeconomia em Portugal 1991-2005.

Novamente, é facilmente perceptível a excessiva despesa com os FP. O Estado Português, em importantes momentos de crescimento económico, não consegue privar-se de gastos desnecessários. Aliás, em estatística económica, é completamente anormal o crescimento de 9,5% nos custos com o Pessoal, mesmo sabendo que o PIB, num período de 5 anos, cresceu 7,4%. É durante o período Guterrista que a Função Pública cresce para números insustentáveis. Guterres, mago da Economia e do crescimento sustentável, decide contratar 200.000 funcionários públicos, deformando por completo a eficiência da FP. Guterres, fruto desse anormal incremento na FP, conseguiu distorcer o crescimento económico, empurrando Portugal, juntamente com a incompetência e fuga de Durão Barroso, para um completo tornado económico, onde a despesa assume proporções ridículas.


Fonte: OCDE; Eurostat

No gráfico acima demonstrado, fica explícito o problema que Portugal necessita, neste momento, de diminuir substancialmente a despesa primária, dessa forma negando aos cidadãos um aumento de impostos, incomportável neste momento.

Concluindo, é unânime a constatação que Portugal possui demasiados funcionários públicos, assim como a necessidade de retirar da Função Pública os 200.000 FP erradamente adicionados por Guterres. Como será feito? Existem várias hipóteses:

  • Recorrer a empréstimos Internacionais
  • Criação de um fundo a partir da venda de ouro do Banco de Portugal (esta sugerida por vários economistas)
  • Negociação de contrapartidas fiscais para os demitidos

Postarei, noutro dia, informações acerca das intervenções do FMI (Angel Lion), assim como a composição do tecido empresarial Português (paraver) e o nível fiscal português (paraver). No FMI, ficará demonstrada as alterações feitas ao valor da moeda, à paralisação do aumento de salários e à proibição de contratar FP; o Tecido Empresarial ficará demonstrado como mais de metade das PME’s são, de facto, Micro-Empresas, onde não existe espaço para aumento de impostos, mas o contrário; por último, ficará demonstrado que Portugal possui um nível fiscal acima da média europeia.

Peço desculpa por possíveis erros ortográficos ou gramaticais, pois comecei a fazer isto às 22.30 e não tenho tempo para rever.

O BE e o PCP tentam fazer passar a ideia de que existe neo-liberalismo em Portugal. Com um Estado gigantesco, ineficiente, somos neo-liberais. :lol: :lol:

Bom tópico, e obrigado pelo esforço de sistematização e apresentação dos dados. :great: Vou fazer breves comentários, breves derivado do meu relativamente fraco conhecimento e interesse por Macroeconomia:

  • aquilo que disseste noutro tópico outro dia foi que o FMI, no quadro dos dois Acordos com Portugal, obrigou à redução da função pública. Agora já vens falar em proibição de contratar Funcionários Públicos, o que obviamente não é a mesma coisa. Iria resultar numa redução marginal se não houvesse mesmo nenhuma admissão e só saídas para o sector privado e reformas. Mas isso confirma-se não com declarações de intenção mas com Estatísticas. Parece-me um trabalho de arqueologia económica muito difícil ires buscar números tão antigos e abrangendo períodos tão curtos e delimitados.

  • tens que ter cuidado como fraseias as coisas. Insistes no “está demonstrado que deveria ser feito isto ou aquilo” quando outra pessoa poderá pegar nos mesmos dados ou dados da mesma fonte e apresentar uma visão oposta. Se forem válidas as Estatísticas contêm informação útil. A forma como são usadas permite sempre que o seu conteúdo seja “esticado”, às vezes em direcções pouco apropriadas.

  • finalmente, entrando agora já num campo mais microeconómico. Utilizas argumentos em como a despesa pública é excessiva baseada em argumentos de sustentabilidade financeira, mas há também uma posição relativa à produtividade para a qual os dados que referes são insuficientes. Apresentando um exemplo com Estatísticas um pouco ao lado (já que os gastos em Saúde não têm de ser todos públicos), pelo facto de um país gastar 5% do PIB em Saúde e outro gastar 5,1% não quer dizer que o outro gaste 0,1% a mais desnecessariamente que o primeiro. Em primeiro lugar há que ter em conta o valor do denominador - 5% para por exemplo o Benim seria se calhar muito em proporção, mas pouco em relação às necessidades da população (provavelmente daria um gasto per capita baixíssimo), enquanto se calhar os Estados Unidos aguentam mais que 10%, embora muita da despesa possa ser ineficiente em algum grau, dadas as características do sistema de Saúde que podem induzir a um consumo excessivo em cuidados de Saúde ou em tecnologias sem relação custo-efectividade comprovada.

Para avaliar do retorno dos gastos públicos e como se comparam com o retorno dos gastos privados é preciso quanto a mim recorrer a estudos empíricos com os melhores dados que se possam arranjar para medir a eficiência e a produtividade de ambos os sectores (quanto mais discriminados melhor) e a evolução destas para se poder tirar conclusões. Parece-me que segundo o teu argumento passavam-se trabalhadores do sector público para o sector privado e a produtividade aumentaria imediatamente. Isso ignora dois factores: em primeiro lugar, pessoas que são cancros no sector público teriam tendência para continuar a sê-lo no sector privado, especialmente se fosse difícil despedi-las (e aqui já estou a abrir um flanco ;)). Em segundo lugar, parece-me subestimada a ineficiência do sector público e sobreestimada a eficiência do sector privado. Há bons e maus funcionários públicos, há bons e maus empresários do sector privado. E aqui também seria interessante avaliar a eficiência relativa dos dois sectores não só em Portugal como noutros países com os quais queres estabelecer comparações.

