Balanço da Época do SCP – 2015/2016

Chegado o final da época, importa fazer um breve balanço daquela que foi a nossa prestação dentro do contexto do que é o futebol português e tendo em conta aquilo que tem sido a nossa evolução ao longo dos últimos anos.

Terminamos a época com apenas um título conquistado, a Supertaça.
É certo que, depois de tudo, sabe a pouco!
Mas convém fazer uma análise um pouco mais profunda do que esta para percebermos que estamos MESMO no bom caminho.

Durante esta época o SCP conseguiu as seguintes proezas.

Terminou o campeonato com a melhor defesa e com uma média de 84,3% de pontos.
Teria sido suficiente para ganhar 17 dos últimos 20 campeonatos!
Foi um SCP verdadeiramente à Campeão aquele que tivemos esta época que só não o foi efetivamente por manifesta infelicidade. Isto para não dizer outra coisa…

Penso que é consensual entre os não-benfiquistas que somos a melhor equipa portuguesa!
Na história do SCP, só por 6 vezes tínhamos feito melhor.
E a última já foi há 36 anos…

Nos 6 jogos contra os rivais, ganhámos 5 e perdemos 1.
Mas fomos superiores em todos.

Apresentámo-nos a alto nível.
Um SCP à moda antiga!
Depois de tudo aquilo por que passámos nos últimos 10 anos, podemos finalmente dizer que o SCP está mesmo de volta. Recuperámos o nosso lugar!
E é esta a nossa grande conquista!
Recuperámos a nossa identidade!

A pior coisa que agora podemos fazer é lamentar-mo-nos de não termos sido campeões, olhando para esta época como a grande oportunidade perdida.
Não foi!
Não há nenhuma razão para pensarmos assim!
Esta forma fatalista de ver as coisas é a maneira errada de pensar!

Pontualmente, este é o SCP mais forte das últimas 4 décadas.
Temos bases sólidas para o futuro!
Financeiramente, há condições para sustentar e reforçar esta nossa qualidade.
O plantel é rico. Temos muitos jogadores vendáveis, com grande mercado.
Algo que é uma importantíssima salvaguarda.
Aumentámos o nosso potencial de receitas com a renegociação dos direitos televisivos e com a qualificação para a Liga dos Campeões.
Temos um grande treinador.
E acima de tudo, temos uma grande direção que tem tornado o SCP mais forte ano após ano.

Só temos razões para ter confiança no futuro!
Pessoalmente, já só penso no grande futuro que acredito que aí vem!

Viva o SCP!

Para os livros de história esta época ficará registada como mais uma época em que o Sporting quase nada ganhou.

Mas para quem a viveu, ficará marcada pelo ressurgimento do rugido do Leão. Mais do que um rugido, uma fé, uma crença e uma união na procura de uma coisa que à longos anos nos foge. Não falo do titulo mas sim da vontade demonstrada em todos os campos do culto da vitória. Acreditamos até ao ultimo fôlego que éramos os justos vencedores desta competição e entramos em todos os campos a jogar mandões, autoritários e sem medo.

Houve momentos em que as pernas e a cabeça fraquejaram, e lá vieram os velhos do Restelo mandar as postas de pescada que a fatalidade do Leão era mais forte e que já éramos mas conforme caímos logo nos levantamos e terminamos em grande. Coisa impensável no passado recente. Tivemos estofo de campeões e chegamos ao fim a depender de terceiros mas realço, chegamos finalmente ao fim com grandes possibilidades de colocar a cereja no topo do bolo.

Este percurso não se iniciou nesta época. Existe uma cara que está desde os primórdios deste projecto de reabilitação financeira, económica, desportiva e psicológica deste novo Sporting. Bruno de Carvalho. Concorde-se ou não, goste-se do estilo ou não mas em três anos muito mudou neste clube que amargurou um horrível sétimo lugar e uns bolsos vazios. Ele é a cara mas o corpo deste novo Sporting tem-se vindo a compor e a estabelecer uma nova crença nos adeptos. O titulo seria importante mas não chega. A sustentabilidade de uma mentalidade ganhadora irá no futuro dar não só o ambicionado titulo mas sim condições para uma era de ouro no futebol nacional e internacional. Temos matéria prima, condições estruturais e ambição para sermos um “grande clube, tão grande como os maiores da Europa” se continuarmos a seguir o nosso lema “Esforço, Dedicação, Devoção e Glória. Eis o Sporting”.

