Dia Mundial Sem Tabaco assinala-se hoje

Foi mencionado em tudo o que é imprensa, falada e escrita, como de costume. Há quem veja as notícias…

E então? Todos os dias se menciona ser o Dia disto, amanhã é o Dia daquilo… Mal ou bem, as pessoas vão tentando filtrar as informações que lhe chegam e já nem costumam ligar as essas coisas. Isso do Dia Mundial Sem Tabaco apenas acaba por ter um mero valor simbólico porque na prática não serve de nada. As pessoas hoje em dia estão carecas de saber os malefícios do tabaco e nem por isso deixam de fumar, logo não é a criação de um dia simbólico que lhes irá mudar os hábitos.

Dei uma passa num cigarro no 5º ano… a partir daí, nunca mais, nem «socialmente» (como é moda dizer). Não me atrai mesmo nada.

São coisas diferentes. Uma coisa é o que se quer, outra é consegui-lo. O grito de alerta tem que ser dado. Lá porque uma percentagem grande se está borrifando, não deixa de ser preciso assinalar o facto.
Por exemplo, nos links que indiquei vêm dados curiosos. Tenho dúvidas que seja como dizes («estão carecas de saber os malefícios do tabaco») em toda a parte. Há países supostamente pobres onde se fuma muito, e não sei se é taxando o tabaco que se conseguirá alguma coisa nesses países.


Population % Adult Smokers Cigarettes Annual Cigarette
Country X 1000 Smokers X 1000 Per Capita Consumption
EUROPE Bosnia 400 48,00% 192
EUROPE Serbia 9.500 47,00% 4.465
EUROPE Turkey 66.700 44,00% 29.348
EUROPE Romania 22.500 43,50% 9.788
EUROPE Slovakia 5.400 42,50% 2.295
EUROPE Albania 3.100 39,00% 1.209
EUROPE Greece 10.700 38,00% 4.066
EUROPE Bulgaria 800 36,50% 292
EUROPE Macedonia 2.000 36,00% 720
EUROPE Hungary 1.000 35,50% 355
EUROPE Andorra 75 35,00% 26
EUROPE Ukraine 47.700 35,00% 16.695
EUROPE Poland 38.600 34,50% 13.317
EUROPE Croatia 4.700 33,50% 1.575
EUROPE Lithuania 3.700 33,00% 1.221
EUROPE Estonia 1.400 32,00% 448
EUROPE Moldavia 4.300 32,00% 1.376
EUROPE Ireland 4.060 31,00% 1.259
EUROPE Latvia 2.300 31,00% 713
EUROPE Belarus 10.200 29,00% 2.958
EUROPE Czech Rep. 10.300 29,00% 2.987
EUROPE Luxembourg 450 27,00% 122
EUROPE Slovenia 2.000 25,00% 500
EUROPE Malta 390 23,50% 92
EUROPE Portugal 100 19,00% 19
FAR EAST CHINA 1.282.437 35,60% 456.548 1.291 1.655.626.167
FAR EAST KOREA 46.740 35,00% 16.359 2.918 136.387.320
FAR EAST PHILIPPINES 75.653 32,40% 24.512 1.847 139.731.091
FAR EAST INDONESIA 212.090 31,40% 66.596 1.742 369.460.780
FAR EAST MALAYSIA 22.218 26,40% 5.866 910 20.218.380
FAR EAST THAILAND 62.800 23,40% 14.695 1.067 67.007.600
FAR EAST INDIA 1.008.535 16,00% 161.366 129 130.101.015
FAR EAST SRI LANKA 18.920 13,70% 2.592 374 7.076.080
N. AFRICA MAROCCO 29.800 18,10% 5.394 800 23.840.000
S. AMER. VENEZUELA 24.170 40,50% 9.789 1.075 25.982.750
S. AMER. ARGENTINA 3.703 40,40% 1.496 1.495 5.535.985
S. AMER. MEXICO 9.887 34,50% 3.411 754 7.454.798
S. AMER. BRAZIL 170.400 33,00% 56.232 850 144.840.000
S. AMER. ECUADOR 17.640 31,50% 5.557 232 4.092.480
S. AMER. BOLIVIA 8.330 30,40% 2.532 274 2.282.420
S. AMER. PERU 25.600 28,60% 7.322 195 4.992.000
S. AMER. GUATEMALA 11.385 27,80% 3.165 610 6.944.850
S. AMER. HONDURAS 6.415 23,50% 1.508 595 3.816.925
S. AMER. URUGUAY 3.340 23,00% 768 1.396 4.662.640
S. AMER. COLUMBIA 42.100 22,30% 9.388 520 21.892.000
S. AMER. CHILE 15.200 22,00% 3.344 12 182.400
S. AMER. PARAGUAY 5.490 14,80% 813 1.748 9.596.520

Exacto. E se há coisa que me incomoda é o fumo do tabaco.