Eu tenho três perguntas:

  • Se os funcionários do estado são 737 000 e 70% são da administracão pública, então quer dizer que 200 000 não são. Ora, sabendo-se que, por exemplo os professores são mais de 100 000, que o pessoal dos hospitais todos juntos deve chegar a 50 000, etc e tal, qual é o grau de certeza destes números? O pessoal dos hospitais conta como público ou privado, visto a grande maioria dos estabelecimentos serem agora EPEs? É que, se forem considerados privados, os hospitais todos juntos devem ser porventura o maior empregador nacional e não a SONAE.

  • O salário mínimo não será de 550 € por mês em vez dos 475? É que são 475 x 14 meses e esta realidade dos 14 meses não existe em alguns países europeus como por exemplo aquele onde me encontro.

  • Por fim, a pergunta mais importante: como é que podes defender uma redução do número de funcionários públicos sem analisares os serviços que os mesmos proporcionam? É só pelos números? Vou dar um exemplo extremo e algo absurdo para ser perceptível o que quero dizer: imagina que Portugal e Espanha têm apenas 200 e 100 FPs respectivamente. Em Portugal, os 200 FPs são 90 professores e 110 médicos. Em Espanha são 100 professores e 0 médicos. A educação em Portugal é boa, a de Espanha é um pouco melhor… os cuidados de saúde em Portugal são muito bons, os de Espanha são uma valente m****, reflectindo-se numa diminuição da qualidade de vida. Portugal gasta o dobro nos seus FPs (que são 200) que Espanha (onde são 100) e tem por isso mais dificuldades orçamentais. Conclusão: Portugal deve reduzir os seus FPs? Então e o serviço extra que é fornecido e que se reflecte em melhores índices de saúde na população? Ignora-se?

Eu responderei às dúvidas. Atenção que eu não defendo uma (unicamente) redução de funcionários públicos per se, eu defendo a redução do peso do Estado na Economia, parte que será demonstrada num futuro post. As parcerias público-privadas são financiadas pelo Estado. A parte “Privado” refere-se à administração do hospital em si. As remunerações do pessoal estão a cargo do SNS, ou seja, do Estado Português. Os “Privados” são recompensados pelos resultados financeiros do hospital (lucro, prejuízo) e pela qualidade do serviço (Atendimentos, Listas de espera).

Em relação às percentagens, é óbvio que 5% do PIB Português não corresponde a 5% do PIB do Benin, daí que eu tenha demonstrado a percentagem da receita destinada à Administração Pública. (59% dos nossos impostos são utilizados para pagar salários e demais benefícios à Função Pública).

Paracelsus, não me cabe a mim decidir em que serviço é que o Estado deve reduzir, até porque não consigo encontrar (acredita que tentei) a separação por serviço/empresa/função dos Funcionários Públicos. O número total anda nos 700.000, possivelmente mais, e é preciso ter em conta que o Governo PS conseguiu reduzir, na última legislatura, o número de funcionários públicos em 70.000. O Estado necessita de se tornar mais eficiente, e a redução do número de funcionários públicos - mesmo pela óptica da redução da Despesa - é fulcral, essencial. A falta de transparência em torno do real tamanho da Função Pública é gritante.

Sobre a eficiência da Administração Pública, o Zé Povinho que se pronuncie. É unânime a falta de qualidade no serviço (principalmente nas Finanças) ao utente/contribuinte, etc. Por mim falo quando vos conto que tive de esperar 5 meses pelo meu BI, um caso simbólico, mas elucidativo, penso.
Eu tenho muitos mais dados acerca deste tema, mas, neste momento, não tenho tempo. Contudo, serão apresentados posteriormente. Aliás, eu demonstrarei dados (registos) da ineficácia primordial da nossa Administração Pública datadas do Século XV. Mais do que um aspecto meramente burocrático ou económico, trata-se de um defeito cultural, genético se me permitem.

:offtopic:
Lembram-se do escândalo relacionado com o dinheiro “dado” ao Benfica por causa da construção do novo estádio? Divulgada após suposta investigação do JN? Num anterior trabalho meu, pude constatar que esse “escândalo” está comprovado e demonstrado no relatório do Tribunal de Contas, 2004, acerca da rentabilização do investimento do Estado em infra-estruturas desportivas.

SPORTING: 10 Milhões
Benfica: 49 Milhões
Porto: 120 Milhões
Boavista: 1 Milhão

Está lá, ninguém quis ler.

É Portugal!

O que eu questiono é a tua afirmação: “O Estado necessita de se tornar mais eficiente, e a redução do número de funcionários públicos - mesmo pela óptica da redução da Despesa - é fulcral, essencial.”

Imagina que tens um trabalho tem em condições ideais deveria ser feito num só dia de trabalho. Essa tarefa corresponde a 16 horas de trabalho efectivas. Tens 1 funcionário atribuído… logo, ele demora 2 dias e não 1 como seria de esperar. Arranjas outro funcionário para lhe fazer companhia e tens o trabalho feito num único 1 dia. Conclusão? Serviço de melhor qualidade (e o cliente final até chamar-lhe-ia eventualmente mais “eficiente”).

É por esta razão que tens de saber de que tipo de serviços é composta a função pública. Se não souberes isso podes estar a defender uma redução no abstracto que na prática tem apenas como consequência a diminuição da qualidade dos serviços (ainda mais do que a óbvia que toda a gente vê).

E neste sentido andamos aqui aos círculos para chegarmos sempre ao mesmo: os responsáveis pela definição das políticas de recursos humanos, de quantos mais funcionários precisam ou não precisam para que os seus departamentos funcionem adequadamente são os chefes (chefe de divisão, chefe de departamento, etc), em suma os quadros intermédios que estão suficientemente envolvidos no trabalho específico de cada departamento e suficientemente próximos do “trabalhador-raso” para perceberem as necessidades ou os excedentes do serviço. Não é o PM, não é o ministro não sei-das-quantas ou sequer o secretário de estado, esses só podem confiar na informação que recebem dos seus assessores de confiança e eventualmente ver o número grande de 700 000 e dizer: “Epá, isto é muito, porque com estes gastamos não sei quantos milhões de euros em ordenados e o que me dava mesmo jeito era gastar menos x milhões para poder aumentar a verba para isto e para aquilo”. E o que é que isso tem a ver com o “mundo real” da função pública e dos serviços prestados pelos funcionários públicos? Pois, nada.

