Excelente abordagem, mas em relação à questão de sermos um Clube de elites ou de massas devo dizer que é evidente que nenhum Clube pode ser grande se não tiver um forte apoio popular e o Sporting até foi o primeiro a perceber isso quando criou as filiais e delegações que se espalharam pelo país todo, depois vieram as grandes vitórias e é isso que cativa o povo, mas essas bases nunca impediram o Sporting de ser um Clube fechado e nada democrático de acordo com o que era tradicional na época.
Até 1989 era o Conselho Geral (depois Leonino) que escolhia os restantes órgão sociais e mesmo quando os sócios passaram a ter o direito de apresentar listas alternativas, isso só aconteceu pela 1º vez em 1984 (10 anos depois do 25 de Abril). Gonçalves e Cintra foram a excepção à governação elitista do Sporting e valem 7 anos em 107 de história.
Na minha opinião há também uma espécie de maldição sobre este Clube que parece estar sempre com o passo trocado com a história. Para além da questão que referes dos Cinco Violinos terem aparecido no tempo onde não havia competições europeias e poucos jogos de Selecções, há outros dois momentos que foram historicamente desfavoráveis ao Sporting, como o começo da guerra colonial que coincidiu com a chegada do Eusébio e que permitiu que o Benfica roubasse a hegemonia ao Sporting no futebol.
Acho que toda a gente já ouviu falar nos três FFF (Futebol, Fátima e Fado) tão caros a Salazar, a quem a partir dessa altura passou a interessar as vitórias do clube do povo, que ajudavam a esquecer os filhos que partiam para África, e julgo que não terá sido coincidência que nesse período o Sporting tenha tido vários Presidentes que eram militares ligados ao regime que cumpriam mandatos de um ano tipo comissão de serviço sem levantarem muitas ondas, como foram os que sucederam a grandes líderes como Ribeiro Ferreira e Góis Mota.
A crise de 1965 veio numa altura em que o Sporting já se tinha deixado ultrapassar pelo fulgor do Benfica europeu e depois rebentou o 25 de Abril precisamente na altura que João Rocha avançava com a inovadora ideia do Clube-Empresa que nunca conseguiu pôr em prática dada a instabilidade política que se seguiu e as dificuldades em de afastar o Sporting do rótulo do Clube dos fascistas, o que permitiu que o Benfica tivesse durante vários anos apoios que eram sempre negados ao Sporting.
A juntar a tudo isto apareceu um tal de Pinto da Costa que com ou sem “sistema” reinventou o FCP, e o Sporting continuou a atrasar-se até se enterrar no Projecto Roquete. O problema agora é como sair daqui. :inde: ^-^
Já agora, e porque tem sido um ponto focado por muitos… quando escrevi que nunca foi um clube de massas, talvez tivesse sido melhor dizer que nunca foi claramente “o” clube de massas, excepto no tal período de 40/50. Faz mais sentido
Eu sempre tive dúvidas que o Sporting tivesse ganho o que o Benfica ganhou se o Eusébio tivesse vindo para Alvalade.
Um jogador não faz uma equipa, e é preciso não esquecer que o Benfica ganhou uma Taça dos Campeões sem ele.
Eles já tinham grandes jogadores do meio-campo para a frente (Coluna, José Augusto, Simões, Águas, mais tarde Torres e Jaime Graça), além do Eusébio, coisa que o Sporting não tinha, pelo menos em quantidade.
Aliás, basta ver a composição da seleção do Mundial 1966, basicamente era defesa do Sporting, meio-campo e ataque do Benfica.
Concordo em absoluto com o ponto de vista apresentado no texto do @Stromp3, existe até um excelente exemplo, com o devido distanciamento em termos de importância, que pudemos utilizar.
