Espero que estes vídeos ilustrem o meu ponto de vista, agora gostava de saber o vosso.
Está o sistema económico capitalista em crise permanente? Visto que as constante crises são evidentes, a única outra opção seria o sistema necessitar de renovação periódica ad infinitum.
Haverá uma terceira opção?
Eu não percebo nada de economia, estando numa área completamente distinta. Mas uma coisa que eu aprendi ou que está nos manuais é que a economia têm picos negativos e positivos, depois de uma expansão (década de 90) existe uma retracção (actualidade; apesar de haver alguns sinais de retoma como o caso alemão). Capitalismo não é o mais perfeito mas o menos imperfeito.
O modelo actual, longe de ser puramente Capitalista (tal nunca existiu), vai perdurar para sempre. Aliás, o modelo geral de Economia (economia de mercado e presença do Estado Social) vai certamente alterar-se, começando pelo Estado Social, que será severamente reduzido, por várias razões, sendo uma delas completamente fora do âmbito económico: demografia. A dívida acumulada de forma brutal ao longo dos anos obrigará a que o Estado, como tem sido feito pela Europa fora, reduza a sua despesa.
É um bom tópico. Hoje não estou com muita paciência para discursar sobre isto mas deixo um vídeo bastante simples, sem nunca deixar de ser incisivo, sobre a organização social actual.
Quanto ao não perceber de economia já somos dois, mas parece-me ser só mais uma razão para querer aprender e debater o assunto.
Embora acredite que não faças a tua ultima afirmação com o intuito de esconder os defeitos do sistema actual, julgo que seja aceitável reconhecer que nao se sabe qual o sistema “menos imperfeito”, já que cada vez que nasce uma alternativa ao estilo de governo Anglo-Saxónico é esmagada pela força das armas ou abafada pelo poder económico desses mesmos países e seus aliados. Há incontáveis exemplos como o Chile de Allende, alguns que ainda resistem como Cuba de Castro, Venezuela de Chavez ou mesmo a Rússia de Putin y sus muchachos. Embora bastante debilitada hoje em dia, ninguem nega que a Uniao Sovietica transformou numa só geração um país de camponeses ainda mais pobres que os seus pares Europeus, em uma super potencia mundial que destroçou a Alemanha Nazi e dominou quase metade do território mundial em termos de ideologia.
Embora nao pudesse competir com os EUA e os seus aliados em termos económicos, algo que já era obvio para os Americanos nos anos 50, tornando-se na razão principal da corrida desenfreada as armas nucleares, ida a lua e combates de boxe entre Rocky e Draco.
O único país com um modelo diferente do Ocidental que continua em existência e de boa saúde é a China, podendo-se argumentar que assim é devido ao ter aberto as portas deixando entrar as corporações do “inimigo”, mantendo um low profile no que diz respeito a politica externa global e abandono das antigas ideologias, excepto em nome. Aliás o modelo Chinês (quanto a mim tão mau ou ainda pior que o Anglo Saxonico) começa a ganhar adeptos e admiradores em alguns países do terceiro mundo, factor que é no mínimo preocupante embora não ao ponto de me tornar num adepto dos praticantes do capitalismo de estado, o tal que garante socialismo para os ricos e capitalismo para os pobres.
É por todas estas razoes e independentemente de concordar ou não com os sistemas concorrentes que afirmo não ser possível saber que sistema é “menos imperfeito”
Desculpa lá mas gostava de saber o que te leva a crer que este império é diferente dos outros? Como deves saber, provavelmente melhor que eu, o sistema actual é sustentado pelo poderio militar Norte Americano e as suas setecentas e tal bases em redor do planeta, tendo em conta que nenhum império dura para a eternidade por muito evoluídas que sejam as suas armas quando comparadas com o adversário. Imagina que este império ainda tem que lutar contra uma (cada vez maior) parte da sua população que não quer tomar parte dos crimes cometidos em seu nome…
Como é possível ignorar tudo isto? Tens assim tanta fé no G20 e afins? Por quanto tempo mais julgas que será possível manter sossegada uma população com níveis de desemprego enormes e sem prospectos para o futuro?
A mim parece-me que cada vez mais o descontrolo é evidente aos olhos da maioria. Mesmo os EUA encontram-se neste momento internamente divididos, com o presidente Obama constantemente pressionado por Tea Party kooks, fanáticos da direita religiosa, Militia Movement e demais Faux Snooze (Fox News) sponsored loucos.