Eu, infelizmente, foi precisamente ao contrário, dei umas passas no 9º ano e até hoje nunca mais parei, uma desgraça.

Obviamente quando me refiro a toda a gente não me refiro exactamente a toda a gente. Não posso obviamente falar no caso de países que deconheço. Mas no nosso caso, não conheço um único fumador que desconheça os malefícios do seu acto.

[font=tahoma]Sobre fumar e deixar de fumar…

Perguntava-me o meu filho em miúdo, porque raio começam as pessoas a fumar, se saem que faz mal.
E por acaso, já lá vão anos, e ele ainda não fuma.

Em tempos estive numa reunião de antigos colegas de escola, em que um teve que sair de repente.
Trabalhava salvo erro num laboratório farmacêutico, e ia ver se uma acção de promoção dum medicamento para deixar de fumar estava a correr bem. Tratava-se de algo de bastante responsabilidade, do ponto de vista económico, é claro.
Quando voltou, no seu Porsche descapotável, disse-me que hoje em dia só não deixa de fumar quem, ou não quer, ou não tem dinheiro, pois com os muitos medicamentos disponíveis, é tiro e queda.
Vendo isto como comprei.
E efectivamente, conheço mais que uma pessoa que deixou de fumar por esse método, e, coincidência ou não, nenhum deles é propriamente pobrezinho.
Em tempos houve aqui onde trabalho um programa para quem deixasse de fumar. A empresa subsidiava o tratamento, e apenas impunha o reembolso total aos reincidentes. Tanto quanto sei, houve quem o tivesse seguido com sucesso.
Mas é claro que todos conhecemos quem tenha deixado de fumar, pura e simplesmente, apenas por acção de força de vontade.

O tema é vastíssimo, mas não deixa de ter toda e mais alguma pertinência.
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Deixei de fumar em Março de 2009. Fumava praticamente ininterruptamente desde a adolescência e um dia resolvi parar porque queria ter mais pulmão para o exercício físico, o tabaco impedia-o e, além disso, mesmo fumando pouco, 15 anos seguidos a fumar todos os dias deixam marca. Os efeitos secundários também são uma gaita. Quando somos novos não damos por nada, mas a partir dos 30 anos começamos a notar os efeitos do fumo. A pele envelhece muito mais depressa em quem fuma. A voz fica rouca. Os dentes ficam muito amarelos. Tinha de fazer uma limpeza à dentição três vezes por ano, senão tinha uma boca que era uma vergonha.

Se calhar o mal já cá está, mas pelo menos sinto-me bem melhor. Não tomei nada para deixar o tabaco. Acabei o maço, guardei o isqueiro e nunca mais fumei. :mrgreen: É verdade que só foi assim “fácil” porque tinha pouco vício. Fumava em média quatro cigarros por dia. Um maço chegava para quase uma semana, mas era Marlboro puro e não Lights. Enfim, ao fim de algum tempo já nem pensava em tabaco e hoje destesto o cheiro a cigarros. Há tempos deram-me um e não fui capaz de o fumar todo porque o meu organismo agora rejeita o fumo.

Não quero dar lições a ninguém, mas acho que não há prazer algum no tabaco que compense os riscos para a saúde e a baixa auto-estima que provoca o envelhecimento precoce e a falta de vigor físico.

[font=tahoma]Será que sabem mesmo, ou pensam que sabem?
Já discuti o assunto com muitos, e têm na ponta da língua um milhão de desculpas, dentre as quais o haver muitas coisas que fazem mal, e mais que o tabaco, etc.
A convicção é por vezes tanta, que não sei até que ponto se estão a tentar convencer disso, ou já estão convencidos.

Não citei aqui uns dados, para não ser chato. Por exemplo, numa estatística que ouvi na rádio, a percentagem de fumadores entre os que sofrem de cancro nos pulmões é demasiadamente grande para poder ser negligenciada, mas sem se poder provar cientificamente a relação. Eu não sabia disso.