Comentar esta época, sem falar de Jorge Jesus é deixar de lado a grande figura da época. Ele marca intensamente esta época logo pela transferência entre rivais e pelo manter a rivalidade aos picaros durante toda a época. Consegue pegar numa equipa certinha fruto do trabalho dos seus antecessores e dá-lhe a garra necessária para acreditar mais além. Vemos jogadores tecnicamente sobre-dotados que no passado eram apenas isso passarem a ser jogadores tecnicamente sobre-dotados mas com uma objectividade concreta na procura pelo sucesso. Jorge Jesus mudou radicalmente a entrega dos jogadores. Encarnou como ninguém o nosso lema e foi com esforço, muita dedicação, grande devoção que atingimos a glória. Para o ano há mais, mas as bases criadas este ano, dão-nos confiança de um Sporting campeão nacional e com boa carreira nas provas internacionais.

No contexto e no país que nos situamos, não será fácil recusar os milhões pelas nossas pérolas. Clubes com muito menos história levam o Euro como grande vantagem para nos sacarem os bons jogadores que aqui temos. Será um intenso assedio a próxima janela de transferências. Vender bem e comprar melhor terá que ser a nossa meta, não esquecendo os nossos jovens que já mostraram estar à altura de muito jogador manhoso que só vem para aqui passar férias. Que venham muitos Slimani´s e muitos Rubens Semedo’s.

Uma última palavra para o jogador que para mim encarna como ninguém este novo Sporting. Pela garra, pela tenacidade, pela força, pela ambição, Slimani foi o Leão à solta em todos os campos. O desejo de vencer cada lance faz dele um exemplo a seguir.

Muito obrigado Sporting

Esta epoca foi para o Sporting o que a Holanda foi para o mundo em 1974.

Ou o Brasil em 82.

SL

A época foi brilhante a vários níveis. Só fica o amargo de não ter sido coroada com o merecido título.

Futebolisticamente a época tem 3 fases.

1ª fase: carrossel

Começamos em grande, na supertaça, onde só pecou por escasso.
Depois veio um início titubeante, onde se partiu do zero (do 433 para 442, sem William, com Adrien a trinco, sem Carrillo)

Logo a abrir, a porrada com o actual líder da liga russa e de andamento bem mais adiantado.
Foi um choque violento, dada a forma como aconteceu: golo com mão, um anulado sem se perceber muito bem porquê.
Mas as coisas avançaram.

Seguiram-se vitórias tangenciais, algumas só de penalty e uma liga europa com maus momentos, sobretudo o 3-0 na Albânia. Mas outros muito bons, como a 1ª vitória em solo russo, o grande jogo na Turquia (com resultado escasso) e uma remontada sobre o campeão turco aqui em Alvalade.
Cá dentro, resultados tangenciais e o último minuto a salvar vários jogos (muitos jogos). Vitórias concludentes, só com Guimarães logo após chicotada
Não furávamos autocarros. Baqueámos no Bessa, depois do Paços em casa no intervalo da champions
Vencíamos os pequenos, mas não convencíamos. Os anti-Jesus diziam que só ganhávamos aos grandes.
A mim preocupava-me a dificuldade em controlar resultados. Ainda mais dificuldade em matar os jogos.

A vitória na ETAR foi, claro, outro momento alto.
Sem espinhas com o 1º remate enquadrado deles a surgir aos 80’.
E isto depois do Rui Sonso ter ensaiado um mind-game com o selo T1: adia a CI para falar após Jesus e sai-se com esta: “vamos jogar contra bons jogadores, mas não sei se são uma equipa”. Engoliu com juros que até foi de lado.
Começava a manifestar a sua face de moço de recados, acéfalo, sem vontade própria. Um grande merd*s, em suma.
Infelizmente Jesus não o reduziu à sua insignificância só lhe respondeu: eu podia pô-lo assim pequenininho, mas não quero. Jesus foi Homem. Foi pena, digo eu, devia ter respondido ao javardo com a mesma dose de javardice.
Para a taça, os lampiões levam novamente no focinho. Aí já jogavam à Guimarães: bloco baixo, compacto, chutão e eficácia melhor que o Guimarães. Sim, 17,5M por 2 avançados a juntar a um goleador em idade de reforma, dá resultado.

