Avaliação Global (desportiva & financeira) de Contratações

Crio este tópico porque sinto que existe neste fórum (e quiçá nos próprios clubes) uma grande dificuldade em fazer uma correta avaliação global do que é uma boa ou uma má contratação. Acho importante que nós sejamos capazes de fazer esta avaliação da forma mais correta possível e acho ainda mais importante que percebamos o impacto que estas contratações têm na força desportiva e financeira de um clube.

Antes de iniciar quero frisar bem esta ideia que já inscrevi em vários tópicos:
O sucesso de um clube depende, acima de tudo, de ser capaz de contratar bem e depois de também ser capaz de vender bem!
Ou seja, quando estamos a falar deste tema, estamos simplesmente a falar do tema mais importe que existe num clube!
ISTO É TUDO!

Todos os outros aspetos que interferem com os resultados de um clube, são secundários perante este. É aqui que está o peso esmagador na situação de cada clube.

Uma má política desportiva pode arruinar um clube em 5 anos.
Uma boa política desportiva pode enriquecer um clube em 5 anos.
É deste tipo de impacto que estamos a falar.

O elemento unitário que está na base de tudo isto é a contratação.
E é por isso que é interessante conseguirmos dar uma boa resposta à pergunta:
Como avaliar uma contratação?

Eu vou aqui fazer o exercício de propor uma forma que não seja demasiado complicada mas que, ainda assim, permita fazer uma boa avaliação de uma contratação.

Qualquer avaliação tem que contabilizar, acima de tudo, 3 vertentes:

Desportiva, Financeira e outra a que vou chamar de Custo de Oportunidade.
Deveremos tentar quantificar, tanto quanto possível, todas as vertentes.
É muito difícil não sermos subjetivos a avaliar o custo de oportunidade.
É fácil sermos objetivos a avaliar a vertente desportiva e é facílimo avaliar a vertente financeira.

Como avaliar a vertente desportiva?

A melhor forma que eu encontro é avaliar o rendimento de um jogador ano a ano e estipular quanto merecia de salário esse rendimento para esse jogador.

Se não estivermos à vontade a fazer esta avaliação, assumimos que corresponde ao salário real. Isto equivale a dizer que o jogador rendeu de acordo com o seu salário ou então que estamos a excluir a parte salarial da nossa avaliação.

Como avaliar a parte financeira pura?

Esta é a avaliação mais fácil e mais objetiva.
O resultado financeiro de um jogador é dado pela seguinte fórmula:

[Resultado Financeiro] = [Valor de Venda do Jogador] – [Valor de Compra do Jogador] – [Salários e Prémios]

Podemos combinar estas 2 componentes numa só e obter já um excelente método de avaliar uma contratação através da seguinte fórmula:

[Resultado Desportivo/Financeiro] = [Resultado Financeiro] + [Resultado Desportivo]

O resultado desportivo corresponde ao custo salarial merecido e então ficamos com:

[Resultado Desportivo/Financeiro] = [Valor de Venda do Jogador] – [Valor de Compra do Jogador] – [Salários e Prémios] + [Salários e Prémios Merecidos]

Esta é uma excelente forma de avaliarmos uma contratação!

Se quisermos ser ainda mais perfeccionistas, mas correndo aqui o risco de entrar com mais subjetividade, podemos incluir o conceito de custo de oportunidade. Neste caso, corresponde ao que perderíamos se não contratássemos o jogador dado o contexto específico.

Vou dar um exemplo, qual teria sido o custo de oportunidade de não termos contratado o Jardel?

Avaliar a contratação do Jardel pela fórmula acima daria um mau resultado.
Isso seria injusto porque o Jardel nos deu um título (que tem valor monetário) e ajudou à valorização de outros ativos. Por outro lado, ao acertarmos a contratação, não tivemos que fazer uma 2ª ou uma 3ª a tentar acertar com o PL certo (isto então vale mesmo muito dinheiro).