Outro pormenor, mas este para te dar razão (uma vez que não quero a taça): Há uns anos, ouvi uma conversa típica de mulheres, sobre os bebés, etc., e diziam todas as que fumavam que se tinham encolhido, deixado de fumar, aquando do primeiro parto, e que no segundo já não aguentaram, e voltaram a fumar, tendo como consequência, em todas elas, doenças respiratórias nos segundos filhos.
Fiquei pasmado. Julgava que não havia qualquer evidência palpável duma relação entre os dois factos, e para meu ainda maior espanto, estavam todas ao corrente da questão, tinha todas sido alertadas para o problema, e não duvidavam minimamente dele. Mais ainda, algumas sabiam de testemunhos directos, e outras eram reincidentes.

Ou seja, como em relação a todos os vícios, a vontade deixa de ser suficiente, e a pessoa torna-se até irresponsável, podendo causar mal a outros, sem tentar sequer evitá-lo.

Mas lembro-me também duma história que li num fórum de antigos alunos do meu liceu. Um tipo acordou de noite, e descobriu que não tinha tabaco. Vai daí, saiu em pijama, à chuva, com sono, tendo bebido antes de se deitar, à procura de tabaco. Como não sabia onde encontrá-lo, arriscou uma informação não confirmada, segundo a qual haveria um sítio qualquer onde havia.
Por acaso teve sorte. Acordou pessoas que estavam a dormir, apesar do frio, chuva e horas, só por causa disso.
No dia seguinte achou que não tinha sido no mínimo razoável o que tinha feito, até porque a estrada estava perigosíssima. Dois dias depois achou que tinha roçado o absurdo. Ficou assustado com o que o desassossego o tinha feito fazer.
Ao quarto dia resolveu deixar de fumar. Disse que se considerava demasiado inteligente para obedecer a coisas tão irracionais.
Segundo disse, conseguiu.

Se haver um Dia Mundial Sem Fumo é útil ou não, é irrelevante. Existe, e é assinalado. Se atinge a sua finalidade, é como tudo, o sucesso é algo difícil de garantir.

(senão os orcs ganhavam sempre)
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Eu digo todas porque até hoje não vi uma única que fizesse sentido. Há um pressuposto básico neste tipo de questões, é que as pessoas não mudam devido a terem mais informação sobre um tema. E todas as campanhas anti-qualquercoisa focalizam-se apenas em transmitir informação que a maioria das pessoas já sabe e que não as ajuda a largar o vício.

Para se atacar este problema, como já disse, é preciso agir com as instituição de saúde. O tabagismo é uma doença, não há que esconder este facto, é uma adição a um produto que não traz alterações conscientes mas que prejudica e bastante o corpo se persistirem os consumos durante muito tempo. É preciso identificar as pessoas que fumam através do médico de família (para isso era necessário que todos tivessem um), é preciso encontrar campanhas positivas que estimulem os miúdos emocionalmente para não fumarem, entre outras coisas que podem ser feitas.

Agora, esta coisa de dizer às pessoas os malefícios do tabaco é completamente oca. Não conheço ninguém que tenha deixado de fumar por ter visto um reclame e pensado: “epá isto provoca o cancro. Vou deixar já hoje!”.

A isso tudo podia responder com um chavão, «a culpa é sempre dos outros». Mesmo quando são os tais outros que fazem alguma coisa para mudar…
O facto é que muitos deixam de fumar, e dentre as razões que os levam a isso, pode ter contribuído o que os tais outros fazem.

Meu caro,
A verdade é que, nos dias de hoje, a desresponsabilização acaba por ser uma coisa natural. As pessoas quando tem determinado comportamento arranjam sempre qualquer desculpa para se descartarem da responsabilidade. E com o tabaco é a mesmíssima coisa. As pessoas fumam porque querem. É simples! Não vale a pena andarmos aqui com histórias de que é uma doença e outros paninhos quentes porque todos sabemos que só se mantém nesse vício quem quer. Toda a gente tem o seu vício. Uns não fazem mal nenhum, outros fazem algum e outros ainda fazem bastante. O tabaco é só mais um entre tantos outros. E hoje em dia as pessoas dispõe de informação suficiente para saber dos danos causados pelo tabaco. Não há desculpa. Ou não viesse logo uma mensagem popular em cada pacote como “FUMAR MATA”…

[font=tahoma]Vamos lá a ver. Não se pretende atacar ninguém, e se se critica, é por tabela, isto não é nada pessoal.

A questão da desresponsabilização é de facto relevante. Daria pano para mangas discuti-la, tem bué antecedentes históricos (a absolvição resultante da confissão, na religião romana, por exemplo), no pós-25 de Abril generalizou-se, mas não é um exclusivo nacional, longe disso.
O criminoso que culpa a sociedade por não lhe ter dado emprego, casa, assistência na doença, etc., é um exemplo típico. Por cá há umas adaptações engraçadas (…), mas não exclusivas. Chega-se ao ponto de dizer que a culpa dum assassinato não é do assassino, mas de quem lhe permitiu obter uma arma, e outros delírios (quem puxa um gatilho é inocente…).

Mas não é em torno disso que se discute, nem é, que eu saiba, o objectivo da existência, pelos vistos muito contestada aqui, dum Dia Mundial Sem Fumo.

Se deixar de fumar fosse fácil, os números seriam obviamente outros. Mas, talvez enfrentando a desresponsabilização e o demissionismo, se possa conseguir algo. Compete a cada um perguntar-se se quer realmente deixar de fumar, e caso assuma que não, ser capaz de questionar essa opção.[/font]

Essa frase para mim resume toda a questão. Eu relativamente ao tabaco nem percebo drama que se faz. A informação existe, as pessoas podem fazer o que quiser. Tem é de assumir a responsabilidade da decisão. Tão simples quanto isto.

A única coisa que acho mal é quando aqueles que não fumam tem de gramar com o fumo dos outros. Mas isso é outra discussão porque aí é preciso saber definir onde é que acaba a minha liberdade e começa a dos outros…

Mas desde quando é que as pessoas têm comportamentos aditivos porque querem? Ou desde quando é que as pessoas mudam esses comportamentos porque têm informações sobre isso? Isso não só não faz sentido, como é errado do ponto de vista psicológico. Por exemplo, no caso das pessoas que consomem drogas duras, é preciso todo um processo terapêutico (que muitas vezes leva anos) para que consigam cessar os consumos e encontrar outras fontes de prazer. Não é uma coisa que ocorre de um dia para o outro e há uma série de variáveis envolvidas no longo caminho de cura. Não será por mero acaso que as terapias mais agressivas e que fazem cessar o consumo sem apoio psicológico têm taxas de sucesso reduzidas - isto é um facto científico.

Depois, eu não estou a desresponsabilizar ninguém. A questão é que o tabagismo é mesmo uma toxicomania que induz alterações na química cerebral e leva as pessoas a não conseguir largar o vício - tal como em muitas outras drogas. Fumar acaba por não ser uma escolha, é antes uma necessidade.

Em relação às campanhas, todos os dados que possuo vêm da área do comportamento humano e ambiente (uma ciência psicológica) e mostram claramente que as campanhas meramente informativas não têm sucesso e não é por isso que as pessoas deixam de fumar. Mais uma vez, não sou eu que o digo. É a ciência.

Companheiro,
Eu também tenho o meu pequeno vício pessoal: o café. Poderia arranjar mil e umas desculpas, dizer que o culpado deste meu vício é o meu pai que ainda pequenito me deixava beber (embora pouco), mas não vale a pena ir por aí.
Facilmente tomava 4 cafés por dia sem qualquer impacto, quando fui para a Universidade em altura de exames chegava aos 7/8. No entanto o vício é meu, eu é que o alimentei e portanto não vale a pena estar aqui a criar mais desculpas. E repara que em relação ao café não existe uma publicidade tão agressiva dos malefícios deste quando comparada com aquela que é feita com o tabaco.

Sabes porque é que comecei a pensar em tentar acalmar o vício? Quando comecei a sentir os efeitos. Antes de ter de usar óculos, fazia semanadas inteiras a dormir 5/6 horas diárias sem qualquer problema. Após meter os óculos passei a ter de descansar mais para recuperar mas como não o fazia e como bebia muito café acabava por andar tipo zombie, onde não me sentia minimamente cansado mas depois tinha um autêntico nó no cérebro, em que me via à rasca para me concentrar. Desde então procuro duas coisas: dormir mais um pouco e beber menos café. Já tentei inclusive largar o café e admito que não consegui. No entanto já baixei o consumo para um (no máximo dois) por dia, o que para mim já é um bom princípio. Mas lá está, para estar disposto a fazer esforço foi preciso sentir no pêlo os malefícios do vício…