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COMO JOGA O CSKA: Sistema, táctica e variantes
O MOMENTO DO ADVERSÁRIO DO SPORTING NA FINAL DA TAÇA UEFA .Mecanizada na perfeição por Gazzaev nas diferentes variantes do 3x5x2, este CSKA é uma equipa que conhece todos os espaços o relvado, das faixas ao centro, apostando nos jogo apoiado e nas bruscas mudanças de velocidade para, ora controlar o jogo, ora tentar ganhá-lo. Para esse estilo, possui jogadores tecnicamente evoluído e tacticamente muito cultos. Este é o seu perfil, pontos fortes e fracos, a explorar pelo Sporting na final da Taça UEFA.
Pelo nosso calendário, será a quinta vez esta época que o CSKA defrontará uma equipa portuguesa nas provas europeias. Pelo prisma da temporada russa, que pára no inverno e disputa-se, assim, durante cada ano civil, tal é diferente. Assim, para os russos, o CSKA defrontou o FC Porto, no final da sua época de 2004, encontrou o Benfica ainda na pré-época de 2005, e, por fim, disputará a final da Taça UEFA, no inicio da sua nova temporada.
Desta forma, o actual CSKA é, apesar de manter a mesma base, algo diferente do que, por exemplo, defrontou o FC Porto há seis meses. Em termos de jogadores, perdeu o médio Jarosik (para o Chelsea) e o polivalente Semak (para o PSG). No resto, a estrutura e a opção táctica preferencial permanece imutável.
As opções tácticas
Partindo de um dinâmico 3x4x1x2, variante o 3x5x2, tem três linhas de orientação base: o jogo pelos flancos (com os laterais ofensivos Zirkov, na esquerda, e Odiah, na direita, ou Gusev, quando joga com um médio-ala), o sentido de organização e passe dos volantes centrais (Rahimic-Aldonin) a defender e a atacar, e a permanente movimentação dos homens mais adiantados, com um médio ofensivo (Daniel Carvalho) deambulando nas costas dos pontas de lança (Olic-Wagner Love).
Noutra opção, mais aberta, pode jogar em 3x3x2x3, só com um trinco (Rahimic), inserindo mais um médio de cariz ofensivo, o ala direito Gusev, abrindo a frente de ataque e permitindo, assim, que a dupla de pontas de lança jogue mais em cunha entre os centrais adversários.
A segunda opção táctica, quando adopta um postura mais cautelosa, é o 4x4x2. Nesse sistema, os laterais jogam mais recuados (passando, na esquerda, Zirkov para médio ala, enquanto V.Berezoutski cobre na esquerda, surgindo Semberas á direita). Pode jogar em 4x1x3x2, só com um trinco e dois alas (Gusev-Zirkov) ou, na variante defensiva, em 4x2x2x2, com dois trincos (Aldonin-Rahimic), atrás de um médio centro, reabrindo os flancos aos laterais ou ás diagonais de um ala.
O RELATÓRIO-CSKA
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- COMO JOGA PELOS FLANCOS[/b]
Tendo como referência o 3x5x2 (3x4x1x2 ou 3x3x2x2), este CSKA é um onze que, desde logo, aposta no jogo pelos flancos como chave da sua dinâmica ofensiva, através dos clássicos laterais ofensivos. Nesse posto e missão, destacam-se Odiah, á direita, e Zirkov, á esquerda. São jogadores muito diferentes. Odiah, meio desengonçado, tem a velocidade imaginativa tipicamente africana, dribla em progressão, ganha segundas bolas, mas, em termos de visão de jogo, Zirkok, na esquerda, é muito mais jogador. Originariamente médio ala, sabe parar a bola, pensar, tabelar, entrar por dentro em apoio, ou rasgar pela linha em desequilibro, para depois centrar com precisão ou buscar, flectindo, espaços de penetração.
Noutra variante, em 3x3x2x2, o flanco direito ganha um típico médio ala, soltando, no ataque, o experiente Gusev, um jogador de grande carácter, que dá grande profundidade ao jogo e maneja com mestria os vários ritmos de jogo. Nessa dinâmica, também flecte no terreno (sobretudo quando o médio centro Daniel Carvalho descaí para a esquerda) e, desde o centro, distribui jogo em passes verticais.
Ou seja, embora não possua extremos típicos, este CSKA tem sempre as faixas preenchidas, a atacar e a defender, fruto da dinâmica táctica dos seus ocupantes, pelo que, no lado oposto, quer os laterais como os alas od Sporting, nunca lhes poderão conceder espaço para subir, marcando logo á saída do meio campo, estacando cedo a fluidez ofensiva russa pelas faixas.
2. COMO ORGANIZA O JOGO NA ZONA CENTRAL
Em termos de jogo pelo corredor central, há que distinguir duas situações, inerentes á táctica utilizada. Possuindo, á partida, dois excelente volantes, Rahimic e Aldonin, pode jogar com um dupla de trincos ou com apenas um médio defensivo clássico. Na primeira opção, utilizada frente ao Parma (que implica desde logo a saída de um médio mais ofensivo, em geral o ala Gusev) o onze ganha maior elasticidade nas transições defesa-ataque-defesa. Isto porque enquanto Rahimic é mais de cobertura, interceptando linhas de passe, Aldonin, a seu lado, tem maior amplitude de movimentos no transporte de bola. Quando joga só com um trinco, o habitu
al titular é Rahimic e, por inerência, o onze fica mais preso de movimentos na zona central, abrindo-se um maior espaço entre o médio defensivo e o ofensivo (D.Carvalho), preenchido ora pelos recuos deste, ora pelas diagonais de Gusev, flectindo no terreno desde a direita, o que deve suceder em Alvalade, pois, castigado, Aldonin não pode jogar. A outra solução seria utilizar Krasic, no centro, entre-linhas.
Isto é, o onze ganha maior dinâmica nos flancos, mas perde, quase sempre, o controle do ritmo de jogo no seu meio campo. Se o Sporting inserir, por exemplo, um médio ofensivo rápido e rompedor (estilo Carlos Martins) nesse espaço vazio, pode ganhar ai uma batalha posicional muito importante.
3. COMO CRIA OS LANCES DE ATAQUE
Para construir os seus lances ofensivos, o CSKA utilizava sobretudo as triangulações pelas faixas. Nesse espaço distinguem-se três movimentos típicos: as clássicas subidas á linha dos laterais Odih-Zirkov, as tabelas executadas por estes com o ala (se jogar) ou médio centro ofensivo que descaí na procura clássica jogada de um-dois, e os chamados movimentos de desequilibro oriundos do recuo dos avançados, que fugindo ás marcações, caem para os flancos, abrindo espaço ás diagonais dos laterais ou dos alas.
Na chamada zona de criação, nas costas dos pontas de lança, mora um jogador-chave: Daniel Carvalho. É ele que insere o traço de imaginação no jogo da equipa em termos de organização ofensiva, com tendência a cair para o flanco esquerdo. Após uma fase de adaptação, ganhou confiança, descobriu como encaixar no ritmo europeu e agora, ajudado pelo facto de ter passado da faixa para o centro, ilumina todo ataque do CSKA. A sua imagem de marca é quando, no meio do meio campo adversário, recebe a bola, para-a com a sola, finta quase sem sair do sitio, abre espaço, arranca e passa com precisão, desmarcando-se logo a seguir, á espera de novo passe. É proibido deixá-lo pensar. Uma missão a cargo, sobretudo, de Custódio.
4. COMO SE MOVIMENTAM OS PONTAS-LANÇA
No ataque, sempre com dois pontas de lança, Gazzae tem a preocupação de impedir que estes se encostem permanentemente aos defesas adversários e, assim, sejam facilmente marcados em cima. Nesse contexto, Wagner Love e Olic, raramente estão fixos em cunha. Passam todo o jogo em permanente movimento, ora recuando para arrastar marcações, buscar jogo e arrancar com a bola dominada e escondida, driblando com malícia (movimento típico de Love), ora descaindo para os flancos e, arrancando em velocidade, buscar nas faixas espaços de penetração, entrando na área de surpresa, com grande facilidade de remate (movimento típico de Olic).
O ONZE QUE DERROTOU O PARMA/ Sistema: 3x4x1x2 (vitória, 3-0)