Ok, esta fase foi carrossel de emoções. Água na boca com alguns jogos, mas outros… tremido, vitórias in-extremis e o péssimo resultado na Albânia

2ª fase: negra

O mês do natal e os efeitos imediatos do mercado de inverno.
William regressara, mas não convencia. Os pilares de Jesus andavam com os bofes de fora, sobretudo Adrien e Brian, porque João Mário é diferente.
Já era perceptível que Jesus não gostava da defesa. Ewerton sempre magoado, João Pereira com a altura que não agrada, Jefferson que centra bem mas às vezes parece estar na lua.
Jesus não foi de modas. Prepara uma mudança canhão: muda a defesa toda.

Mas antes, um soco no estômago, com a eliminação em Braga. Com os cumprimentos de Fávio Vermelhíssimo.
Pior que isso, a derrota na Madeira. Não marcámos e sofremos. Derrota à antiga
Perdemos a liderança para o Lotopegui.
Começa o ano, vitória sem espinhas contra o líder bufas, novamente a liderança e vitória a meio da semana em Setúbal por números gordos. Quem diria? Até o chuta-chuta…

A mudança na defesa trás estragos.
Dois golos com o Tondela, em casa. Dois golos com a Académica e uma arbitragem das antigas, com Cosme Machado a reverter, mal, uma boa decisão do auxiliar.
Já com o Braga, vitória ao soar do gongo, depois de estar a perder… por dois.
Sai Montero, que raramente salvou, Téo não está nem deixa de estar, Slimani está com a cabeça no cepo.
São três jogos em branco: Rio-Ave, Guimarães e o jogo trágico.
Na liga europa caímos sem brilhantismo aos pés do 3º classificado da bundesliga. Como no ano passado.

Pensei que isto ia acabar mal. Hesitei na confiança que depositava no conhecimento do treinador.
O ano passado levámos com o carnide e logo a seguir veio o péssimo jogo e resultado no Restelo.
Mas, agora, safámo-nos no Estoril, com brilhantismo até reduzirem, quando voltaram os fantasmas antigos. Adrien não jogou, como não jogara em Guimarães e tivera de sair com o carnide.

3ª fase: brilhantismo

A nova defesa estabiliza. Mais altura, um patrão e um miúdo alto e rápido.
Chuta-chuta testado na lateral esquerda… convence-me (incrível como praguejei quando o vi aí pela 1ª vez, no apito inicial, salvo erro, do jogo com o Arouca…).
Sobre Schelotto… Jesus calou-me.

João Mário encanta. William regressa aos velhos tempos. Brian, sem férias há 2 anos, espalha classe. Adrien justifica a braçadeira.
Slimani limpa a cabeça depois de uma defesa jurídica simplesmente brilhante.

Jesus tem mais tempo. Joga de sábado a sábado. Os jogadores assimilam ideias. Volta e meia, alguém desaparecido reentra e não se nota a diferença.

Os resultados são excelentes.
Jogo tranquilo em Belém. Em Moreira de Cónegos demonstramos, sem matar o jogo, que sabemos controlar jogos e resultados. Aviamos Arouca e Setúbal com chapa 5. Os outros em casa foram todos sem espinhas. Vencemos e convencemos.

Chegam os jogos mais temidos. E foram brilhantes.
Se me dissessem, há 2 meses, que fócul e braga, fora, dava um total, para nós, de 7-1, e o 1 era um penalty (antecedido de falta e que compensou outro, esse sim, penalty claro)… diria que era loucura.

Conclusão

Os mitos sobre Jesus foram caindo.
“Só gosta de estrangeiros e despreza a formação”: Mentira!
Provam-no Rui Patrício, Adrien, William, João Mário foram nucleares. Imprescindíveis.