A verdade é que Portugal não cria riqueza suficiente nem para manter esta função pública , nem para todos os Gastos Públicos onde o Estado está envolvido.

Até agora vai dando porque o Estado lá se vai endividando lá fora e aumentando ao mesmo tempo a dívida pública , isto é , quem vai pagar a factura das despesas agora feitas são as gerações futuras.

Até acredito da bondade da maior parte dos serviços públicos , mas a verdade é que se não houver dinheiro , nem o essencial desses serviços poderão ser mantidos no futuro próximo quando deixarem lá fora de nos emprestar dinheiro , ou as dívidas começarem a vencer.

Aliás a Economia Portuguesa como todas do Sul da Europa já entrou em período de ajustamento , em relação à Alemanha , porque a bolha criada pelo crescimento económico desde a fundação do Euro chegou ao fim com o início da crise , exemplo disso foi a crise do imobiliário espanhola , agora , restam 5/10 anos de desinflação para estes países entrarem a par com a Alemanha , a não ser que saiam da zona Euro , mas isso tambem seria desastroso.

O facto de cerca de 60 a 70% da população depender do Estado vai ter que mudar forçosamente no futuro , isto não pode continuar assim porque senão vai chegar à altura em que vai faltar o dinheiro como já começa a acontecer com a Grécia.

Ao menos se os investimentos feitos fossem para criar riqueza , mas está visto que a maior parte foi só para satisfazer certos grupos , exemplos disso são as rotundas e estradas feitas por esse país fora sem utilidade.

O Danielw quer uma redução dos FP mas quando alguem lhe fizer ver que FP quer dizer a enfermeira ou o medico do posto medico onde ele vai, ou o carteiro que lhe leva as cartas etc etc aposto que deixa logo de querer fazer reduções.

Claro que eu nao estudei tanto como ele, se calhar é por isso que penso que generalizações como esta “…Parece-me um valor demasiado alto para um país como Portugal, que é culturalmente ineficiente na gestão dos recursos humanos (culpa das empresas), assim como na mentalidade genérica do trabalhador português a trabalhar em Portugal (culpa dos trabalhadores).…” Fazem tanto sentido como vir defender futuras intervenções do FMI em Portugal. E para eu dizer tal coisa nem faz falta estudar economia, basta ver como estão os países que se vêem nas garras desses chulos. Espero bem que nunca chegues a nenhuma posição em que possas fazer estragos.

Ve-se mesmo que ainda não passas-te fominha nenhuma!!

Yazalde , pois quando se gasta mal , é para esse caminho que as coisas vão.

Mas essa discussão , os portugueses não querem saber , pelo menos enquanto houver dinheiro , até votam em partidos que por exemplo falam em TGV’s.

O problema vai ser quando o dinheiro começar a faltar.

O dinheiro não pode ser deitado à rua , tem que ser sempre muito bem gasto.

Excelente tópico! :great:

Com mais tempo venho aqui postar a minha opinião sobre o assunto.

Só pequenas notas soltas:

  • não é pelas Conservatórias do Registo Civil que vais “demonstrar” (continuas a usar essa palavra sem grande sustentação) a ineficiência do sector público. O meu Cartão Único de Cidadão levou uma semana, a única coisa que vai levar mais tempo é a espera na fila quando o for levantar à Loja do Cidadão.

  • quanto às PPP, aplica-se o mesmo que já escrevi em relação a outras coisas: não me satisfaço com coisas que funcionem apenas no papel. A verdade é que em Inglaterra as PPP têm sido objecto de avaliação e os resultados não têm sido muito favoráveis, e em Portugal tens o exemplo recente do Hospital Amadora-Sintra para perceber que não são um maná.

  • relativamente ao rácio despesa pública / PIB, aquilo a que aludi recorrendo ao exemplo da Saúde é que, para além de se olhar para a reprodutividade / eficiência da despesa (um exercício difícil, controverso e sujeito a manipulações, mas totalmente necessário) é preciso olhar para o denominador para ver se estamos a comparar coisa com coisa. Dois países com o mesmo rácio poderão, caso isso não ponha em causa o equilíbrio das Finanças Públicas em nenhum dos casos, ter graus de eficiência diferentes (por exemplo privilegiando o país com maior rácio) e também necessidades diferentes tendo em conta o grau de desenvolvimento tomado como ponto de partida, a estrutura produtiva existente e os efeitos em termos por exemplo de promoção de Investigação e Desenvolvimento (entre uma miríade de factores que não procurei listar exaustivamente).

Concordo, mas não quer dizer que se comece a despedir pessoas a torto e a direito só porque o FMI quer. Nao foram os bancos que nos meteram na merda ? Nao foram as grandes companhias de financas que fizeram estes buracos todos ? Quando perguntei aqui aos economistas do forum (que nem sabia que eram) a opiniao deles sobre os ponzy schemes, ninguem quis dizer uma palavra…Mas quando é para vir arrotar a postas de pescada (visto que nao é o trabalhinho deles que está em jogo) já tem todos muita disponibilidade…Ora fds! Agora quem paga é o FP (vamos mesmo escrever FP que quanto mais despersonalizado estiver menos custa a perceber que estamos a falar de pessoas com pai, mae e filhos como eu e o Danielw) Nao sao todos grandes experts ? nao ha que pagar grandes bonus a eles todos ? entao fds, eles que resolvam a crise. Deixem de andar atras de quem trabalha que nem um cao. Criem empregos como deve de ser, nao andem sempre a mudar-se para a China só porque o patraozinho vai fazer mais uns milhoes, este sistema esta todo errado e quando vejo gente privilegiada como o Danielw (tem que ser privilegiado, senao bulia nas obras) a usar o seu brain power para pedir que trabalhadores honesto (digo eu ;D ) sejam despedidos, comeco logo a ficar zangado.