Basta ver o caso dos “espiões” Russos para confirmar que Obama não manda tanto como muitos gostariam. Não se esqueçam que a direita conservadora não gostou nada dos actuais acordos para redução de armas feitos entre EUA e Rússia e assinados durante a ultima visita, e embora eu não seja nada dado a teorias de conspiração, o momento escolhido para a prisão dos supostos “espiões” é no mínimo suspeito, ainda mais quando foi tornado publico que estavam já sobre vigilância a imenso tempo, alguns chegando mesmo a uma década.
Concordo quando dizes que o modelo seguido pelo Ocidente não é puramente capitalista mas discordo quando dizes que irá durar para sempre.
Quanto ao problema da demografia, se os descontos fossem aplicados de forma idónea e com trabalhadores a prolongarem a sua vida laboral, em vez de se reformarem aos 65 anos (visto que cada vez temos vidas mais longas), há quem defenda que os problemas de que falas teriam rápida solução.
PS:
Esse vídeo está espectacular, não conhecia, e só não consigo compreender como é que ainda há pessoas que não conseguem ou não querem ver aquilo que é tão óbvio…Até um dia.
Obrigado Winston.
Eu poderia ver um fim para o modelo actual se houvesse uma potência Internacional que praticasse um modelo alternativo. Quem? Não existe modelo alternativo! A China, a próxima potência, caminha para um género de capitalismo norte-americano, faltando apenas a introdução de Democracia.
Repara nas chamadas potências emergentes. Que modelo começaram a praticar? Os Asian Tigers praticam um tipo de Capitalismo ainda mais liberal que o Norte-Americano. Angola vive do Petróleo, mas tem procurado atrair Investimento Externo (uma componente das economias de mercado).
Enquanto que nos EUA tens direitos básicos, do trabalhador e da empresa, na China não tens absolutamente nada.
Eu já o disse em várias ocasiões. Tu não acreditas numa aliança Rússia-EUA, pois eu não vejo a China a aliar-se com a Rússia. A China começou agora a investir fortemente nas Forças Armadas, e desde 2008 que começou a influenciar a geo-política internacional. Quando os gajos decidirem saltar fronteiras, literalmente, é que veremos como funcionam. É óbvio que muito vai ainda acontecer, e a única salvação para a UE, e até os EUA, é que se inicie um verdadeiro processo democrático na China.
Repara no seguinte: qual a razão que potencia o crescimento económico Chinês? As exportações, acima de tudo. Porquê? Porque os custos de produção (impostos e, principalmente, salários) são virtualmente inexistentes. Ora, maior democracia serviria para encarecer a produção Chinesa, aumentando salários e criando uma máquina fiscal mais eficiente. Eu acredito - e não sou economista - que a China vai demorar muitos mais anos do que aqueles que agora dizem faltar até que a China ultrapasse os EUA - 2025. O inicio do processo democrático “atrasará” a evolução económica da China - com evidentes ganhos sociais.
Aliás, enquanto tu mencionas, e bem, que os EUA têm bases militares espalhadas por todo o mundo, já a China o faz, embora de forma diferente: compram títulos de dívida, compram km’s de terreno, as multinacionais invadem países (como Angola) sem dar emprego a locais, etc.
Voltando à duração do modelo. O que tem evitado que a Europa caminhe para um modelo puramente capitalista? O Estado-Social! O “problema” é que o Estado-Social foi inventando num período de enorme crescimento económico e humano. Agora, é rara existência de um Estado-Social sustentável (défices enormes). Daí que opine que a Europa caminhará cada vez mais para um modelo liberal, que não rejeito. Sempre o disse: sem crescimento económico é impossível haver Estado-Social.
Outros tempos, amigo. O sistema actual está consolidado na vida das pessoas. É precisamente a Economia de Mercado que financia o Estado-Social: investimento externo, impostos, crescimento económico, exportações…
É impossível atrair investimento externo e exportar se a Economia não praticar um modelo de Economia de Mercado - o modelo realmente em prática em grande parte do mundo. O debate agora centra-se em sustentabilidade (demografia) e competitividade (concorrência externa).
O caso da China pode dar um caso bicudo, seja qual for o ponto de vista… A introdução da democracia (e de alguns direitos fundamentais) podem afectar a economia de uma maneira impossível de prever. De facto o capital Chinês está já espalhado por todo o mundo e isso poderá trazer consequências mas mais uma vez é preciso ver as coisas de uma prespectiva mais financeira e menos política acho eu…
Os EUA são para já uma potência bem diferente da China e por várias razões parece-me que continuarão a ser por mais algum tempo.
De facto nada dura para sempre mas o “capitalismo” para já não creio que tenha rival, nem creio que os líderes da maioria dos países mais desenvolvidos estejam interessados em procurar alternativas.
daniel, estás a colar um sistema político (democracia) a um sistema económico (capitalismo), quando muitas vezes não são parceiros…
Já tiveste países/povos com sistemas democráticos e sem capitalismo (por exemplo, onde nasceu a democracia, Grécia antiga), outros com sistemas políticos democráticos mas sem capitalismo selvagem (Venezuela, Bolívia) e já tiveste montes de países com sistemas políticos ditatoriais e com sistemas económicos baseados no capitalismo (Alemanha, Portugal, Espanha, Itália, Indonésia, etc)
Estas absolutamente errado. A China nao caminha para nenhum modelo economico Americano, nem pode. A coesao da China nunca existiria se assim fosse. E ja agora, se perguntares ao Gov Chines, eles classificam-se como uma democracia.
E isso de nao existir modelo alternativo e um mito, como tantos outros. O que podes dizer e que o ser humano foi educado e condicionado de modo a rejeitar outros modelos alternativos, e a preferir a perpetuacao deste. Neste mundo de ‘o meu umbigo e muito mais importante que qualquer outro’ , a perpetuacao de um modelo que valoriza o individualismo e um dado adiquirido, com isso ja concordo.
Isso e o que dirao daqui a 500 anos… outros tempos. O sistema romano de governacao estava enraizado durante centenas de anos. Isso nao impediu que caisse.
E ja agora, a economia de mercado nao financia o estado-social, esse e precisamente o dilema do estado-social. Se assim fosse o estado-social nao estria falido, ja que a economia de mercado nao esta (o que e diferente das pessoas estarem falidas…).
A China é o quê, então? Capitalismo-Estatal, portanto! A China é agora uma Economia de Mercado sem direitos básicos. Com abertura Democrática real, a China tornar-se-á similar aos EUA (investimento externo, exportações…). Não preciso de perguntar a um governante Chinês se a China (onde já estive!) é uma Democracia. Aquilo é tudo menos uma Democracia.
É óbvio que existem modelos alternativos, sendo que o praticado na URSS é o mais recente. Funcionou? Faliu, muito simplesmente.
A verdade é que este é o modelo que melhor tem funcionado.
O Estado-Social não está falido, por enquanto. Só agora se debate a real sustentabilidade do Estado-Social porque o financiamento externo, isto é, dívida contraída nos mercados financeiros, está em risco.
De acordo com o Medina Carreira e o João Duque, no programa Plano Inclinado, a Segurança Social fechará portas dentro de 10/15 anos.
A questão sociológica referente à China é interessante porque os Chineses não vêem ao conceito de “Democracia” da mesma maneira que nós. Poderei ter escrito o termo “Democracia” de maneira leviana, mas referia-me sobretudo a direitos fundamentais.
Algumas características de um sistema marcadamente Capitalista:
Predomínio do sector privado sob o público.
Presença de capital externo (investimento externo).
Estado Social diminuto.
Lei Laboral flexível.
Posição fiscal conservadora (menos impostos e redução dos gastos do Estado).
Agora, é importante referir que vivemos num sistema de Economia de Mercado (um sub-grupo do Capitalismo), não em Capitalismo propriamente dito.
A verdade é que é muito difícil caracterizar sistemas como “isto” ou “aquilo”, porque todos possuem características de outros sistemas, daí que surjam sistemas aparentemente contrários: Capitalismo Estatal, Economia Mista (misto de Capitalismo com Socialismo), Socialismo de Mercado, Coporativismo Socialista, etc. Isto prova somente que nenhum sistema é perfeito.
Por exemplo, qual foi a necessidade de criar o termo “anarco-Capitalismo” quando já existe o laissez-faire economics, ou até o market liberalism? Levar o conceito um pouco mais longe?
Nao e por isso que se debate o estado-social. Debate-se porque devido a inversao da piramide etaria na Europa o Estado-Social nao tem condicoes de sustentabilidade futura. Se a populacao continuar a envelhecer , e a natalidade a diminuir, nada salvara o Estado-Social, sobretudo com o desemprego e o sub-emprego a aumentarem galopantemente, ja que as contribuicoes nao cobrem de forma alguma a despesa.
Ha outros interesses em acabar com o Estado-Social, nomeadamente corporativos, mas isso sao outras historias.
Vários países começaram adquirir extensos terrenos em zonas férteis de África, nomeadamente pequenos estados Árabes e países Europeus.
Não é só os Chineses, portanto. Nem os podes acusar dos mesmos actos cometidos por os EUA, não invadem países nem incitam regime change por meios menos próprios, muitas vezes ilegais a luz do direito internacional.
