Vou citar algumas passagens:
Sintetizando, quais são os objectivos para esta temporada? Ser campeão pelo Sporting. Quero ganhar títulos com o Sporting, que é o que persigo. Quero sentir, dentro de campo, na primeira pessoa, o que só senti como adepto, ou como jogador da formação. Fui campeão na formação, quero chegar lá na equipa principal.Este grupo sente muito a falta disso?
Qualquer jogador que esteja num clube grande pensa assim. Trabalhamos todos os dias por esse objectivo e vamos estar unidos, ser irmãos, para que seja possível lá chegar.Estiveram muito perto nas duas últimas épocas. Isso torna a “fome” ainda maior?Todos os anos sentimos essa obrigação, mas é isso que nos faz trabalhar, mais e melhor, todos os dias. Esperamos vencer e dar essa felicidade, não só a nós, mas a todos os que gostam do Sporting.
Uma das razões que provocaram alguma intermitência no seu rendimento ao longo destes dois anos está relacionada com lesões recorrentes. Como viveu essas dificuldades? Começou num jogo com o Moreirense, quando estava a atravessar um momento muito bom. Foi muito difícil. Choquei contra um painel publicitário e tive a primeira lesão. A partir daí, tive mais seis lesões, não no mesmo sítio, mas na mesma perna. Falhei aquele que seria, talvez, o jogo mais importante da minha vida, a final da Taça UEFA, por lesão. Acima de tudo, recuperei, sinto-me muito bem e, agora, posso fazer o meu jogo. Falou-se de muitas coisas no que diz respeito à minha lesão, sofri muito por algumas pessoas dizerem que o meu problema era psicológico, mas aprendi, nessa fase, que o importante é trabalhar e estar ao pé das pessoas que gostam de mim. Não me quero lembrar disso, porque faz parte do passado, mas houve quem falasse só para destruir.Houve, nessas alturas, quem levantasse a possibilidade de não ser um problema de origem clínica, e chegaram a circular rumores sobre o seu comportamento fora dos relvados. Que comentário lhe merece tudo isso? É verdade?
Nem vou dar importância a isso. Na altura, saíram muitas coisas sobre isso, muitos comentários de certas pessoas… Da minha vida sei eu – e as pessoas que vivem comigo. Fiquei muito triste, porque não me respeitaram, mas passou. Sinto-me bem, feliz, a jogar – e é isso que importa. Foi um problema clínico e está ultrapassado.“O que eu tinha não era normal”
Houve algum momento em que perdesse a força, com a persistência das lesões?
Num ano, tive seis lesões na mesma perna. Não era normal o que eu tinha. Foram momentos muito difíceis, estive muito em baixo, pus tudo em causa, mas as pessoas que estão perto de mim deram-me força quando mais dela precisava, e, agora, estou bem, feliz e motivado.O apoio do grupo é importante nessas ocasiões. Sentiu-o?
Claro. O grupo é fundamental para isso. Tive uma fase complicada – em que me lesionava, recuperava e me lesionava novamente –, durante a qual os meus companheiros foram fundamentais. Devo-lhes uma palavra de agradecimento, pois também foi com a ajuda deles que consegui ultrapassar isto.
Tem uma forma de jogar muito emotiva e impulsiva, como se pode verificar nas suas reacções às ocorrências do jogo, positivas ou negativas. Isso pode fazer com que seja mal interpretado? Quando se está lá no meio, em alta rotação, nem sempre é possível conter o que se sente. Tenho atitudes que devo melhorar, não só para a minha imagem, mas também para o meu futebol. Sei que, às vezes, as pessoas interpretam mal o que faço, mas nunca é propositado. Por vezes, vejo-me na televisão e sei que não posso fazer aquelas coisas. Estou a fazer um esforço para que não aconteça e acho que estou melhor.Houve algum problema entre o Carlos Martins e o treinador?
Nunca. É uma pessoa que admirava muito enquanto jogador, que me ajudou muito. Houve rumores sobre processos disciplinares, que me tinha portado mal, que tinha dado um pontapé em não sei quê no balneário… Se tivesse acontecido alguma dessas coisas, o Sporting punha-me um processo disciplinar, o que não sucedeu. Foram apenas opções. Não vou esconder que, quando não era convocado, ficava triste, porque sou assim: quero jogar sempre, como qualquer um dos meus companheiros. Foram coisas normais num grupo, está tudo bem, e não tenho qualquer ressentimento – nem ele comigo, penso eu. O que passou, passou, mas não foi tão importante como quiseram fazer crer.
Porque razão trocou a camisola 5 pela 10?
É um número de que sempre gostei. Também foi o número que Sá Pinto deixou, e eu tinha uma grande proximidade com ele. Não digo que seja uma homenagem, mas foi importante ficar com o número de uma pessoa que admiro, como jogador e como homem.Foi publicada uma notícia que apontava para uma discussão violenta entre si e Pedro Barbosa, então capitão de equipa, na véspera da final da Taça UEFA, em Maio de 2005, mais tarde desmentida por Pedro Barbosa. O que se passou?
Essa é fabulosa. Jamais iria discutir com o capitão, tendo em Pedro Barbosa uma referência como jogador – como homem, acima de tudo. Seria uma falta de humildade e de respeito. Quem era eu para discutir o que quer que fosse? Na véspera de um jogo tão importante, não aconteceria nunca nada disso, e, como todos viram, a equipa estava toda a puxar para o mesmo lado. Não houve discussões com ninguém. Não sei de onde veio essa história, nem porque me associaram a mim e ao capitão. Alguma vez eu ia levantar a voz ao Pedro Barbosa? Alguma vez ia ter uma falta de educação para com um senhor? Nem ele o admitiria! Essa só deu para rir.
Excertos de uma grande entrevista deste mágico jogador ao jornal OJogo.[/quote]