Na África do Sul, no período que conhecemos como o fim do apartheid, uns reclamavam o poder para o povo, de maioria negra, devendo ser governados por negros, acabando com a segregação existente, o racismo, os abusos, enfim, a ditadura imposta. Do outro lado, os afectos ao regime, lutavam para manter o poder, consumidos pelo medo de cair no desconhecido, em mãos que ficariam manchadas de sangue na louca procura pela vingança.
O que aconteceu, superou as expectativas de todos, um líder chegou ao poder, mas um líder sul-africano, não negro, não branco, sul-africano. Ao invés de iniciar uma vingança contra todos aqueles que lhe destruíram a vida até então, colocou o país à frente, perdoou percebendo que seria a única maneira de conseguir unir a África do Sul.
(Está claro que só um Sportinguista conseguiria fazer tal coisa )
Não quero com isto comparar uma situação à outra, até porque, por mais fanáticos que possamos ser, todos compreendemos que comparamos uma bola de neve com um nevão, contudo, serve muito bem para exprimir quem procuro ter à frente do meu clube a partir do dia 23 de Março, um “estadista”.
Existem obviamente situações que não podem ficar impunes, que me metem raiva, nojo e me revoltam. Mas não será a altura, pelo menos para já de as resolver. Quem quer que seja que venha a ganhar as eleições deve primeiro procurar unir os Sportinguistas, não menosprezando nenhum sector do nosso clube. Só depois de consumada essa união será possível apurar responsabilidades.
“Uma caça às bruxas” seria muito negativo nesta altura. Até lá, deverá apenas agir caso existam indícios irrefutáveis.
Quando se constatassem indícios de ilegalidades recentes ou remotas, seriam remetidos sem alarme nem alarde, à PGR.
E as autoridades judiciais que investigassem e avaliassem as consequências cíveis ou criminais dos factos apurados.
Muito bom o trabalho do Stromp, uma analize quase perfeita na qual eu partilho .
Digo quase porque tambem nao concordo com a parte do Sporting nao ser um clube de massas!!
Eu nao tenho vergonha de admitir que nao me sei expressar tao bem como muitos de voces mas isso nao me inibe de dizer o que sinto em relacao ao Sporting,do presente e do passado, eu tenho vergonha e de ser acusado de desonesto, isso sim tenho vergonha.
Dito isto:
Com isto quero dizer que ja por aqui dei umas pinceladas relativamente a esta questao do conflito social, mas como foi dito por mim pouco valor tinha ou mesmo alguma credibilidade.
Ainda hoje se nota em alguns sportinguistas quando para aqui veem tentar denegrir a imagem de adeptos de outros clubes numa clara demonstracao de que se sentem superiores aos do outro clube porque sao sportinguistas, quando esta mais que confirmado que o futebol e um desporto de massas , e que todos os clubes tem pessoas de todas as classes sociais!
Dai que os poucos que leem o que escrevo sabem muito bem que ja por muitas vezes disse que nunca gostei de ser considerado" diferente" , o ser diferente para mim foi sempre considerado como desculpabilizacao da incapacidade para vencer!!
Relativamente a analise de outros foristas sobre este tema elas vieram de encontro aquilo que tenho andado por aqui a pregar , (nao sou pessoa de desistir facilmente)com isto quero dizer que me sinto contente porque pouco a pouco alguns reconhecerao mais tarde ou mais cedo e saberao entender quais sao as melhores opcoes para resolver o problema do clube, mas para se curar um doente , e claro que primeiro se tem que identificar a doenca, e claro que o titulo deste topico e um dos sintomas da doenca que o Sporting clube de portugal tem ha muitos anos!!
Para terminar e em jeito de conclusao e nao e contra ninguem nem por birra , mas simplesmente a constatar um facto , que ja disse e continuo a dizer que me parece injusto estar a culpabilizar o Godinho como se fosse o unico culpado do estado a que chegou o Sporting, quando toda a gente se esquece que o Sporting ja tem um passado , ele apenas foi outro dos muitos culpados, com a agravante , dos numeros serem muito superiores em relacao ao tempo da sua presidencia, e dos outros!!