Existe uma enorme diferença entre adquirir terrenos para cultivo e construir bases militares em território estrangeiro, que só por si trazem enormes inconvenientes para os locais como no caso de Okinawa, Japão, ou mesmo desalojando a população nativa, como no caso da ilha de Diego Garcia.
Quando voltar a casa já continuo a minha resposta mas posso adiantar que concordo com as lúcidas e esclarecidas afirmações do jmlima e Liurai, embora o Daniel também tenha focado aspectos importantes na sua analise.
Sim, também, mas repara que, enquanto o Estado vai conseguindo financiamento, tudo vai correndo bem, sendo apenas necessário, explicando-o mal à população, alterar a idade da reforma. A isto, dizem eles, chamam “reforma da Segurança Social”.
Sobre o que está a bold, discordo completamente, principalmente no contexto Europeu. O Estado-Social, a sua existência, está garantida. A sua dimensão poderá ser reduzida, mas a sua existência jamais será colocada em risco. Em Portugal, então, não existe qualquer lobby - a não ser numa óptica de introduzir uma componente privada nas pensões, mas isso existe na Suécia, na Noruega e na Dinamarca, por exemplo - que defenda, mesmo que subtilmente e a pretexto de outras desculpas, a gradual diminuição do Estado-Social. Aliás, nem os interesses privados Português têm capacidade para substituir o Estado-Social. Não acredito em Corporativismo maléfico em Portugal. Essa linha ideológica tem a sua legitimidade, mas não me parece que tenha real existência na Europa - sim, talvez no Reino Unido, na Alemanha e na França, mas atribuo tal à dimensão económica dos países em questão, até porque é natural que as empresas (Multinacionais, Conglomerados, Grupos Empresariais, Corporações) atinjam dimensão considerável à medida que o país onde se situam cresça.
Yazalde, a China não cria coup-etat à la EUA porque não tem capacidade para tal. Quando as FA chinesas possuírem projecção global, não hesitarão em fazê-lo. Aliás, a forma como tratam os seus próprios cidadãos, em territórios anexados ou reconhecidos legitimamente como parte integral da China, comprova-o. É impossível fazerem-no agora porque não possuem meios para tal. Os EUA são uma força militar global, a China não…por enquanto. O investimento brutal que têm vindo a realizar é feito com o objectivo de alcançar precisamente esse estatuto.
O problema do estado-social não é meramente económico, ou seja, não é uma questão de combater a dívida, etc.
A questão vai além disso. Caminhamos para um ponto em que o SNS poderá estar em risco, bem como a escola pública, a segurança social, entre outras instituições. E isso não se deve somente a esta fase cíclica de crises. Deve-se igualmente aos imensos lobbies empresariais que rodeiam este tipo de situações, interessados em fazer negócio com aquilo que deveria pertencer à esfera dos direitos básicos de um cidadão.
Não deixará de ser interessante fazer de bruxo e tentar adivinhar o que acontecerá à maioria dos jovens portugueses, de classe média-baixa:
Mesmo com o canudo na mão, as garantias são cada vez menores. Há um excesso de procura e há um retrocesso de lugares. Isto aliado ao compadrio e ao factor-cunha, fará com que a taxa de desemprego na faixa etária dos 18-25 seja enorme.
Assim, não será difícil expectar que esses mesmos jovens tenham de recorrer aos subsídios do Estado. Mas estes ou não existirão, ou serão de muito difícil acesso.
Sem emprego, sem ajuda social, resta o quê a um jovem? É fácil falar da poltrona, longe desta situação. Mas creio que é esta a situação que poderá despoletar grandes mudanças. Uma massa jovem, na proporção de milhões, em vários países do mundo, a viver dessa maneira…
Este ano no UK ha 70 graduates por cada vaga. Um curso com uma media de 2-2 (equivalente a cerca de 14-15 valores) ja nao serve para nada e o requisito minimo e um 2-1 (cerca de 16-18).
Na Escocia, a geracao de desempregados dos anos 80, esta a dar lugar aos filhos, que , na maior parte dos casos nunca tiveram um emprego, ou o que tiveram foi temporario.
Sem emprego , e sem ajuda social, e bastante obvio quais serao as opcoes para esses jovens. Podemos e nao gostar de perceber isso e preferir assobiar para o lado, e inventar uma qualquer desculpa. Ou fazer como o governo britanico, que diz que vai mandar para o olho da rua 600.000 funcionarios publicos ate ao fim do mandato, mas que o sector privado vai melhorar de tal maneira que os vai absorver todos. Pois. Lunaticos no seu melhor.