CML recua e não entrega P. Carlos Lopes a fundação A.Pinto

Visto que o tópico do presidente se encontra bloqueado e isto não tem directamente a ver com o Sporting, penso que aqui é local adequado.

[size=11pt][b]Câmara de Lisboa recua e já não entrega Pavilhão Carlos Lopes a fundação[/b][/size] INÊS BOAVENTURA 09/07/2013 - 00:00

Proposta da fundação presidida por Bruno de Carvalho, do Sporting, viola o caderno de encargos, diz agora a câmara.

Quatro meses depois de ter proposto que a exploração do Pavilhão Carlos Lopes fosse concessionada à Fundação de Solidariedade Social Aragão Pinto, a maioria que governa a Câmara de Lisboa vem agora dizer que a proposta daquela entidade, que foi a única concorrente ao concurso público internacional lançado em 2012, deve ser excluída, por “flagrante contradição” com as normas do concurso.

A fundação pretendia que o edifício fosse palco de “grandes eventos europeus e mundiais desportivos” e de “concertos de todo o tipo, de música e teatro”, como explicou o seu presidente ao PÚBLICO, em entrevista publicada em Março. Na ocasião, Bruno de Carvalho, que entretanto foi eleito presidente do Sporting Clube de Portugal, adiantou que o pavilhão iria também albergar “eventos, passagens de modelos, festas e até uma discoteca mais intimista”, com “bares de apoio interiores e nas galerias exteriores”.

Na mesma altura, o vice-presidente da câmara, Manuel Salgado, e o vereador do Desporto, Manuel Brito, apresentaram uma proposta para que o pavilhão fosse concessionado à Fundação de Solidariedade Social Aragão Pinto, no seguimento do concurso público realizado para o efeito. Mas as muitas críticas feitas pela oposição acabaram por levar ao adiamento da proposta, para que a fundação apresentasse uma garantia bancária e esclarecesse quais as formas de financiamento de que dispunha para garantir o projecto.

Amanhã a câmara volta a discutir o assunto, mas desta vez Salgado e Brito defendem o oposto daquilo que tinham preconizado há quatro meses: que a proposta do único concorrente seja excluída. Para tal alegam que foi feito um “reexame” do que tinha sido proposto pela Fundação Aragão Pinto, concluindo-se que “é flagrante a contradição dos termos da proposta apresentada com as normas do concurso”.

Entre outras coisas, a proposta levada a concurso previa que a autarquia ficasse obrigada a “assegurar o licenciamento de todas as actividades” que viessem a realizar-se no Pavilhão Carlos Lopes, bem como “da discoteca diária e do salão de festas”, “isentando a fundação do pagamento de quaisquer taxas, custas, comissões ou quaisquer custos associados ao licenciamento”. As mesmas condições aplicar-se-iam à colocação de “dispositivos publicitários no exterior do edifício”, à “cessão de exploração a terceiros dos bares e demais serviços de restauração” e à “cessão de exploração a terceiros do parque de estacionamento e serviços associados”.

Aquilo que a autarquia diz agora é que essas condições configuram um incumprimento de vários aspectos do caderno de encargos que serviu de base ao concurso. “A Câmara Municipal de Lisboa não está, nem se pode obrigar a proceder cegamente ao licenciamento e à autorização da cessão de exploração dos bares e demais serviços de restauração a terceiros, bem como da exploração do parque de estacionamento e serviços associados”, dizem desta vez Salgado e Brito na proposta que vai ser discutida amanhã.

O PÚBLICO contactou um assessor de Bruno de Carvalho, mas não foi possível obter uma reacção do presidente da Fundação de Solidariedade Social Aragão Pinto, criada em 2009 com a missão de apoiar crianças e jovens carenciados e com necessidades especiais. A reabilitação do Pavilhão Carlos Lopes, encerrado desde 2003 por falta de condições de segurança e para o qual chegou a ser anunciada a criação de um Museu Nacional do Desporto, está avaliada em cerca de sete milhões de euros.

Isto vai ser uma festa nas mãos dos lambuças! :twisted:

Entretanto aquilo vai continuar a apodrecer. Belo serviço que a CML presta à cidade.

Para nós até é melhor, não fosse o BdC distrair-se demais com aquilo.

Quando o Pavilhão estiver um monte de escombros sempre quero ver quem assume as responsabilidades.

Acabaram de excluir o único concorrente que apareceu ao concurso!