Na verdade o titulo deste topico e um sintoma da doenca que afecta o clube, ha muitos anos , so falta saber e se havera capacidade para detectar outros sintomas ligados a esta doenca, porque motivos para achar que se tem feito os diagnosticos errados nao faltam!
Boa noite!!
Tenho estado a ler Diários de Lisboa antigos, dos anos 20, à cata de info para a Wiki. Recorrentemente vejo o jornalista a relatar casos em que o árbitro prejudica o Sporting (e beneficia o Benfica), e há este relato de um jogo em 1924 contra o Sparta de Praga, uma das melhores equipas da altura:
"Foi uma surpresa muito grande - como grande surpresa foi para muitos, incluindo os jogadores verde-brancos, a atitude do público.
Nunca a popularidade mimou os homens do Sporting. Quasi todos os seus jogos teem sido feitos contra onze adversários em campo, e milhares de adversários fora dele.
E a ovação espantosa que coroou o seu primeiro goal deve tê-los surpreendido mais do que aos nove ou dez mil assistentes surpreendeu o facto de ver o Sporting a ganhar ao Sparta por um a zero."
Isto diz muito sobre os primeiros 20 anos do Sporting, o pouco popular que era entre as massas! E isto quando já vinha de anos seguidos de triunfos!
O Sporting era o Clube dos ricos enquanto o Benfica era o Clube do povo, só em meados dos anos 20 muito por acção e Júlio de Araújo é que se deu o primeiro salto passando-se de 300 para 3000 sócios e com a criação das filiais que se espalharam pelo país.
Mais tarde nos anos 40 e 50 com as vitórias do futebol o Clube cresceu muito em termos de popularidade, mas não era qualquer um que podia ser sócio do Sporting. Era necessário haver um sócio proponente e mesmo assim a proposta era afixada na Sede durante alguns dias para que os restantes sócios pudessem avaliar o candidato.
Só com João Rocha é que o Clube dá um salto de menos de 40 mil sócios para mais de 100 mil, e foi a partir dessa altura que o Clube passou a viver uma espécie de crise de identidade.
Fiz-me adepto do Sporting, não por influência familiar (pai benfiquista) nem por admirar qualquer presidente ou director do clube.
Foi pelos ídolos que o clube detinha. Chamavam-se Jordão, Manuel Fernandes, Bastos, Damas, José Eduardo etc. Eram grandes jogadores e já na altura levantavam o nome do clube bem alto. João Rocha era o presidente do clube mas pouco aparecia nos jornais a não ser para por ordem numa ou noutra situação.
Com dificuldade lá ia pagando as minhas quotas e tinha de arranjar dinheiro para os cinco jogos que eram a pagar na altura, os “dias de clube”.
A partir de roquette, com dias da cunha, soares franco bettencourts e godinhos, Enquanto que nos grandes rivais se contratavam jogadores, uns atrás dos outros, as nossas conquista eram novos dirigentes e treinadores. Era o rui meireles, o carlos freitas, o paulo relógio, os desfiles de gravatas, charutos e whyskies.
Lembro-me até de perdermos miúdos para o chelsea pois não quisemos fazer contratos de formação aos juvenis para termos o dinheiro disponível para pagar a esses dirigentes que acabaram por sair com indemnizações principescas.
Fui sendo empurrado para fora do clube, pois como sócio nada era ali. Desrespeitado na secretaria, na academia, nas entradas, os sócios eram meros pagadores e não estavam ali para reclamar fosse do que fosse.
Deixei quase de ser sócio quando fui denominado de energúmero pelo próprio presidente do clube. quando fomos tratados de forma ignóbil em todos os estádios deste país, com relevância para os dos nossos maiores rivais, sendo maltratados pela polícia e obrigados a perder mais de meia hora dos jogos que pagávamos com o nosso suor. Da direcção do clube, entretida a bebericar com os presidentes adversários nada era dito nem protestado.