Alem disso já é tarde, vou dormir que amanha tenho que trabalhar no duro…

United States of Corporate Welfare

“We are fighting the everlasting battle for the minds of men to indoctrinate people with the capitalist story because if we don’t, the rising political power of the masses will be a hazard to private power and interests.”

– Bretton Woods Papers (the monetary order and governance system comprised of the International Monetary Fund (IMF) and the World Bank Group under which we operate to this day, adopted in 1944 by the 730 delegates from all 44 Allied nations)

The International Monetary Fund (IMF) now estimates the total global cost of the financial and economic crisis at more than $4 trillion. Of this, $2.7 trillion comes from the losses in US-originated assets, a number more than matching this year’s federal deficit of a projected “$1.8 trillion, or 13 percent of the economy — the deepest well of red ink since the end of World War II.” Let’s not confuse a single year’s federal deficit with the rise of the national debt (the total amount of money owed by the US Federal Government to creditors), now upwards of $11.1 trillion.

Just when you thought you couldn’t count any more zeros…enter the stimulus package, or Troubled Assets Relief Program (TARP), where the US Department of the Treasury has agreed on our behalf (if you don’t remember agreeing, the term “Manufacturing Consent” may jog your memory) to purchase/insure up to $700 billion in “troubled” assets. We are told this is our best chance at getting this sick economy back on its financial feet. Through TARP, the banks, which are currently holding onto their cash as a means of buffering themselves financially against the looming risks of these assets, are given financial incentives to resume lending again at levels seen before the crisis, in other words, resume to those unrestrained levels of inflated credit and consumption that caused this mess in the first place. And we’re paying them to do it? Welcome to the pinnacle of the United States of Corporate Welfare.

That’s a mouthful, but we’re all about consumption, even when we’re not full. Let’s just call it madness for short and try to put this into perspective. We, the consumers (we are more so consumers now than democratic participants), those burdened with the bulk of personal financial hardships, unemployment, home foreclosures and bankruptcy, have consented to give tax dollars we don’t have to the richest financial institutions in the world so that they can loan our own money back to us at interest despite the fact that “borrowing” is the last financially sound thing we need nor can afford? There’s nothing like driving a stake into the heart of personal financial responsibility while resuscitating debt ratios. Do we really believe for a moment this is a step toward getting us out of personal debt and subsequently boosting the economy or are we trying to defibrillate the heart of an addict-consumer nation with yet more credit? Will this really bolster our personal standings beneath this falling economic house of cards?

Well, thankfully we don’t have to answer this. The banks have answered it for us by not following through on their promise to lend more freely under the buffer of taxpayer dollars. The banks are now lending less money, closing accounts, and raising interest in order to compensate for the lost revenue attributed to the declination of those accounts closed. It’s hard times for these banks that previously rewarded their top executives with nearly $1.6 billion in salaries, bonuses and other benefits in the calendar year 2007. These same companies who received bailout funds were also found to have recently spent $114 million on lobbying and campaign contributions, again in “the everlasting battle for the minds of men to indoctrinate people with the capitalist story.”

But that was so-last-year, as the $700 billion in bailout funds are now being directly funneled into the pockets of the rich. For example, Merrill Lynch who “doled out $3.6 billion to its executives after the federal government propped up the teetering firm with $10 billion,” or AIG in which no less than six executives were not only paid more than $1 million in bailout money as ”retention bonuses” (to retain those whose expertise led them to needing said bailouts), but they have since accepted the cash and resigned. Fortunately for corporations like AIG, they can afford to spend some of its $180 billion in bailout money on hiring public relations firms to bolster their image and to attack their critics. Don’t expect the politicians to hold anyone accountable for this, as the backlash was well thought out via the $644,218 donated by AIG to federal candidates over the last election cycle, President Obama himself receiving $104,332 of this. This is a classic example of Thomas Ferguson’s Golden Rule: The Investment Theory of Party Competition and the Logic of Money-Driven Political Systems in which elections are little more than events where groups of investors coalesce and invest to control the state, for as representatives need money to get elected, the positions they take politically cannot be unpopular with these moneyed interests. Sheila Krumholz, executive director of The Center for Responsive Politics, concluded that “even in the best economic times, you won’t find an investment with a greater payoff than what these companies have been getting.”

As for helping the home foreclosure situation, fortunately we don’t have to answer that either, as the Congressional Review Panel that oversees TARP confirmed that “the Panel sees no evidence that the U.S. Treasury has used TARP funds to support the housing market by avoiding preventable foreclosures.” To boot, a portion of the funds will be used to buy down troubled mortgages, helping the banks that loan rather than the consumers who borrow, of which there can be no return to the taxpayer.

Speaking of buying troubled assets, a recent report form the Congressional Oversight Panel concluded that we handed out substantially more TARP bailout dollars for these assets than their then-current market value says they were worth, for example paying $254 billion in return for received assets worth $176 billion (a loss of $78 billion), or paying $25 billion in assets purchased from Citigroup estimated at $15.5 billion, a loss of 38% (or $9.5 billion). When you’re playing with someone else’s money (in this case our money) it’s quite easy to be careless, wouldn’t you say?

But why stop at receiving only what is needed when we can give enough money to these firms to buffer against any future financial mishandlings, hence eliminating all responsibility on their behalf and transferring the complete capitalistic risk onto the shoulders of the taxpayers? That is exactly what was announced on April 24th, 2009 from the Federal Reserve in the recent Supervisory Capital Assessment Program (SCAP) release. It states explicitly that it is “prudent for large bank holding companies (BHCs) to hold additional capital to provide a buffer against higher losses than generally expected, and still remain sufficiently capitalized over the next two years and able to lend to creditworthy borrowers should such loses materialize.” The purpose of the study was “to assess the size of these capital needs” and “augment its capital base to establish a buffer” whereby “the United States Treasury has committed to make capital available” (that means me, you and the taxpaying citizens). It seems we’ve gone from bailing out real financial situations to bailing out “future possibilities” and there’s no end in site. To use an analogy, this can be likened to if each individual citizen asked for money from corporations to not only payoff our individual loans (because we are at risk of not being able to make our payments), but also pay us additional money to cover possible future loans not yet exercised just in case we might not be able to pay them if we decide to take out such loans. It’s ludicrous at best.

So the buck literally stops at the bank and is never made full circle back into public pockets. In effect, this is tantamount to just giving away our money to the rich and subsequently weakening the buying power of the public, the only pundit with the position to revive the economy. Thankfully for trickle down economics the opulent minority of Democracy’s Golden Rule will now decide how much money trickles into the consumer base and how much pours into their own pockets. With the recent TARP money alone ($700 billion), all family households in the US could have received $9,210, and those with minor children $20,900. Now that’s a “stimulus” that could have helped most of us get out of debt, but you see, paying off loans with this kind of cash in the hands of the public is not only counter-productive to bank revenues based on loan interest, it is considered dangerous to narrow the wealth gap between the rich and poor. If we were to do something as reckless as this it would be called socialism. Welfare to the people is called socialism while welfare to the rich is called “an economic stimulus”.

Corporate welfare should be of bigger concern to every citizen versus that of tax dollars reaching the pockets of the poor. For example, the Cato Institute cites that tax dollars of $92 billion were spent on corporate welfare during fiscal year 2006. Alan Peters and Peter Fisher have estimated that state and local governments provide $40-50 billion annually in economic development incentives. “Corporations in an attempt to maximize profits continually try to privatize profits while making risks public.” How do you think Bill Gates became one the richest men on the planet? That’s right, public tax dollars continue to pay for the development of PC solutions, then once the burden of development costs and risks are replaced by revenue potential these projects are handed over to private corporations (through lobbying power) to reap the benefits. In each case, the public shoulders the risks while the private sector reaps the benefits. This is the name of the Corporate Welfare game, socialize the risks and privatize the rewards, and they have the money to ensure a media diversion from these topics to that over the debate of genuine social needs. In this way, Republicans and Democrats become indistinguishable from one another. As with all governments in the world, they represent the centers of power, not the population. In the US, these centers of power are found in the corporate sector.

This phenomenon of socializing risks and privatizing gains amounts to, whether anyone will admit it or not, socialistic ideologies compensating for the deficiencies of capitalism. As Karl Marx correctly predicted, capitalism is leading to self-destruction as the benefits of technology become more concentrated into the hands of the wealthy (rather than being used to make life easier for the whole of society) producing an ever-increasing wealth gap between the elite and rest of the population until poverty-driven revolution demands a change for a more equal distribution of wealth, that which must have some socialistic underpinning, not in terms of a communist state but rather a “social” democracy for and by the people where the population decides and not corporate tyrannies.

Couple all of this with the US Military budget and you begin to see why the general population suffers so severely of tax burden while job flight out of the US mounts, and it’s not because of unions and social programs as we are made to believe. Of the total $2.65 trillion in federal funds, $1.4 trillion, or 54%, is spent on military related projects. This “includes Dept. of Defense ($653 billion), the military portion from other departments ($150 billion), and an additional $162 billion to supplement the Budget’s misleading and vast underestimate of only $38 billion for the ‘war on terror’ while ‘past military’ represents veterans’ benefits plus 80% of the interest on the debt.”

To put this into perspective, “US military spending – Dept. of Defense plus nuclear weapons (in $billions) – is equal to the military spending of the next 15 countries combined,” accounting for “47 percent of the world’s total military spending, however the US’s share of the world’s GDP is [only] about 21 percent.”

According to Chomsky, the “Pentagon system has long been the country’s biggest welfare program, transferring massive public funds to high-tech industry on the pretext of defense and security,” and as the “Secretary of the Air Force under Truman explained, the word to use is not ‘subsidy’, the word to use is ‘security’. They want an industrial policy that pours public funds into the pockets of rich investors and high-tech industry. And since they don’t want people to see it, they say the Russians are coming” or Bin Laden, terrorists, communists, drug lords, nuclear threat or a myriad of other faces that are used to generate a permanent state of fear that inherently unlocks unlimited public funds and unanimous support for infinite military spending and war in the name of patriotism.

Here’s an alternative – if we are so desperate to prop up private interests and retain jobs in America, how about cutting our military spending in half and transferring these funds into the private sector without further burdening the public wallet. Or how about propping up the consumer base instead by socializing the banking industry and letting its profits replace our tax system, so that the more money one borrows from the system the more money is collected in interest and hence the greater the contribution back into society – a progressive system balancing risk, wealth and tax contribution. And for those with an aversion to anything nationalistic or socialistic, just backup and re-read about our socialized military system, the biggest socialist program on the planet with the largest conservative support base in the country. There are plenty of solutions like these, but you will quickly notice that anything that involves a reduction in military spending or corporate welfare is off the table of discussion. In fact, we are trending in the opposite direction of said solutions, as Obama’s military budget for fiscal year 2009 is the biggest ever, in any country, at any time, including that of past US expenditures despite some publications on minor cut-backs that were replaced with yet greater spending in other areas.

So this cycle continues, and as cited here by some of our country’s leading founding fathers, we will continue to forever “labour under all the hardships of life”, and “secretly sigh for a more equal distribution of its blessings” only for the “minority of the opulent”, the “wealth of the nation”, to “refine and enlarge [these] public views, by passing them through the medium of [the] chosen body”, whom “the Senate ought to come from, & represent,” for it is “more consonant to the public good than if pronounced by the people themselves.”

http://www.blogcatalog.com/blog/off-ending-remarks/4eb48e2345a90cea554cc13258ce97b9

O problema em debates de Economia é o facto dos participantes, na maior parte das vezes, não apresentarem números que sustentem as suas teorias. Eu tenho feito exactamente o contrário: tenho apresentado números.