“Não aposta em jovens da casa”: Mais uma mentira!
Ruben Semedo torna-se nuclear, Matheus fez grande jogo a titular quando foi necessário reconquistar a liderança ao fócul, Gelson termina em grande estilo e até Esgaio entra no último jogo… para o miolo.

Para o ano, quero mais e ainda melhor!

É uma época ingrata. Apesar do excelente futebol, é mais um ano de jejum. Falhámos o principal objetivo e isso não pode nem deve ser desvalorizado.

Agora, não me parece que todos os falhanços sejam iguais. Não é a mesma coisa do que aqueles campeonatos em que se fica em 2º a 20 pontos do 1º. Nem sequer é a mesma coisa do que campeonatos como 2005 ou 2007, em que acabamos perto do 1º lugar mas nunca fomos os favoritos. Neste, éramos favoritos, tivemos o campeonato na mão e perdemo-lo.

Por um lado, isto torna ainda mais dura a derrota, porque fica a sensação que oferecemos o campeonato ao nosso arqui-rival. Engasgámo-nos quando tínhamos a meta à vista - e essa é talvez a pior forma de perder um campeonato. Mas, por outro, mostra o quão longe já andámos em tão pouco tempo. Há poucos anos atrás, tínhamos o clube atolado num discurso confirmista. Que tínhamos as “armas diferentes” face a Benfica e Porto e de que o declínio era irreversível. Os mais otimistas diziam podíamos talvez ganhar num ano em que ambos os rivais estivessem em baixo. Os mais pessimistas que a diferença era demasiado grande para poder alguma vez vir a ser revertida.

Esta época, demonstrámos que essa diferença já não existe. Fomos superiores no confronto direto e só falhamos em alguns jogos contra equipas menores. Conseguimos - com enorme mérito do treinador - fazer com que muitos dos nossos jogadores dessem um salto qualitativo enorme. Conseguimos - outra vez com grande mérito do treinador - suprir o golpe da perda de um jogador-chave - Carrillo - já com a época em andamento e com o mercado fechado. Conseguimos - fator JJ outra vez - transformar algo potencialmente fatal como uma razia de lesões na nossa defesa numa oportunidade para fazer um quarteto mais forte do que o anterior. Mesmo o mais empredrenido lampião ou andrade tem de reconhecer no Sporting um adversário temível e um candidato sério ao título em 2016/17, ainda antes sequer de se saber qual vai ser o nosso plantel. Isso diz muito sobre a recuperação do nosso estatuto de “grande” no campo.

O resto, quando as equipas são equilibradas, é futebol. Só pode haver um vencedor, mesmo quando há mais do que um merece. Foi este o caso. Fomos batidos por um adversário que teve também ele de pulverizar todos os recordes para nos ganhar. Que soube resistir a cinco (!) derrotas em seis jogos com os rivais e não entrar em pânico. Que conseguiu suprir lesões de jogadores-chave recorrendo quase só à equipa B. Que conseguiu conciliar uma excelente campanha europeia com um título de campeão. Não desvalorizemos isso. Honra aos vencidos, sim, mas sem negar a glória dos vencedores - pelo menos, é assim que eu vejo o desporto.

Quando se chega a este patamar, é difícil entrar numa análise sobre o que é que falhou - sobretudo quando o que falhou foram apenas 7 jogos em 34, 16 pontos em 102. É difícil entrar em grandes teorias quando a diferença é um remate de baliza aberta falhada pelo nosso melhor jogador num derby ou um empate estupidamente concedido a 5 minutos do fim contra o último classificado.

Mesmo assim, há alguns detalhes de que se pode falar. Nenhum deles por si foi decisivo, mas todos juntos podem ter significado os 2 pontos que nos tiraram a festa.

  • Inexperiência nestas andanças. Pode parecer incrível, mas jogadores nucleares como Patrício, Adrien, João Mário, William Carvalho ou Slimani nunca ganharam um campeonato nem nunca tinham estado numa situação em que eram favoritos para o título. Aquele período negro entre o final de Janeiro e início de Março que nos tirou o campeonato teve muito de bloqueio mental dos jogadores. E mais ainda quando vemos o que aconteceu a seguir à derrota com o Benfica: engatámos no melhor período da época. A qualidade esteve sempre lá, mas agora parecia que tinham tirado um peso de 50 toneladas de cima do jogadores.

  • A “gestão do esforço”. Eu insisto na minha dama. As mudanças brutais de registo entre campeonato e Liga Europa tiveram o seu papel na quebra na fase crítica da época e o discurso do “campeonato é que interessa” fez ricochete. Por um lado, os jogadores não são máquinas a quem se muda o “chip” consoante o jogo. Há dinâmicas de vitória que são vitais para ultrapassar períodos críticos - como o Benfica demonstrou neste final de época. Ora, na fase crítica, tivemos foi uma dinâmica de desmobilização da Europa a contaminar o campeonato. Por outro lado, e paradoxalmente, a desvalorização inicial da fase de grupos da liga Europa, fez com que, na hora da verdade, a equipa tenha sido obrigado um esforço extra para assegurar a qualificação - quando, se se tivesse levado a sério os primeiros jogos, teria sido possível poupar os jogadores no final. E nem falemos na diferença que fez ser 1º ou 2º no grupo…

  • A saída de Montero e o caso Teo. Uma coincidência extremamente infeliz. Mas a verdade é que ficámos sem verdadeiras alternativas a Slimani numa altura crucial da época. Montero, que tinha desbloqueado alguns jogos de 0-0 na 1ª volta, saiu sem substituto comparável. Teo, que sempre foi uma aposta de risco, decidiu “fritar” na pior altura possível. Slimani foi incrível, mas tudo passou a depender dele. E sendo que em três dos quatro jogos em que perdemos pontos na 2ª volta ficámos a zero, é legítimo pensar o que teria sido se o Avioncito tivesse ficado ou se não tivesse dado o vaipe a Teo.

  • O processo Slimani. Ao contrário de muitos aqui, não creio que arbitragem tenha sido um fator decisivo nem acho que, no deve e haver, tenhamos grandes razões de queixa. Mas há um episódio relacionado com a arbitragem que acho muito grave. Trata-se do arrastar do processo Slimani. É incompreensível que os processos disciplinares se possam arrastar durante meses, dando azo a toda a espécie de especulações e suspeitas de manipulação. Quando não há razão alguma, hoje em dia, para que os processos disciplinares não possam ser decididos numa semana. Como é que o processo afetou o jogador, não sabermos - mas é inegável que coincidiu com o pior período da equipa.

  • O ruído fora das quatro linhas. Caímos que nem patinhos na estratégia de desestabilização mediática do Benfica. A direção do Benfica entrou de cabeça perdida no início de época, como um bêbedo que entra num bar à procura de uma luta para recuperar a admiração dos amigos. E, em vez de os deixarmos autodestruirem-se, fizemos-lhes o favor de lhes dar essa luta.

Era inevitável que teríamos de vir a terreiro defender JJ das provocações que vinham da Luz. Mas foi-se muito para além disso. Entrou-se num clima de guerrillha permanente, em que os nossos dirigentes se deixaram arrastar para quezílias e bate-papo com simples funcionários ou até, pasme-se, paineleiros do Benfica. Uma guerra onde não tínhamos nada a ganhar e tudo a perder. Que só serviu para unir um adversário que estava a beira do colapso.

O bom é que nada disto é propriamente estrutural. A inexperiência do plantel já não existirá para o ano. O mercado reabre a 1 de Junho. A gestão de esforço pode ser feita de uma forma mais equilibrada entre campeonato e competições europeias, com maior rotação em jogos domésticos em casa contra equipas mais fracas. Os regulamentos mudam-se e deviam ser já objeto de uma proposta da direção do Sporting já para a próxima época. E a comunicação muda-se, bastando aplicar princípios tão simples como: presidente responde a presidente, dirigente a dirigente, funcionário a funcionário, paineleiro a paineleiro.

Em suma, estamos perto, muito perto.

Não percebo como se pode dizer que é uma época brilhante.

Eu sei que custa engolir e que estamos f******, mas prefiro encarar de frente e aceitar que foi uma época fraca.

Do melhor futebol que já vi na vida, mas no fim ganhamos muito pouco.

Agora se me disserem que esta época pode ter sido o início de algo muito bom, isso já é outra conversa.

Mas esta época (15/16), não pode ser considerada boa, quanto mais brilhante.

É injusto, fomos expoliados. Então aprendam e que façamos todos o que precisa de ser feito.

É uma época em que a equipa do Sporting demonstra globalmente muita competência colectiva, se calhar até acima dos outros 2 títulos de campeão.

Por outras palavras, este Sporting de 2015/2016, pelos resultados que fez, pela demonstração de força e classe em muitas ocasiões, replicado no futuro ou no passado, se tivéssemos o dom de viajar no tempo, será e seria várias vezes campeão e com conforto. Por contingências várias, não o foi este ano.

É verdade, mas não foi.

As vitórias reais têm de passar a ser mais importantes para nós do que as morais.

Até aceito que para fora se dê outra ideia, mas entre Sportinguistas verdadeiros e que queremos o bem do clube, devemos encarar este ano como bom para perspetivas futuras, mas mau em termos de resultados.

Para o ano temos todos de dar e fazer mais e tentar os 90 pontos. Querer cada vez mais. Nada chega até sermos campões! Levar tudo à frente.

Fomos espoliados, jogámos um futebol de estalo, estivemos até ao fim na luta mas… em termos desportivos não posso considerar que tenha sido uma época conseguida, ainda mais quando pusemos todas as fichas no campeonato.

E tenho a certeza que o Presidente Bruno de Carvalho também sente isso.

No entanto, há muita gente que se esquece que ganhámos o primeiro troféu da época, a Supertaça. É pouco? Acho que sim, para o Sporting Clube de Portugal só a vitória interessa.

Mas se vivemos novamente a ilusão de ser Campeões foi porque esta Direcção, este Treinador e a sua equipa técnica e estes jogadores nos deram essa ilusão.

Antes de eles lá estarem nem à Europa íamos, estávamos falidos, a massa associativa estava desanimada.

Agora já somos o inimigo a abater… e isso é algo que os Leões não deixam. Nenhum verdadeiro Leão se deixa abater.

Esta época provou que estamos realmente vivos.

E isso tem um valor inestimável.

De minha parte, não digo obviamente que foi um bom ano, quando o Sporting não é campeão.

Mas a ambição que tenho, é um Sporting forte. E até pode ser campeão, sendo menos forte do que foi esta época, dependendo do que fazem os rivais ou de factores externos. Mas com esta capacidade, com a qualidade que se mostrou, ganha-se. Não é numa época, é na outra. E na seguinte. Até ser crónico.

Não foste campeão em 2005 por uma unha negra. Caso tivesse caído para o nosso lado, havia razões fundamentadas para pensar num futuro risonho nessa altura, quando a mediocridade era lei?

Aliás, o próprio benfica desse ano mostrou que um titulo pode ser algo caído do céu ( leia-se Estoril/Algarve ), sem especiais méritos nem construindo o futuro. Por alguma razão nos 4 anos seguintes nem ao 2º lugar chegou. E nos 10 anos anteriores, não fez muito melhor.

As pessoas podem estar aziadas, lixadas e tristes, mas parece-me evidente que esta época, apenas vencendo uma Supertaça, dá claros sinais do que aí vem.

E por isso há tanta gente a pedir que Agosto chegue rápido.

O êxito desta época estaria sempre ligado ao título de campeão nacional (nem a taça faria assim tanta diferença, pelo menos para mim).
Fomos os melhores do campeonato e fomos os primeiros daqueles que lutaram legitimamente.
Obrigado a todos pelo magnifico futebol que vi e pelo prazer que tive a ver o Sporting jogar esta época.

Agora temos é que perguntar se para o ano vai ser a sério ou a brincar outra vez… Isso devia ser esclarecido pelas instâncias que gerem o futebol, para depois ser mais fácil planear e decidir o nível de investimento aplicado.

