Apartir do momento em que voltei a sentir orgulho e uma enorme ansiedade em ver jogos do meu clube, a troca só poderá ter sido positiva.
Se Carvalhal fez um trabalho óptimo? Não, pois nada ganhou…
Mas a verdade é que apartir do momento em que ele entrou, não pude pedir-lhe que fosse um messias. Primeiro, porque nas condições que ele aceitou vir, NENHUM, repito, NENHUM treinador consagrado aceitaria. Não havia projecto por parte do presidente (que baseou-se sem qualquer sucesso num planeamento de outras épocas, que diga-se, era francamente mau), não havia director desportivo, não havia organização e os sócios e adeptos estavam completamente de costas para o clube.
A tudo isto, temos que juntar o facto de ir gerir um plantel desiquilibrado, completamente formado para as caracteristicas do seu antecedor (recorde-se que o plantel estava formatado para uma única táctica e mesmo esta parecia um rabisco de miúdos, tamanha era a organização, sem esquecer que não dava para formar, de forma alguma, outras soluções habituais do treinador) e um balneário que não só aparenta ser do piorio, como também que olhava com desconfiança…
Como se isto tudo fosse pouco, ainda teriamos que citar o facto de NUNCA, volto a repetir, NUNCA o treinador teve qualquer protecção ou apoio. Ainda antes de entrar já JEB o enterrava, com declarações a prometer saudades e que nem Mourinho faria melhor, sem esquecer as eternas juras de amor que proferiu a PB já com Carvalhal cá, quando havia dito que com o sargentão português, eram dois a dar o peito às balas. E não podemos esquecer que sem esse apoio, nunca um treinador poderia possuir mão num balneário, até porque aparentava não ter carta branca para isso.
A verdade é que com directores desportivos, o Sporting não só fez grandes exibições, como ganhava e bem. Sem estes, o clube passou pelas águas da amargura. Um treinador serve para treinar uma equipa e nada mais do que isso, isto claro, quando tinha apenas as obrigações do Carvalhal. Se tiver carta branca, como Paulo Bento tinha, claramente, pois nem estava dependente dos resultados, um treinador pode ter outras obrigações, mas isso foi algo que nunca se pôde pedir ao treinador oriundo de Braga.
Não podemos esquecer que muitos foram os que pediram para ele se demitir, por tamanha falta de consideração do presidente para com ele.
Carvalhal não foi brilhante, mas todos sabiamos que ele não tinha qualidades para muito mais. Era claramente um treinador de transição (que pese isso, merecia sempre ser tratado com respeito e não apenas como algo descartável) que foi obrigado a combater muita coisa, aliás, demasiada coisa.
Ele uma vez queixou-se de algo que serviu para muitos o atacarem, mas sem qualquer razão. Quando ele se queixou na falta de tempo para treinar, muitos foram os iluminados que o criticaram e relembraram que os rivais estavam nas mesmas condições. Esquecem-se é que os rivais ou tem treinadores com alguns anos ou então estes tiveram a oportunidade de “treinar” novas metodologias, tácticas, etc, etc, na pré-época, que é quando isso deve ser efectuado. Carvalhal chegou e teve que, com dois jogos por semana, desenvolver novas metodologias, etc. Relembro que ele até esteve a observar jogadores, algo que deve ser feito no inicio da época.
Quanto a decisões tácticas, jogadores a titular, etc, não discuto. Muitos podem apontar defeitos pela não utilização do fulano A, B ou C, ou na continua aposta no X, Y e Z, mas também não é menos verdade que com ele, Veloso, Saleiro, Djaló, etc, atingiram patamares muito elevados.
Carvalhal ganhou algo que não sendo material, é extremamente importante, sendo sem dúvida um magnifico incentivo para produzir algo de muito bom: devolveu aos sportinguistas a oportunidade de estes voltarem a sentir paixão.
A invasão a Madrid foi histórica e o ambiente de Alvalade contra o Guimarães e Atlético foi soberbo. Ver um estádio inteiro a cantar “o Sporting é o nosso grande amor” e ainda por cima com coração, é sem dúvida uma vitória bonita de recordar e que tenho que agradecer a Carvalhal. E digo isto porque vendo o inicio da temporada, nunca pensei sentir algo ainda esta temporada.
Por isso digo: foi brilhante? Não, mas nem se esperava outra coisa… Mas que obteve conquistas importantes com tamanhas adversidades, que muitos outros fogem a sete pés, conseguiu, sem dúvida.
Relembro que nem um AVB, no último lugar e com pouquissimos jogos, aceitou vir…
Com as condições que existiam, o risco era elevadissimo e não é qualquer um que aceitaria.