Se não fosse triste até dava vontade de rir!

:frowning:

Esperar por reacção por parte da Fundaçao.
Mas nao deixa de ser estranho que 2 Vereadores que dantes eram a favor sejam agora contra.
Estes é que se têm de explicar.

SL

É realmente estranho… Mas neste país em que o irrevogável tem um significado novo, as cambalhotas fazem escola por todo o lado.

O Salgado sei muito bem de que é capaz, agora se a coisa é como está escrita, o que dá a entender é que a CML dava um salvo conduto/licenças para todo o tipo de atividades. Isso tb é um bocado dúbio, e digamos pouco ético…

Esperar para ver a posição da Fundação.

Se fosse uma agremiação que eu cá sei até lhes pagavam a renda…

Essa parte também me pareceu pouco normal, mas menos normal será a mudança de posição dos dois vereadores.

Isso, quando alguem pega naquilo queixam-se!
Quando estiver a cair de podre pode ser que mudem de ideias!

faz sentido. a fundação puxa a brasa à sua sardinha e não quer pagar taxas e taxas por o licenciamento para isto para aquilo, para abrir um bar, para por publicidade,etc…
é que o pavilhao continua a ser da camara certo? é mas é explorado por uma entidade privada

Coisas à portuguesa. Dois vereadores prestaram tanta atenção ao que aprovaram inicialmente que só 4 meses depois é que perceberam que a proposta tinha “contradições flagrantes”… imaginem se não fossem flagrantes.

Quanto a mim faz todo o sentido o pedido de isenção. A Fundação iria pagar à CML 7 ME para ficar com a concessão do Pavilhão, com o pressuposto que poderiam organizar uma serie de eventos e actividades, aliás são esses pressupostos que fazem a fundação concorrer.

Não faz sentido ter depois de pagar novamente à CML licenças e taxas para poder efectuar essas actividades. A fundação não está a pedir à CML para fechar os olhos e deixar que se organize tudo à balda, está só pedir que as taxas não sejam pagas, a CML pode na mesma exercer o seu papel de fiscalizador.

Gostava de acreditar que a chegada de BdC a presidente do Sporting, não tem nada que ver com este volte-face, mas tenho as minhas duvidas.

Entre outras coisas, a proposta levada a concurso previa que a autarquia ficasse[b] obrigada a "assegurar o licenciamento de todas as actividades" que viessem a realizar-se no Pavilhão Carlos Lopes,[/b] bem como "da discoteca diária e do salão de festas", "isentando a fundação do pagamento de quaisquer taxas, custas, comissões ou quaisquer custos associados ao licenciamento". As mesmas condições aplicar-se-iam à colocação de "dispositivos publicitários no exterior do edifício", à "cessão de exploração a terceiros dos bares e demais serviços de restauração" e à "cessão de exploração a terceiros do parque de estacionamento e serviços associados".

Duas situações distintas.

  1. Que a CML tem obrigação de recuperar (ou arranjar quem recupere) o Pavilhão, concordo plenamente. É imoral o estado do Pavilhão, e uma vergonha para a cidade

  2. A notícia que li no DN explica que esta estratégia só apareceu no plano de viabilidade financeira que a CML pediu à Fundação Aragão Pinto. Em qualquer dos casos, como é óbvio, a Câmara não pode ficar obrigada a licenciar tudo o que lhe seja pedido no Pavilhão (bold 1). Se por contrato ficasse obrigada a licenciar, no limite a fundação poderia instalar lá um bordel. Em relação à isenção de custas, taxas e afins, também não faz sentido nenhum. Porque é que deve haver concorrência desleal com todos os outros negócios que funcionam em Lisboa? Sim, porque todos pagam (ou deveriam pagar) as licenças de publicidade, de ocupação de espaço público e todas as outras previstas na tabela de taxas. Então a cessão da exploração do parque de estacionamento seria feito como? Quem pagaria a indemnização à entidade que actualmente explora o espaço?

Se a CML não tem dinheiro, sou a favor que se entregue a um privado. Mas caramba, em condições normais, não? Se o único concorrente é a Fundação, então sentem-se numa mesa e negoceiem… aumentando o tempo de concessão, autorizando, a priori uma ou outra utilização, isentando algumas taxas, em troca de benefícios, agora um cheque em branco não.

Não há qualquer duvida. Infelizmente.