Parabéns foi a melhor analise da época que li

:arrow: :arrow: :arrow: Subscrevo na íntegra. A história reza com os campeões e com vencedores. O resto vale pouco mais do que zero.

Agora não podemos esquecer o que sucedeu esta época; arbitragens deploráveis (não deixar cair os casos Voucher e pressionar as entidades policiais e MP deste país a investigar a fundo e não fazer de conta que investigam Oliveirenses e Orientais desta vida). Pressionar esses bois do apito SEMPRE. Esses gajos nem merecem o ar que respiram.
Quanto à Comunicação Social…muito já foi dito. Iremos ter alguma iniciativa contra esses corruptos e lacaios sem lei? É que vamos ter que levar com esses sacanas o ano todo a nos f**** a cabeça.

Tudo dito, parabéns pela análise. :arrow:

Excelente texto, [member=2153]Petrovich , que subscrevo quase por completo. Umas notas relativamente a estes 2 parágrafos.

Eu não concordo nem me revejo com e em muitas das intervenções públicas do presidente, até mais pela forma do que pelo conteúdo.

E considero JJ e não é obviamente de agora, dono de uma postura pública deselegante, arrogante e egocêntrica.

São 2 figuras que naturalmente criam anti corpos, por perfil e personalidade, pertencem aquele tipo de figuras que dão aos adversários um incentivo extra em contextos de confronto. Por alguma razão os lampiões falam mais de BdC e JJ do que Vitória ou Jonas ou Vieira.

Sei também que há sportinguistas que têm horror a este tipo de postura. Incompetentes, irresponsáveis, cobardes e amorfos, toleram, mas dirigentes ou treinadores que potenciam ou não fogem do confronto e os obrigam a sair da zona de conforto nas discussões nos cafés ou no trabalho, por competentes que sejam, não.

Isto para dizer o quê? Que estes anti corpos, este incentivo de “alma” extra aos rivais, com BdC e JJ, existirão sempre. Com BdC e JJ, seremos um alvo a abater, sempre.

Gostaria também de lembrar o contexto de início de época. A vitória na Supertaça foi um balão de oxigénio que funcionou como um escudo temporário, mas se os vermelhos estavam à nora e em convulsão, rapidamente e cavalgando a onda do nacional lampionismo, branqueador, impune e cobarde, porque ali os líderes não dão a cara, montaram um cenário vendido à exaustão em que BdC era um louco irresponsável e despesista que introduziu dinheiro sujo no futebol ( lembram-se das intervenções de políticos com pedidos públicos de investigação à CMVM? ) , JJ vendido como um ofensor à excelência do Seixal, um traidor e um judas, que não ganhara 3 campeonatos mas sim perdera 3, um ex treinador que mandava SMSs provocadores aos seus ex jogadores.

Rapidamente, o bi campeão que enxotou o treinador e o perde para o rival, tornou-se um exemplo de contenção financeira ( gastando 4x mais que o Sporting em aquisições de jogadores) e o Sporting um clube à deriva e à mercê dos devaneios de um louco que fazia um all in desesperado. E isto com o patrocínio de muitos “notáveis” verdes. Lembram-se de Roquete? Barbosa? Dias da Cunha?

Apesar da vitória na Supertaça, o início de época do Sporting não foi nada de fantástico. Além de alvo da propaganda vermelha branqueadora e justiceira, que explorou o caso Carrillo e os falhanços e pseudo falhanços no mercado até à exaustão, a equipa estava longe de ser completamente funcional. Não havia William, um dos seus activos mais valiosos que só apareceu ao seu nível já perto do fim do campeonato, não havia Ewerton, perdeu o seu maior desequilibrador e os reforços naturalmente precisavam de tempo.

Apesar da grande vitória na Luz, eram notórias as dores de crescimento e as dificuldades dos jogadores em adaptar-se a novas exigências. 4 pontos perdidos nas primeiras 6 jornadas e algumas vitórias tiradas a ferro, quase por milagre ( exemplos maiores: Arouca e Belém).

E isto enquanto decorria a lavagem de imagem e mais uma demonstração miserável de impunidade aos vermelhos, no caso dos vouchers.

