David Caiado, grato ao Sporting mas sem saudades de Lisboa.
Extremo teve a possibilidade de ir para o F.C. Porto, mas diz ter feito bem em preferir Alvalade. Pelo meio garante que não gostou de viver na capital.
Um dia depois de fazer o primeiro golo da época, David Caiado sorri mais facilmente. «Estive três jogos de fora por lesão, voltei há duas semanas e fiz uma assistência, ontem marquei um golo.» O Olympiakos Nicósia não ganhou, mas o extremo português confia que as coisas vão correr melhor.
Ora correr melhor é uma esperança que David Caiado alimenta desde os treze anos. Nascido no Luxemburgo, onde os pais foram emigrantes, regressou a Portugal com doze anos. Na altura já jogava à bola, por isso quando regressou para a aldeia Gatões, perto de Coimbra, foi jogador para a Académica.
Um jogo apenas bastou-lhe para chamar a atenção dos grandes, que já o seguiam desde um torneio que a equipa luxemburguesa fizera em Portugal. «O primeiro a interessar-se foi o F.C. Porto, cheguei a ir conhecer o Estádio das Antas, mas depois o Aurélio Pereira convenceu-me a ir para o Sporting.»
Em Alvalade fez toda a formação, integrou até uma geração de luxo que por duas vezes foi campeã nacional de juniores. Trabalhou com Paulo Bento e chegou a estrear-se pela equipa principal em Braga, com apenas 18 anos. «Tive uma formação desportiva excelente, ao nível do melhor que há na Europa.»
No Luxemburgo, a sonhar marcar a Portugal
No entanto nem tudo foram rosas, e David Caiado admite com sinceridade que Lisboa não lhe deixa saudades. «Deixar a minha aldeia para ir para Lisboa foi uma mudança complicada», conta. «Lisboa é uma cidade muito insegura, fui assaltado inúmeras vezes e sempre que ia para a escola era difícil.»
Logo no primeiro dia na capital, aliás, roubaram-lhe o telemóvel. «Estava à frente da escola, a falar com a minha mãe e fui assaltado.» Quis ir embora, a mãe quis que fosse embora, mas acabou por ficar. «Hoje admito que foi enriquecedor. Não gosto de Lisboa, mas fez-me crescer, até por estar lá sozinho.»
David Caiado não se arrependeu, de resto, por preferir o Sporting ao F.C. Porto. «Tive uma formação muito boa, que no F.C. Porto não teria. Em termos humanos podia ter aprendido mais coisas, mas m termos desportivos o Sporting é enorme, com excelentes condições, do melhor que há na Europa.»
Kontis, o jogador que a saúde roubou ao Apoel
Hoje no Chipre, depois de ter passado pelo Estoril, o Trofense e pelo Zaglebie Lubin, da Polónia, David Caiado discorda de quem menospreza o campeonato cipriota. «Tenho um colega que jogou dez anos na liga espanhola, no Corunha e no Gijón, e está surpreendido com o nível da liga cipriota.»
«Financeiramente é um campeonato muito forte e os bons jogadores vêm para aqui e dão valor ao campeonato. Há vários jogadores da primeira divisão grega que estão a preferir o Chipre, exactamente porque paga bem. Há um treinador inglês que formou uma equipa só quase com ingleses da II Liga.»
«Enfim, é um campeonato que não é fraco como alguns dizem. Tem bons jogadores e tem valor. Por isso nós também ficamos contentes com o Apoel na Champions, porque mostra que aqui há valor», adianta David Caiado, ele que não foi para as margens do mediterrâneo passar férias.
«O maior problema é a ausência de uma imprensa forte, o que não promove este futebol como devia. Mas é um bom campeonato e um bom país, onde toda a gente fala inglês e onde as escolas são todas inglesas.» O futuro do futebol cipriota vai ser sorridente, acredita.
(in: http://www.maisfutebol.iol.pt/fcporto/david-caiado-maisfutebol-fc-porto-sporting-chipre-mais-futebol/1290182-1304.html )