Como seria de esperar, não faltou muito até as tiradas sociais e económicas virem ao de cima (gente privilegiada, nunca passei fome). Felizmente, nunca passei fome, e, felizmente de novo, nunca tive falta de dinheiro, não sendo isto significado de abundância do mesmo e autorização explícita para o gastar como se não houvesse amanhã, bem pelo contrário. Considero-me um gajo poupadinho.

Regressando ao tema, cabe-me dizer que o debate está a ser adulterado. Vejam os números.

Vamos falar/escrever sobre certezas económicas acerca de Portugal, o nosso país:

  1. Somos pobres.
  2. Estamos altamente endividados.
  3. Estamos (momentaneamente) salvaguardados pelo facto de estarmos no €.
  4. Não somos competitivos. (não se esqueçam que é uma análise global, nenhum país é totalmente ineficiente).
  5. A nossa classe política, fraca, não é mais do que um reflexo do povo.
  6. Padecemos de fortes e agoniantes problemas estruturais, que minam o crescimento económico.
  7. O Povo Português é um povo triste.
Paracelsus: É por esta razão que tens de saber de que tipo de serviços é composta a função pública. Se não souberes isso podes estar a defender uma redução no abstracto que na prática tem apenas como consequência a diminuição da qualidade dos serviços (ainda mais do que a óbvia que toda a gente vê).

Daí que eu não defenda uma redução num dado serviço ou empresa estatal, correndo o risco de reduzir pessoas onde elas são precisas. Repara, eu estou a analisar os números que existem, não me cabe a mim dizer ao Estado onde reduzir. O Estado, através dos mecanismos de eficiência que possui, deverá saber onde procurar, conduzir inquéritos. Ah, e será necessário eu dizer que, de um ponto de vista organizacional, as reduções devem ser feitas de cima para baixo, verticalmente (não quero despedir a mãe e o pai, passo a expressão)? Quando um Estado vê 59% (números de 2000) dos seus impostos utilizados para pagar/financiar a Função Pública, algo está mal. Isto é incontestável! Não tem qualquer possibilidade de rebate.

Escrevem sobre Eficiência, etc. É óbvio que não existe eficiência. Se houvesse eficiência, a Economia estaria a crescer e a percentagem utilizada no pagamento de Funcionários Públicos seria menor. É pelo facto da Economia Portuguesa ser fraca que o pagamento de Funcionários Públicos absorve 59% dos impostos do Estado.

E qual a razão pela qual este facto é penoso? Simples. Quais são as ferramentas económicas de um Estado? Política Orçamental (receita/despesa), Política Fiscal (impostos) e Política Monetária (moeda). Como sabem, fruto do Euro, a Política Monetária foi-se, morreu, foi deportada para a mesa redonda e confortada do corrupto Trichet. Política Monetária é uma ferramenta económica de valor incalculável, e Portugal, assim como os seus parceiros de moeda única, não a possui, o que vem agravar (ainda mais) a fraca competitividade da nossa economia.

Volto a repetir, este meu post é mais bastante mais extenso. Eu não dou a redução da FP como milagre económico para Portugal, como simples remédio de quem vai à farmácia procurar algo para aliviar a simples dor de garganta ou comichão no dedo grande do pé.

A redução da Função Pública - leia-se a redução do peso da Função Pública na despesa do Estado -, repito, é um passo que será, mais tarde ou mais cedo, algo inevitável. Há malta aqui que está a levar este debate para o ponto de vista ideológico (Yazalde). Amigos, não há espaço para penetrações ideológicas. Os números foram apresentados. Não há Esquerda ou Direita que consiga interpretá-los de maneira diferente. Ou se chega à óbvia conclusão dos mesmos, ou não se interpretam e caem no esquecimento.

Em 2005, Portugal ocupava a última posição no ranking da produtividade (EU-15). Não consigo passar para aqui o gráfico, pois é muito extenso. Vou copiar a análise transcrita no livro.

Os países com a produtividade média mais elevada são a Noruega (59% acima da média europeia), Luxemburgo (49%), Irlanda (41%) Dinamarca (27%), Bélgica (22%) e Estados Unidos da América (18%). Portugal ocupa a última posição na EU-15 com 49.5%. Quando comparado com os restantes países da OCDE, com cerca de 44% da produtividade dos EUA, Portugal só ultrapassa a Coreia e o México. Em grande parte, a desaceleração do ritmo deve-se à fraca produtividade do trabalho. Pela primeira vez, na última metade do século, a taxa de crescimento da produtividade do trabalho tornou-se negativa (-0,37%/ano). Esta tendência é preocupante, pois representa o mau presságio para a capacidade de crescimento a longo prazo da Economia Portuguesa.

Será a FP muito diferente? Obviamente que não. A falta de produtividade neste país é, como disse anteriormente, vertical do ponto de vista organizacional. Em Portugal, uma proporação demasiado elevada de recursos está a ser deslocada do sector privado para o sector público e, quer se goste ou não (aqui entra a batalha ideológica), os vigorosos crescimentos económicos têm o Sector Privado como ignição.

Já é tarde, mas deixo aqui um gráfico muito simples, bastante elucidativo.

Variação no Peso do Sector Público na % Despesa Total do PIB

Curiosamente, os dois primeiros países são modelos internacionais para a simbiose entre Estado e Sector Privado.