Com bettencourt deixei de vez de ir ao estádio pois sem qualquer aviso passaram a proibir o estacionamento das motas nas redondezas do edifício visconde para que alguns chicos espertos que de sportinguistas nada tinham passassem a ali estacionar.
Com godinho lopes (não tendo já votado nessas eleições) pensei que o clube fosse ser devolvido aos sócios mas assisti a uma luta fratricida entre direcção e mesa da assembleia e ao pior desempenho presidencial de que há memória neste clube ao qual se junta a vergonha de termos um vice presidente pronunciado por corrupção.
Penso que chegou a hora de deixar alguém com amor ao clube e com ideias, alguém que não esteja vendido aos bancos e que ponha ordem na casa.
Quem tomar posse em março terá de se ver livre da corja que ocupa indevidamente o clube há anos a fio e que nos rouba dinheiro se ter qualquer direito a fazê-lo.
Mas principalmente gostaria de voltar aos meus tempos de miúdo e ver os jornais anunciarem, não novos directores, nem treinadores, mas sim jogadores, ídolos pois são esses que fazem a grandeza dos clube e trazem os adeptos.
Agradecia também que deixassem de falar em belenensização ou balcânização do Sporting. Esses termos não são dignos de sportinguistas. São usados pelos nossos adversários para nos menorizarem. O Sporting em grandeza não tem qualquer comparação com o belenenses (nada tenho contra este clube) nem nunca terá, nem que esteja 50 anos sem ganhar qualquer campeonato.
O Sporting é ENORME! Vamos ter orgulho no clube e voltar a coloca-lo onde merece!
È a velha máxima: terão o clube que merecem!
E apenas o amor irracional ao clube permitem que existam ainda os tais “talibans” que não se revêm nestes valores de merda, a lutar por um Sporting como aquele que aprenderam a amar. Mas lá está, se efectivamente os sócios quiserem sufragar definitivamente o sporting submisso, “elitista”, “diferente”, preconceituoso, etc, então que fiquem com ele, e com ele se afundem!
Nesse cenário, apenas vejo a refundação como solução!
Até porque como muito bem disse o Toca do Lobo não há clubes grandes sem bases populares, porque clubes sem base popular são clubes de campo, e não clubes grandes!!
Não havia competições europeias como hoje conhecemos mas a “maldição” que falas é verdadeira. É a nossa sina. Os Cinco Violinos, o nosso expoente máximo no futebol, jogaram a Taça Latina. Para quem não sabe, na altura havia duas taças europeias, a Latina e a Mitropa. A Mitropa era para os países do Leste europeu e a Latina, como o nome indica, para os países do Sul. Só o Reino Unido não entrava em nenhuma.
Os Cinco Violinos chegaram à 1ª final em 1949 e perderam com o Barcelona por 2-1. Os lampiões chegaram à final no ano a seguir e ganharam ao Bordéus por 2-1 após empate a 3 no primeiro jogo…
Mas eram de facto uma equipa para dar luta aos maiores da Europa. Por exemplo, em '52 ainda perdemos 3-2 na atribuição do 3º lugar com a Juventus e em '53 depois de termos perdido 4-3 nas semi-finais com o Milan, ganhámos ao Valência por 4-1 para o 3º lugar.
Nunca ganhámos uma Taça dos Campeões Europeus e isso custa, mas para mim a Taça Latina é um daqueles troféus que mais me dói não ter no nosso museu, por ser na altura em que tivemos a nossa melhor equipa.
Já no futsal, também apesar da nossa maior história na modalidade, os lampiões nos levaram a melhor e conquistaram o troféu europeu e nós no ano a seguir perdemos com uns italianos da treta… É sina.
Tiro o meu chapéu às participações anteriores, de muito alto nível, e à quase totalidade do conteúdo dos mesmos.
Tocou-me em especial o post do membro orlopesdesa, pelo exemplo e lição de Sportinguismo do seu avô.
Eu cresci a ouvir os relatos dos jogos, e a estar sempre presente nos jogos Sporting-fcp, onde um familiar, um homem do Minho, me levava sempre. Nunca cheguei a saber porquê, mas, ele ia sempre ver esse jogo. Só esse, porque não tinha dinheiro para mais. Mas levava-me sempre com ele. Que esteja no Paraíso, Manuel!
Depois de ter começado a trabalhar, tornei-me sócio do Sporting, e do pouco dinheiro com que ficava do ordenado (mãe doméstica e pai desempregado), grande parte era destinado ao pagamento das quotas. Vivi grande parte dos 18 anos negros estando sempre presente em Alvalade.
Depois de várias e grandes mudanças na vida, acabei por voltar a ser sócio do Sporting no reinado de bettencourt, mesmo não gostando dele, mas porque achei que o Clube precisava de todos os Sportinguistas.
Não concordo que o Sporting seja um Clube de elites, gente rica, ou importante. Nem que não seja um Clube de massas. Em Portugal haverá entre 3 e 4 milhões de Sportinguistas, a que se juntam os outros que estão espalhados pelo mundo, como, para falar nas participações neste tópico, na Pensylvânia, Londres (em cujo Sporting Clube já tive o prazer de jantar), Bruxelas e tantos outros locais em todos os continentes. E, certamente, não serão os membros dos locais referidos que participaram no tópico os únicos Sportinguistas desses locais.
O que os Sportinguistas são é mais reservados, mais timidos, e mais envergonhados do que os pavões do outro lado da circular.
No presente, e em relação ao que é o coração do Clube, considero que está mais do que na hora de aproveitar a formação, que é, no mínimo, uma das melhores do mundo, juntando-lhe alguns, poucos, muito poucos, jogadores der qualidade inegável. Comprar às carradas, em contentores, é um bocado mais para o lado, não para nós.
Em relação às próximas eleições, o que espero é que sejam limpidas e transparentes. Que o resultado, mesmo que seja renhido, não deixe dúvidas a ninguém. Que não haja quem me responda, se eu disser estar convencido da existência de irregularidades, ‘é verdade, eu vi! eu estava lá!’.
No meu caso concreto, espero que os ‘bons nomes’, os ‘credíveis’, não ganhem. Para que não tenhamos mais do mesmo, para que não continuemos a arrastar o Clube pela lama, e, para não termos um dia uma, inevitável, refundação.
SL
PS: Peço desculpa se o post não faz muito sentido ou está atabalhoado, mas foi escrito com a emoção, e não com a razão.
Estás absolutamente seguro? O Benfica foi mesmo fundado por homens do povo, classe média-baixa e baixa, e sem qualquer ligação com as esferas do País (políticas, sobretudo)?
O Diário de Lisboa da época relatou na altura: “A vitória do grupo de Belém possui a grande virtude de premiar um trabalho que poucos têm apreciado e enaltecido. O Belenenses, mais ainda que o Bemfica, pertence à categoria dos grupos caracterizadamente populares, recrutando os seus associados nas camadas mais baixas da sociedade: operários, marinheiros, soldados, tudo gente do povo, plebe castiça e sem mácula.”
“A obra do Belenenses, sob o ponto de vista social, fazendo drenar para o seu campo de jogos - que é toda aquela faixa arenosa da Praça de D. Fernando até ao Bom Sucesso - a massa dos operários, do seu burgo, desviando-os da taberna e para neles suscitar o gosto pela vida ao ar livre e os hábitos de solidariedade e de fraternidade, com o pretexto dos jogos desportivos, merece realmente o título de campeão da época de 1925 - espécie de Gran Cruz desta Ordem de Mérito foot-ballístico.”
Benfica e Sporting cresceram de braço dado, por isso eu até conheço alguma coisa da história deles.
De acordo com a versão oficial o Benfica terá sido fundado em 1904, no entanto isso não foi bem assim porque o Clube que foi fundado nessa data chamava-se Sport Lisboa e tinha sede em Belém e pelo que sei esse até era um Clube de gente de boas famílias, tanto é assim como segundo reza a história esse Clube esteve para acabar porque não tinham instalações e os pais dos rapazes não gostavam que eles andassem a mudar de roupa atrás das árvores.
Foi nessa altura, em 1908 que alguns dos fundadores, sócios e jogadores do Sport Lisboa vieram para o Sporting atraídos pelas excelentes condições do Clube de José Alvalade. Um deles https://www.wikisporting.com/index.php?title=Queirós dos Santos chegou a ser Presidente do Sporting e aquele que é oficialmente considerado o primeiro Presidente do Benfica foi Presidente do Conselho Fiscal do Sporting.
Foi em 1908 que o que restou do Sport Lisboa se fundiu com outro clube, que salvo erro se chamava Grupo Sport Benfica que tinha uma sede e um campo de jogos, dando origem ao actual slb, o que não deixou de causar alguma polémica entre a rapaziada de Belém que não gostou da ideia da mudança para Benfica, tanto assim que Artur Correia | Wiki Sporting José Pereira nunca desistiu da ideia de fazer um Clube no seu bairro e mais tarde fundou o Belenenses.
O resto da história não conheço muito bem, mas é sabido que o slb foi adoptado como sendo o clube do povo, o que não quer dizer que não tenha tido ligações ao poder, no entanto embora isso pareça fazer alguma comichão a certos sportinguistas, a realidade é que o Sporting foi fundado por aristocratas ficando ligado às elites e até foi estigmatizado como o clube do regime, mesmo que a partir de certa altura as vitórias do Benfica tivessem dado muito jeito aos salazaristas.
Mas depois do 25 de Abril o Sporting pagou caro por esse estigma e apesar dos esforços de João Rocha o Clube nunca mais conseguiu encontrar-se com a sua história riquíssima.
É impossível demarcar este tópico das eleições deste fim-de-semana, não há volta a dar. Mais que olhar para o passado, é importante olhar para o presente e o futuro.
[font=tahoma]É apenas um exemplo.
(à beira da estrada ainda eram mais que no Estádio)
Muito mais tarde, o país inteiro vibrou com Carlos Lopes, ficando até tarde a ver os Jogos Olímpicos na TV. E nunca ninguém dissociou Mamede, Lopes e o resto dessa geração, do Sporting.
Como alguns disseram, o clube nunca se adaptou bem ao pós-25 de Abril (basta ver-se que nem sequer havia eleições), não interessa agora por culpa de quem. Quando começava a parecer adaptar-se (no tempo de Cintra), voltou à estaca zero, com Roquette.
Antes de 25 de Abril de 1974 era um clube de massas, não devia nadinha aos orcs nesse aspecto. Quem teimar no contrário está mal informado.
Olhando para o presente e futuro, é preciso mudar o actual estado das coisas. Por muito medo que se tenha da mudança, é por demais evidente que isto assim não vai lá, é preciso dar uma grande volta. Como diz um slogan, é preciso devolver o clube aos sportinguistas. É preciso correr com essa quantidade de pseudo-gestores, ultra-incompetentes. É preciso trazer sangue novo.
Para devolver o clube aos sportinguistas (para aumentar as quotizações…) é preciso desfazer acções ruinosas (como quando S. Lopes criou a 13ª quota anual, o que provocou o abandono, em massa, de imensos associados) e é preciso vencer competições. Os sportinguistas têm mantido um low profile generalizado por causa da falta de vitórias. E esse low profile tem afastado os patrocinadores. Veja-se o mito que foi propagado durante muito tempo, dos orcs serem mais e comprarem mais jornais, que levou a pasquinada a torcer descaradamente por eles, e que lhes fez ser atribuída a maioria dos patrocínios disponíveis. O FCP também recebe o seu quinhão, fruto dos bons resultados desportivos. Basta o Sporting voltar a vencer para tudo isso mudar.
