eu acho sinceramente que andamos todos (e por todos leia-se todas as classes) errados.
governo, trabalhadores, patrões e desempregados.
sempre que uma pessoa aceita pagar um serviço ou um bem sem pedir factura (e já agora, se não estiver certificada, perguntar a razão), está a possibilitar uma fuga ao fisco. fuga essa que prejudica as contas do país, e mais tarde (como estamos a sentir agora), prejudica-nos a todos directamente.
e ainda pior, muitas vezes pagamos o iva, e a empresa (neste caso, erro dos patrões da mesma) sonega-o ao estado, ficando com ele para si.
os patrões estão errados sempre que contratam uma pessoa menos qualificada do que o necessário para uma tarefa, apenas pela possíbilidade de lhe pagar menos. isto leva a que a tarefa não seja (tão) bem executada como seria necessário, porque o empregado, recebendo pouco, também pouco se vai importar em dar o seu melhor.
os empregados, sempre que se sentem «injustiçados» porque os patrões andam na boa vida às suas custas (porque sentem que «eles é que trabalham»), não dão o máximo que podem e sabem. o reverso da moeda é que os patrões também não sentindo o empenho dos empregados, também pouco se preocupam em investir neles (dar formação adequada, prémios e bonificações, regalias sociais, etc).
os desempregados porque muitas vezes não aceitam um trabalho com menos regalias ou serviço equivalente ao que tinham anteriormente (embora isto esteja a acabar, penso eu. com tantos desempregados, espero que muitos já só estejam a viver à custa do estado porque não arranjam mesmo emprego).
os governantes porque todas as medidas que apresentam são «cosméticas». são medidas de curto prazo, que em nada ajudam a fomentar o emprego, não ajudam a elevar os padrões de exigência nos organismos públicos, não ajudam a estimular a economia.
só que estamos todos a apontar o dedo aos outros, e assim… parece-me que não vamos lá. temo que a única hipótese de Portugal voltar a ter uma economia saudável, apoiada num tecido emrpesarial pujante e competitivo é uma mudança de mentalidade global, que terá que ser tomada por (quase) todos, independentemente da posição, estrato social ou folha salarial.
é preciso que cada um funcione como «fiscal», tanto das finanças (a tal questão de pedir factura certificada), como dos patrões (dentro do local de trabalho tentar incentivar e educar os colegas mais «desleixados»), como de si mesmo (talvez chegar ao final do dia de trabalho e pensar no que se fez bem, no que se fez menos bem, e no que se poderia ter feito melhor).
é preciso que cada um, ao se deparar com excelencia, exulte e divulgue o facto, e tente seguir o exemplo.
é preciso que cada um ponha a mão na consciência, e se preocupe mais com o colectivo do que com o individual.
e também ajudaria que, mesmo que muitas vezes pagando mais, que se optasse por produtos e artigos nacionais, em detrimento do equivalente estrangeiro.
em relação ao tópico em si, não posso acreditar que existam grevistas que pensem que ao fazer greve estão a ajudar nalguma coisa. apenas prejudicam, não só o estado, não só as empresas, como o país, e por tabela, todos nós.