Yazalde: Citas exemplos vindos dos EUA. Os EUA em nada são parecidos com a Europa, desde a funcionalismos Estatais (São uma Federação), assim como em mecanismos Sociais. Os EUA, nessa matéria, não são exemplo para ninguém, tanto que o Obama, fruto do Healthcare, passa por Comunista, Socialista Clássico. Sobre o médico e o carteiro, são uma parte minoritária da Função Pública, assim como os polícias. Caso a tua “posta de pescada” fosse verdadeira, teríamos médicos pendurados no tecto dos hospitais, médicos a fazer fila para entrar no gabinete. O mesmo para os carteiros e enfermeiros.

Existem muitos mais dados, mas já é tarde, nem paciência tenho para corrigir eventuais erros gramaticais ou ortográficos. Os números, esses, estão correctos.

Continuas a retirar conclusões que não entendo:

  • Os ordenados da FP têm um peso de 59% nos impostos que o Estado recebe. Tua conclusão: Isto é mau; o Estado é ineficiente, tem de se despedir FPs.

Então, será que são os FPs que são a mais ou os impostos do Estado que são a menos? 59% é bom ou é mau e como é que provas isso? 59% é sinal de ineficiência e porquê? Despedindo FPs em massa, ou seja, colocando-os no desemprego consegues diminuir os 59%? Como, se os impostos do Estado também diminuem (acabaste de despedir alguns dos que contribuem sem conseguir fugir ao fisco)? E mesmo que diminuam nos ordenados aos FPs, não subirão as despesas em subsídio de desemprego? Será que o Estado passa assim a ter mais dinheiro disponível? E a eficiência dos servicos públicos (reparticões, hospitais, escolas, etc) aumenta com menos FPs a fazer o mesmo trabalho que antes era feito por mais? Como é fazes isto?

Honestamente tenho uma série de dificuldade em entender os “gestores” ou “economistas” porque na maioria das vezes são pessoas que não tem qualquer noção das coisas, que olham para elas como se fossem apenas números e que se marimbam para elas.

Digo mais: muitas das vezes são estes profissionais os causadores do buraco de uma empresa porque não tem qualquer noção sobre aquilo que se produz, sobre aquilo que é necessário para se produzir e os custos que isso acarreta. Muitas das vezes, em momentos de dificuldade de uma empresa é vê-los a dizer “corta-se aqui”, “corta-se ali” quando eles nem tem a mínima noção do que significam o “aqui” ou o “ali” para a possível criação de riqueza de uma empresa.

E os grandes economistas depois vão pelo mesmo caminho. Apontam sempre ao elo mais fraco, àqueles que usam a força braçal para trabalhar. É sempre o Zé Povinho que se lixa nas grandes soluções por eles apresentadas para combater a crise.

É muito fácil dizer que alguém nunca passou fome, que só se vêm números e não realidades, que não se pode despedir, etc.

A realidade é que existe despesa a mais para a receita que existe, a receita já não sobe muito mais logo tem que se diminuir drasticamente a despesa. Não há volta a dar e quem não vê é porque não quer.
Qualquer pessoa com 2 dedos de testa vê que a FP como um todo é ineficiente e má, pagamos bastante para a termos mas a comparar com países que pagam o mesmo não temos o nível de serviço que eles têm.
Vocês falam dos médicos, enfermeiros e carteiros (neste caso não percebo porquê visto demorar uma eternidade a enviar uma carta daqui para a localidade do lado…), mas esquecem-se das pessoas que nada fazem nas repartições de finanças, fundações fantasmas (até há pouco tempo ainda havia uma para a Guerra do Ultramar a funcionar e receber dinheiro), frotas novas de carros topo de gama (ainda agora foi uma de BMWs), etc.

Para não falarmos nos investimentos estatais para os amigos… ainda agora na remodelação e renovação do parque escolar em vez de abrir concursos para cada escola para dar trabalho a PMEs como era lógico e urgente abriu-se grandes concursos em que só podem entrar as grandes construtoras. Para não falar em TGVs outros que tais que em momentos em que não há dinheiro se vai investir em algo que não é certo ter retorno (ainda há pouco houve aqui um tópico sobre investimento em infraestrutura e nos riscos inerentes a ele).

Posso dizer que este governo (na anterior legislatura) recebeu uma proposta de uma grande consultora internacional para fazer a reestruturação da FP em regime de pro-bono (ou seja, grátis) com uma única obrigação, aplicar o plano que fosse decidido em conjunto. Sabem qual a resposta? Não podemos aceitar pois não temos capacidade de a aplicar…

E assim continua o país… mas caso não se apercebam quem mais vai sofre com tudo é a maioria do povo que tem falta de qualificações. Os que são bons se quiserem saem do país, arranjam facilmente emprego e vivem uma boa vida.

“A realidade é que existe despesa a mais para a receita que existe”. Plenamente de acordo, aliás a dívida externa não mente.

“Qualquer pessoa com 2 dedos de testa vê que a FP como um todo é ineficiente e má, pagamos bastante para a termos mas a comparar com países que pagam o mesmo não temos o nível de serviço que eles têm.”. Já não estou de acordo, o que é ser ineficiente e mau e quais são esses países em que se paga o mesmo e têm melhor serviço. (a sério que gostava de saber os países onde o salário por FPs seja o mesmo e cujo serviço tenha mais qualidade).

A conclusão não é retirada da análise dos números. A conclusão é retirada da interacção com a maioria dos serviços públicos. É de veres o horário de trabalho das 10 às 17, com hora e meia de almoço pelo meio (excepto à 6ª, em que saem às 15 ou 16), e de achares que se funcionassem noutra velocidade que não a de modo-pastelão atendiam o dobro das pessoas.

Claro que reajustar os recursos humanos não é uma tarefa que se faça por despacho. Mas em muitos dos serviços públicos a racionalização dos recursos passa pela maior eficiência de um número menor de funcionários.

Deixo um diálogo verídico que se passou com uma amiga minha.

Local: reitoria da Universidade. Aproxima-se uma finalista para ir buscar o seu diploma. Chega-se ao balcão. Na "repartição", duas mulheres estão sentadas. Ela espera ser atendida, as funcionárias parecem ignorá-la.