Agradeço a cml ter mudado de ideias, isto ia ser mais uma dor de cabeça para o BdC e assim vê se livre de um negocio que na minha opinião seria bastante arriscado, o pavilhão esta a cair de podre e o facto de a fundação ter sido a única concorrente diz tudo…

Com todo o respeito discordo. :wink:

Na proposta que a Fundação entregou à CML estão explicitas as actividades que se pretendem promover no Pavilhão, e não consta nenhum Bordel, portanto esse tipo de problema não se coloca.

E também não me parece que se possa falar em concorrência desleal quando, a Fundação se predispõem a pagar 7 ME pelo uso-fruto do Pavillhão, fora o que vão gastar para o recuperar. Não esquecendo que findo o prazo de exploração, a CLM recebe de volta o equipamento recuperado e sem gastar um centavo.

O que a Fundação pretende é ter a garantia que não lhe cortam as pernas. Imagina que amanha muda a vereação e quem assume o poder, até não foi muito de acordo com o negócio e deixa de emitir licenças para os eventos, ou no limite complica-lhes a vida?

Obviamente que quem está disposto a investir somas desta grandeza no negócio, quer ter a certeza que tem meios para poder recuperar o investimento. Ninguém se mete numa empreitada destas às cegas.

Para mim e volto a referi-lo, aqui existe politiquice misturado com clubite. Ninguém acredita que “flagrantes contradições” tivessem demorado 4 meses a ser descobertas já depois se ter encerrado o processo e sido aceite a proposta.

A saída do Godinho deve ter irritado alguém da sua esfera de influência com tentáculos políticos. Talvez seja apenas uma vingançazinha ou então parte de um plano de maiores dimensões para tentar quebrar o Bruno em várias frentes.

:arrow:

Na minha opinião a chegada de BdC ao Sporting cortou o tentáculo que o Polvo tinha em Alvalade. Agora veem as retaliações. Isto ainda é só o começo. Só aos Sportinguistas, e a alguns investidores, interessa um Sporting forte. A todos os outros o Sporting é uma excentricidade incómoda: é como o interior do país, ou uma empresa que produza algo de verdadeiramente útil.
Não compreendem porque raio insistem na temeridade de querer existir.

@Nuno Lapa

Não encontro o caderno de encargos nem a proposta para poder responder com toda a certeza.

Se realmente as actividades estão explicitadas na proposta, pode-se considerar que existe uma autorização tácita da CML. Não será por aí o problema. Mas, sendo aquela uma zona residencial, não pode ser autorizado às cegas tudo o que seja proposto. Por exemplo, esquecendo o bordel (que não deixaria de ser uma boa ideia, um bordel de classe naquela zona) não poderia ser autorizado um concerto todas as terças feiras que acabe às 3 da manhã. É nesse sentido que falo em licenciamento às cegas. Discoteca, eventos desportivos e culturais dentro do pavilhão e tudo o mais que a proposta contenha, sim! pode-se garantir o licenciamento. Tudo o que é extra, tem que ser visto caso a caso.

Em relação aos pagamentos, deixo-te o link para a tabela de preços, taxas e outras receitas do município.

[url]Cidade - MUNICÍPIO de LISBOA

Tudo o que está no nº 5 do art. 9º diz respeito às isenções às IPSS. Não é nenhum estatuto excepcional dado à Fundação Aragão Pinto (FAP), é comum a todas. Fora da tabela, qualquer isenção de taxas só pode ser dada pela Assembleia Municipal de Lisboa, e discutida taxa a taxa. É impossível isso ficar contratualizado. Se demoraram 4 meses a descobrir isso, é uma questão de incompetência. Mas de resto é impossível.

Em relação aos 7M€, sem certezas nenhumas, mas tenho ideia que a FAP não vai pagar isso. Esse valor é apenas o custo da recuperação do Pavilhão. Como não tenho o cadernos de encargos não sei se haverá algum pagamento de renda à CML ou não, mas esse valor diz apenas respeito à recuperação. O eleven, por exemplo, funciona nos mesmos moldes…

Por último, as garantias de apoio ao projeto são dadas pela assinatura do contrato. Se o prazo são 35 anos, essa será a duração, independentemente de quem o autorize. O que é licenciado está estipulado por leis, regras e normas. Só as excepções é que são dadas pelas vereações. Mas o que é legal, não há porque não ser autorizado.

Espero que me tenha conseguido explicar. :great: