A época foi brilhante a vários níveis. Só fica o amargo de não ter sido coroada com o merecido título.
Futebolisticamente a época tem 3 fases.
1ª fase: carrossel
Começamos em grande, na supertaça, onde só pecou por escasso.
Depois veio um início titubeante, onde se partiu do zero (do 433 para 442, sem William, com Adrien a trinco, sem Carrillo)
Logo a abrir, a porrada com o actual líder da liga russa e de andamento bem mais adiantado.
Foi um choque violento, dada a forma como aconteceu: golo com mão, um anulado sem se perceber muito bem porquê.
Mas as coisas avançaram.
Seguiram-se vitórias tangenciais, algumas só de penalty e uma liga europa com maus momentos, sobretudo o 3-0 na Albânia. Mas outros muito bons, como a 1ª vitória em solo russo, o grande jogo na Turquia (com resultado escasso) e uma remontada sobre o campeão turco aqui em Alvalade.
Cá dentro, resultados tangenciais e o último minuto a salvar vários jogos (muitos jogos). Vitórias concludentes, só com Guimarães logo após chicotada
Não furávamos autocarros. Baqueámos no Bessa, depois do Paços em casa no intervalo da champions
Vencíamos os pequenos, mas não convencíamos. Os anti-Jesus diziam que só ganhávamos aos grandes.
A mim preocupava-me a dificuldade em controlar resultados. Ainda mais dificuldade em matar os jogos.
A vitória na ETAR foi, claro, outro momento alto.
Sem espinhas com o 1º remate enquadrado deles a surgir aos 80’.
E isto depois do Rui Sonso ter ensaiado um mind-game com o selo T1: adia a CI para falar após Jesus e sai-se com esta: “vamos jogar contra bons jogadores, mas não sei se são uma equipa”. Engoliu com juros que até foi de lado.
Começava a manifestar a sua face de moço de recados, acéfalo, sem vontade própria. Um grande merd*s, em suma.
Infelizmente Jesus não o reduziu à sua insignificância só lhe respondeu: eu podia pô-lo assim pequenininho, mas não quero. Jesus foi Homem. Foi pena, digo eu, devia ter respondido ao javardo com a mesma dose de javardice.
Para a taça, os lampiões levam novamente no focinho. Aí já jogavam à Guimarães: bloco baixo, compacto, chutão e eficácia melhor que o Guimarães. Sim, 17,5M por 2 avançados a juntar a um goleador em idade de reforma, dá resultado.
Ok, esta fase foi carrossel de emoções. Água na boca com alguns jogos, mas outros… tremido, vitórias in-extremis e o péssimo resultado na Albânia
2ª fase: negra
O mês do natal e os efeitos imediatos do mercado de inverno.
William regressara, mas não convencia. Os pilares de Jesus andavam com os bofes de fora, sobretudo Adrien e Brian, porque João Mário é diferente.
Já era perceptível que Jesus não gostava da defesa. Ewerton sempre magoado, João Pereira com a altura que não agrada, Jefferson que centra bem mas às vezes parece estar na lua.
Jesus não foi de modas. Prepara uma mudança canhão: muda a defesa toda.
Mas antes, um soco no estômago, com a eliminação em Braga. Com os cumprimentos de Fávio Vermelhíssimo.
Pior que isso, a derrota na Madeira. Não marcámos e sofremos. Derrota à antiga
Perdemos a liderança para o Lotopegui.
Começa o ano, vitória sem espinhas contra o líder bufas, novamente a liderança e vitória a meio da semana em Setúbal por números gordos. Quem diria? Até o chuta-chuta…
A mudança na defesa trás estragos.
Dois golos com o Tondela, em casa. Dois golos com a Académica e uma arbitragem das antigas, com Cosme Machado a reverter, mal, uma boa decisão do auxiliar.
Já com o Braga, vitória ao soar do gongo, depois de estar a perder… por dois.
Sai Montero, que raramente salvou, Téo não está nem deixa de estar, Slimani está com a cabeça no cepo.
São três jogos em branco: Rio-Ave, Guimarães e o jogo trágico.
Na liga europa caímos sem brilhantismo aos pés do 3º classificado da bundesliga. Como no ano passado.
Pensei que isto ia acabar mal. Hesitei na confiança que depositava no conhecimento do treinador.
O ano passado levámos com o carnide e logo a seguir veio o péssimo jogo e resultado no Restelo.
Mas, agora, safámo-nos no Estoril, com brilhantismo até reduzirem, quando voltaram os fantasmas antigos. Adrien não jogou, como não jogara em Guimarães e tivera de sair com o carnide.
3ª fase: brilhantismo
A nova defesa estabiliza. Mais altura, um patrão e um miúdo alto e rápido.
Chuta-chuta testado na lateral esquerda… convence-me (incrível como praguejei quando o vi aí pela 1ª vez, no apito inicial, salvo erro, do jogo com o Arouca…).
Sobre Schelotto… Jesus calou-me.
João Mário encanta. William regressa aos velhos tempos. Brian, sem férias há 2 anos, espalha classe. Adrien justifica a braçadeira.
Slimani limpa a cabeça depois de uma defesa jurídica simplesmente brilhante.
Jesus tem mais tempo. Joga de sábado a sábado. Os jogadores assimilam ideias. Volta e meia, alguém desaparecido reentra e não se nota a diferença.
Os resultados são excelentes.
Jogo tranquilo em Belém. Em Moreira de Cónegos demonstramos, sem matar o jogo, que sabemos controlar jogos e resultados. Aviamos Arouca e Setúbal com chapa 5. Os outros em casa foram todos sem espinhas. Vencemos e convencemos.
Chegam os jogos mais temidos. E foram brilhantes.
Se me dissessem, há 2 meses, que fócul e braga, fora, dava um total, para nós, de 7-1, e o 1 era um penalty (antecedido de falta e que compensou outro, esse sim, penalty claro)… diria que era loucura.
Conclusão
Os mitos sobre Jesus foram caindo.
“Só gosta de estrangeiros e despreza a formação”: Mentira!
Provam-no Rui Patrício, Adrien, William, João Mário foram nucleares. Imprescindíveis.
“Não aposta em jovens da casa”: Mais uma mentira!
Ruben Semedo torna-se nuclear, Matheus fez grande jogo a titular quando foi necessário reconquistar a liderança ao fócul, Gelson termina em grande estilo e até Esgaio entra no último jogo… para o miolo.
Para o ano, quero mais e ainda melhor!