Funcionária 1: Vais atendê-la?
Funcionária 2 (que se encontra mais próxima da finalista): Não. Agora vou comer uma bananita.

Enquanto forem comendo bananitas a eficiência é uma miragem.

  1. É mau, claro que é mau. Aconteceria o mesmo, isto é, similar análise seria feita, se o Sporting tivesse grande parte da sua receita direccionada para salários de jogadores. O Estado, para mais no caso Português, tem outros encargos: investimentos a realizar, pagar a dívida nacional, incentivos à Economia. Quando o Estado deveria adoptar uma postura de incentivo à Economia, o que não acontece em Portugal, está a pagar salários à FP.

  2. Impostos a menos? Sem qualquer ímpeto ofensivo, deverias saber que Portugal possui dos níveis fiscais mais altos da UE (37,9%, comparado com a média europeia, 35%). Mais grave ainda, os nossos concorrentes directos - Espanha pela proximidade, Grécia pela similaridade macroeconómica - situam o seu IVA abaixo do nosso, 18% e 19% respectivamente. Dizem-me: “Epá, mas 1 ou 2 ou 3 por cento de diferença é irrisório”. Errado! Muito errado! As empresas que competem no mercado europeu não negoceiam 10€, negoceiam 3 ou 4 milhões de euros. Um IVA alto é, sem qualquer dúvida, um entrave fortíssimo à actividade económica, tanto nacional como internacional, pois restringe os movimentos de capitais, mercadorias e pessoas.

Em suma, Portugal, na “pessoa” do Estado, possui Receitas e Despesas. As receitas, como já disse, encontram-se maximizadas, acima de níveis considerado sustentáveis para a Economia; a despesa, essa, encontra-se elevada, acima da média europeia, ainda para mais num país endividado, pobre, pouco competitivo.

Ninguém no seu bom senso defende a vinda do FMI, mas é preciso considerar que o FMI, caso Portugal continue subserviente a interesses partidários e eleitorais, marcará presença, pela 3ª vez na nossa história, algo que, não pude confirmar, é inédito.

Paracelsus, conheces o Medina Carreira? É uma pessoa que merece a tua consideração? Conheço-o pessoalmente, é uma jóia de pessoa e, como economista, como crítico do panorama Português, é a figura por quem tenho mais consideração.

Citações de Medina Carreira:

Para que o Estado tenha uma intervenção decisiva na redistribuição da riqueza e na protecção contra os riscos sociais, necessita de prosperidade económica.
Sem uma "outra" e melhor economia - no seu potencial, na sua produtividade, na sua competitividade - a forte redistribuição, o pleno emprego e o modelo de protecção social serão inviáveis em Portugal.
Nem é preciso perceber a inevitabilidade de tudo isto se se souber que as principais despesas sociais (Educação, Saúde, Segurança Social e Caixa Geral de Aposentações) poderão absorver 90% de todos os impostos (2015).
O endividamento externo português cresceu, entre 2000 e 2008, ao ritmo horário de 1,4 milhões de euros.
Em 2010 teremos atingido um nível de fiscalidade exorbitante; estaremos muito mais endividados, fruto da dívida externa, e teremos uma despesa pública incomportável.

Álvaro Santos Pereira, conhecem? Autor do livro “Os Mitos da Economia Portuguesa”, dos nossos (Sportinguista), um dos mais reputados economistas portugueses.

Deveríamos exportar os nossos sindicatos. A CGTP, completamente irrealista na sua demanda, arranja os mais variados pretextos para as mais descabidas greves e manifestações
O mais grave em Portugal, além das deficientes estruturas organizacionais, é o peso brutal do Estado na Economia.

O autor critica a educação, as universidades, o Estado, as empresas, ou seja, critica todos, mas é claro onde reside o maior peso da culpabilização.

Rest my case. Como disse o forista F_J_P, a verdade está à vista de todos. O Povo Português, onde me incluo, merece estes políticos, merece este país anormal e inóspito. O investimento no TGV, garanto-vos, será outro fiasco. Em palavras simples: Portugal não tem um ■■■■■■■, tá pobre como à merda! Tratemos de nós, depois pensaremos e analisaremos o que é o melhor.

Wild_Oscar: E outros casos, como o Atendimento nas Finanças? Loja do Cidadão? Municípios e demais serviços burocráticos?

Estou plenamente de acordo com os exemplos que referes, mas temos de ver que não é assim em todo o lado.

Mas tal como já tinha referido, isto vai sempre desembocar nos chefes, nos quadros intermédios. Porque é função deles monitorizar o serviço, responsabilizar pessoalmente quem não cumpre, definir metas, definir necessidades e excedentes, etc e tal.

“1) É mau, claro que é mau.” Mas é mau em que sentido? O Estado paga salários aos FPs porque estes efectuam um determinado serviço que o estado se responsabiliza por prestar, é muito simples e não precisa de ser complicado. O que é que isto tem de “mau”?

“2) Impostos a menos? Sem qualquer ímpeto ofensivo, deverias saber que Portugal possui dos níveis fiscais mais altos da UE (37,9%, comparado com a média europeia, 35%)” Nível fiscal em que sentido? No IRC, IRS, IVA ou outro imposto qualquer? As nossas empresas pagam mais de impostos a nível relativo que as estrangeiras? As pessoas (o zé povinho) pagam mais de impostos a nível absoluto e relativo em comparação com as estrangeiras? Aqui é que é preciso números, não se pode meter tudo no mesmo saco e apresentar um único número para descrever toda a realidade, é demasiado redutor.

E por fim, apesar do cenário ser negro (e é sem dúvida), em nenhuma das citações do Medina Carreira o vejo apelar ao despedimento em massa dos FPs… tu dizes que Portugal está pobre e eu concordo, mas meter dezenas de milhar de pessoas na rua deve enriquecer cá o país que é uma coisa doida.