Logo após o jogo com o Paços de Ferreira, iniciei a escrita. Dizia que “muito provavelmente”, tal jogo deixava “definitivamente o Sporting fora da Europa. Mais que outros resultados “marginais” (alguns que não eram expectáveis e não ajudam, outros que não eram expectáveis e até ajudariam), foi o próprio Sporting que assim” o proporcionava. Era um jogo para ganhar. Não me venham com favoritismos e tabelas classificativas, ou sequer com equipas com maior tempo de preparação ou maior coesão e trabalho. O Sporting perdeu por alguma falta de atitude e erros próprios ao longo de todo o jogo. Para além disso, o adversário nunca pareceu incomodado com o empate.
A vitória com o Olhanense não pode ser comemorada. O Sporting fica fora da Europa. O Sporting cai onde nunca caíra, atingirá a sua pior classificação da História. Não é um desastre irremediável, já pior fizeram os nossos rivais e continuam cá. Mas sim, é um episódio triste na nossa História. Uma História centenária, sem anos inventados, que conhece um dos seus piores momentos.
Para o que interessa, é o epílogo lógico de uma época desastrosa. E com época, refiro-me a bem mais que a temporada de 2012/13. É o tempo de um Sporting para baixo, de erros sucessivos. Um Sporting de recordes negativos, nomeadamente no que diz ao respeito à postura, à grandeza. Logo, será lógico que também siga para recordes negativos na classificação. E que, tal como erros sucessivos na sua gestão, acabe por dar um tiro nos pés, não se classificando para competições europeias quando é tão necessário entrar dinheiro fresco e sem contrapartidas que agravem a nossa situação financeira e patrimonial. Mas dado os últimos anos, é lógico, tudo mais que esperado. O verdadeiro momento negro da História do Sporting. Mais que 18 anos sem títulos, pois esses não retiraram grandeza ao Sporting. Não se muda tudo durante a noite.
E assim, chego à questão: E agora? Já não é a primeira vez que aqui me interrogo sobre isto, sobre o futuro. Mas cada vez mais dados (e mais interrogações) entram na equação. Avisam que o futuro não vai agradar a todos. Duvido que em agrade a mim. Avisam que as vendas terão de ser feitas, adivinho que as entradas vão desiludir alguns como eu. Não pelos nomes, mas porque continuo a achar que o sumo de laranjas azedas, por muito açúcar que se meta… é sempre de sabor duvidoso.
Tenho esperança que a necessária reformulação dos quadros e da estrutura do Sporting traga a necessária capacidade de apostar na única coisa que nos tira da crise: o futebol. A aposta não significa queimar novamente 40 ou 50 milhões, até porque quando com isso se compram laranjas azedas, não é apenas dinheiro mal gasto, é estupidez! Aposta significa que não podemos voltar a tempos de outrora, com o sucessivo downgrade da equipa. Muito jogador foi adquirido com a desculpa que não havia dinheiro, que era uma boa aposta tendo em conta os recursos. Por muito que respeite os homens em causa, um Angulo sai sempre mais caro que um van Wolfswinkel, um Maniche mais caro que um Schaars, um Evaldo mais caro que um Insúa, um Rodríguez mais caro que qualquer defesa que consiga entrar em campo, etc, etc… E nem estou a falar de salários ou luvas. Estou a falar do que se perde em resultados desportivos e, subsequentemente, financeiro.
Fala-se muito de exemplos de outros clubes e da sua recuperação. Ok, a situação de cada um é diferente, como me farto de dizer. Mas sim, têm razão, algumas aprendizagens podem ser retiradas. Uma das primeiras é observar que alguns mitos sobre o que fizeram quanto à formação de equipas técnicas e plantéis são isso mesmo, mitos infundados. Nunca começaram a construir o edifício pelo telhado, nunca construíram as bases com material de má qualidade.
O Sporting só se salva com receitas. O Sporting não pode ser neste momento um reflexo das políticas desastrosas do passado e do presente, seja no Sporting Clube, seja em Portugal. Nas últimas eleições, a maioria dos sócios dirigiu-se às urnas com uma ideia: não há mais redes para amparar a queda. Bruno de Carvalho pareceu ter a mesma ideia. Votaram nessa convicção. Confesso que outros nomes da estrutura me deixam de pé atrás, mas não olho para Bruno de Carvalho como um Soares Franco, com valentes pitadas de Vítor Gaspar ou Álvaro Santos Pereira.
©Ravanelli 17.Maio.2013