Concordo que a falta de experiência e estofo nos penalizou. Concordo e já o disse, que Vitória e os seus jogadores tiveram indiscutível mérito, afinal estes eram bicampeões por alguma razão. Não discordo pelos motivos que referi, que lhes demos um suplemento de alma, que a propaganda soube vender exemplarmente a fantasia de um Sporting incendiário versus um Benfica responsável com ética desportiva.

Mas no fim, tudo se resume a resultados, que estratégias e reacções que agora criticamos estariam a ser elogiadas, caso o Sporting tivesse ganho.

E fez mais e melhor que o Benfica, disso não tenho dúvidas. Os vermelhos tiveram a sua primeira expulsão no fim do campeonato, com o resultado feito. Sofreram o primeiro penalti no fim do campeonato, com o resultado feito. Se o erro arbitral faz parte, a favor ou contra, o que lhes aconteceu em Guimarães ou Paços foi tudo menos natural. Estatisticamente, é muito improvável que um jogo tenha 4, 5 situações potencialmente decisivas para o resultado final que carecem de decisão arbitral e esta caia sempre para o mesmo lado.

Ninguém faz 88 pontos apenas e só com colinhos. Nenhum colinho, por si, ganharia a este Sporting de JJ. Mas que o colinho subverteu a justiça desportiva desta Liga, parece-me evidente.

Foi uma boa época!
Faltou o título merecido!
Muito positivo esta envolvência de todos, com o mesmo objectivo e a desejar que chegue Agosto rapidamente!
Confio que estamos tão perto que até me dá ansiedade…
E isto perdendo… só imagino se temos ganho :slight_smile:
SL

Durante a sua apresentação Jorge Jesus prometeu que seriamos candidatos a sério e que discutiríamos o título até o fim. Se calhar muita gente na altura duvidou, eu incluído.

Bem diz o Vieira que se tiveram de esforçar porque não estavam à espera deste Sporting e após o 0-3 sem duvida que “tratou das coisas por outro lado” porque o negócio da Lavandaria da Luz estava em risco. Até RGS se estava a perfilar como candidato…

Foi uma época muito positiva mas se quisermos ser campeões teremos de trabalhar melhor fora do campo. É a realidade.

No 2º comentário li o nome do Carrillo, e sinceramente é um nome que realmente me passa ao lado hoje em dia.
Para aqueles profetas da desgraça que diziam que o Sporting era Carrillo+10, maioritariamente rivais obviamente, veio-se a revelar que o Sporting a partir do momento que o colocou de lado melhorou e muito o seu futebol.
Foi um risco na altura? Sim, um pouco. Mas passou a mensagem que era necessária para com jogadores ingratos, e veio-se a confirmar que afinal Carrillo era só mais um jogador do plantel. Com potencial, claro, mas facilmente substituível por um Gelson, Matheus ou Mané.
Mais tarde surge um novo “caso” para a CS, que era um não tópico para o Sporting. Teo. Mais uma vez veio-se a revelar que a CS deu mais um tiro no pé, JJ acreditou no Teo e o colombiano cresceu até ao último jogo. Quase irreconhecível comparado ao que fizera até aquele ponto.
São dois “casos” completamente diferentes. Um jogador ingrato que preferiu sacrificar uma época desportiva, algo crucial no crescimento de qualquer jovem, e outro jogador, conhecido por ter uma personalidade forte e algo rebelde, após ter passado um período de recuperação física e quiçá psicológica, disse ao treinador “estou aqui para ajudar”, e o treinador apostou nele.
Diferenças? Um tem 31 anos e o outro não saiu dos 18.

Não ganhamos nenhum troféu (salvo supertaça, que considero fechar a época anterior), e por isso não posso estar satisfeito. Ressalvo no entanto que fizemos um bom campeonato, e já há muito tempo que não via o Sporting tão forte, com uma ideia de jogo consolidada, que por “pormenores” não nos deu a alegria máxima de sermos campeões, algo seria impensável há 3 anos atrás.
Dito isto, já só penso na próxima época, porque se houver cabecinha, ainda podemos melhorar!