Só que entretanto os incompetentes atulharam o clube com dívidas, o que também provoca o retraimento de potenciais investidores…
O mais urgente é correr com os incompetentes. É mais do que óbvio, toda a gente concorda. (Não é por acaso que os defensores da continuidade crêem que o problema tem sido apenas de casting… Mas todos sabemos que é mais vasto que isso, que é uma questão de projecto em si.)
É sintomático que as candidaturas mais próximas da continuidade, aqueles com que os defensores da continuidade apoiam, como foi o caso de Godinho e é o caso de Couceiro, se apresentam com não sendo de continuidade. Essa está mais do que queimada, fracassou totalmente. Mas tal como um político ideologicamente próximo da ditadura se apresenta como democrata, os candidatos da continuidade apresentam-se como da mudança.
Até os incompetentes sabem que estão definitivamente queimados. Deram o tudo por tudo com Bettencourt e foi o que se viu; se não aparecesse Godinho, ficaria para a história como o pior presidente de sempre (agora tem um rival). É mesmo preciso correr com eles, não deixar que permaneçam, disfarçados de mudança (como foi o caso de Godinho).
Por muitas coisas bonitas que se digam, o problema é de dinheiro. É uma pescadinha de rabo na boca; não há dinheiro, não há resultados. Não havendo resultados, não há dinheiro.
Muita gente defendia que se investisse em jogadores de futebol estrangeiros, que os resultados apareceriam. Freitas entrou em acção e foi a m*rda do costume. Por muito que se simpatize com a legião estrangeira de Freitas, só mesmo Capel é que se aproveita.
Vai daí, regressa a treta do casting. Foi azar, Tiveram azar.
Tretas, tudo tretas!
O que fizeram foi o que se esperava deles, dar dinheiro aos empresários.
É evidente que parte da culpa é dos adeptos, que não se fazem sócios. Estão de birra, à espera de resultados. Mas enquanto não entrar dinheiro não haverá resultados.
Alguém tem dúvidas que sondagens como a deste fórum não têm qualquer significado, porque o fórum não é minimamente representativo, quanto a sócios?
O fórum é maioritariamente constituído por pessoal de longe de Lisboa ou sem rendimentos que lhes permita ser sócio. Como tal pouco risca a nível eleitoral. É pena.
Bastava um pouco mais de militância para não ser assim. Viu-se isso aquando duma ou outra AG, ainda há não muito.
Sei que é fácil falar quando se tem emprego, quando se pode pagar quotas. Mas só eu sei o que me custa pagar as Game Boxes no Verão. Eu sei o que me custou pagar as quotas todas do meu filho duma vez (long story), numas eleições.
Não foi sem algum sacrifício que sempre paguei as quotas (nunca me atrasei mais que um mês, ao longo de mais de trinta anos), desde que me fiz sócio, logo que tive o meu primeiro emprego. Cheguei a estar pontualmente desempregado por uma vez ou outra, mas consegui sempre manter as quotas em dia. Tive sorte, é um facto, mas também é um facto que mantive o pagamento das quotas no topo das prioridades.
O Sporting cresceu à custa de sacrifícios desses, digam o que disserem quanto às suas origens; não há milagres.
(isso foi no Médio oriente, há mais de dois mil anos, e é uma história muito mal contada)
Já fomos, de longe, o clube com mais sócios. Não me venham dizer que eram todos ricos.
Como já muitos aqui escreveram, as quotas não são assim tão caras. São exactamente iguais às dos orcs, e estes pagam-nas.
É certo que basta perderem para deixarem de as pagar, mas… Isso é muito importante. Estivemos anos a fio sem ganhar e a pasquinada não deixava de louvar a fidelidade dos sócios, que continuavam presentes no Estádio, apesar dos maus resultados. Até um dia…
É preciso voltar a acreditar. É preciso dar um murro na mesa e mudar as coisas.[/font]