Em relação a outros assuntos, acho que nunca se deve atacar outro Sportinguista por querer saber mais sobre o que se passa no Clube. Pode ser que tenham visto algo que eu não vi (intenções nefastas) no rapaz em questão, mas o que me pareceu foi que uma dúvida (pertinente ou não) foi respondida com respostas condescendentes (no melhor dos casos) e ataques pessoais.
Acho que não se deve censurar, nunca, quem quer saber mais do que se está a passar. Pode-se tranquilizar a pessoa, pode-se informar a pessoa, pode-se discordar da pessoa fazendo-a ver porque é que, para nós, determinada situação não é importante. Agora atacar, desprezar, defender com unhas e dentes a direcção quando esta não foi atacada é prestar um mau serviço ao Sporting.
Passámos (na nossa grande maioria) as últimas duas décadas refastelados, sem querer saber o que se passava, confiando nas pessoas que lá estavam. Erro monumental, como hoje sabemos. Em retrospectiva, é sempre mais fácil de saber. Embora confie no Presidente, acho que (e ele próprio é o primeiro a dizê-lo) nunca mais nos devemos refastelar, fechar os olhos, e o resto logo se vê.
Por isso, é bom sabermos o que se passa, como as coisas funcionam, o que é normal e o que deixa de ser. Para que, um dia, se demasiadas coincidências começarem a acontecer (por exemplo, ligações empresariais curiosas entre um treinador, como o Jesualdo, e um mono cuja contratação por 1M é avalizada, como o Joãozinho), nós as saibamos reconhecer.
Porque uma coisa é certa, por muito bom que o Presidente seja, não vai acertar sempre, e não vai acertar em todas as pessoas (por exemplo, o João Rocha escolheu o José Roquette para vice-presidente). Não tem que o fazer, e não cai o Carmo e a Trindade a cada erro, embora exista uma facção sedenta de sangue que irá tentar capitalizar tudo para garantir o seu regresso. Esses são os inimigos, não os sportinguistas que, escaldados com o que se passou, apenas querem saber mais sobre o que agora se passa.
Desencorajar isso é o pior que se pode fazer. Atacar por defeito quem fizer alguma pergunta para tentar perceber algo sobre o rumo actual, é não só encorajar um regresso ao status quo situacionista (em que a situação é nitidamente outra, mas a mentalidade dos adeptos é a mesma), como garantir que estamos perfeitamente complacentes e mansinhos novamente, para que se daqui a 5, 10 ou 15 anos eles forem inteligentes, esconderem por completo as ligações aos Ricciardis da vida, e um tipo qualquer nos comer novamente por parvos e a dinastia chegar ao poder, ninguém o questione, porque o status quo inerente à nossa função de Sportinguistas é “se fazes uma pergunta comes nas trombas.”
Isto nem é um “sejam críticos”, nem um “sejam exigentes”. Isso deixo ao critério de cada um, tanto na forma como na dosagem. Mas no mínimo dos mínimos, sejam informados, e informem quem o queira ser. É o mínimo exigível.
Adiante, tenho uma entrevista para ir ler.