De qualquer dos modos, não aconselho a investir demasiado neste conceito para uma contratação normal.

A melhor forma de avaliar uma contratação de forma razoavelmente objetiva sem perder muito tempo é através da fórmula:

[Resultado Desportivo/Financeiro] = [Valor de Venda do Jogador] – [Valor de Compra do Jogador] – [Salários e Prémios] + [Salários e Prémios Merecidos]

Vamos testar com 4 exemplos:

Islan Slimani (1ªpassagem pelo SCP):

[Valor de Venda do Jogador] = 31 ME
[Valor de Compra do Jogador] = 0,3 ME
[Salários e Prémios] = 4ME
[Salários e Prémios Merecidos] = 5ME

O que dá:
[Resultado Desportivo/Financeiro] = 31,7ME

O que é um resultado histórico com uma contratação de um jogador.
Basicamente, não pagámos para o ter a jogar por nós com todo o rendimento que deu.

Não vou aqui contabilizar nenhum custo de oportunidade.

Alan Ruiz:

[Valor de Venda do Jogador] = 0 ME
[Valor de Compra do Jogador] = 8,4 ME
[Salários e Prémios] = 5ME
[Salários e Prémios Merecidos] = 3ME

O que dá:
[Resultado Desportivo/Financeiro] = -10,4 ME

O que é um resultado muito mau. Daqueles que dão cabo de clubes se fizermos muitos assim.

João Mário (no SLB se cumprir contrato até ao fim):

[Valor de Venda do Jogador] = 0 ME
[Valor de Compra do Jogador] = 7,5 ME (eles hão-de ir lá parar direta ou indiretamente)
[Salários e Prémios] = 20 ME
[Salários e Prémios Merecidos] = 10 ME

[Resultado Desportivo/Financeiro] = - 17,5 ME

O que é um resultado péssimo.
No entanto aqui, pode entrar o conceito do custo de oportunidade:
Se se verificar que o João Mário é a peça que vai fazer a diferença no SLB, isso pode ser quantificado em dinheiro e pode até superar 17,5 ME de prejuízo.
Mas isto é um grande risco!

Islan Slimani (se voltasse ao SCP num contrato de 3 anos a 2ME/ano e com preço de 3ME):

[Valor de Venda do Jogador] = 0 ME
[Valor de Compra do Jogador] = 3 ME
[Salários e Prémios] = 6ME
[Salários e Prémios Merecidos] = 4,5ME

O que dá:
[Resultado Desportivo/Financeiro] = - 4,5 ME

É um resultado negativo típico de uma contratação com este perfil.
Mas aqui também pode entrar o custo de oportunidade da diferença que o Slimani pode fazer no SCP.

Uma coisa é certa, não estamos a falar de um risco ao nível daquele que corre o SLB com o João Mário.

Notas finais:
1.
Uma contratação deve ser avaliada pelas vertentes desportiva, financeira e de custo de oportunidade.
2.
Sugiro que se evite usar muito o custo de oportunidade porque é uma vertente muito subjetiva. Simplifiquemos pois e desprezemos esta vertente na maioria dos casos.
3.
É normal que uma contratação dê resultado negativo e possa, mesmo assim, ser positiva.
Basta esse valor negativo não ser exagerado e o jogador cumprir bem desportivamente.
Na verdade, muito poucos jogadores dão resultado positivo e isso é explicado porque obviamente os clubes têm outras fontes de receita para financiar os plantéis.
4.
Uma contratação de resultado positivo é quase sempre uma boa contratação.
O clube enriqueceu com a passagem desse jogador.
5.
É importante apostar na formação.

Sempre que se aposta num jogador da formação e este revela qualidade vamos ter um jackpot porque:

[Valor de Venda do Jogador] pode ser explosivo.
[Valor de Compra do Jogador] = 0 ME
[Salários e Prémios] são normalmente mais baixos que os dos jogadores que vêm de fora.
[Salários e Prémios Merecidos] são normalmente mais altos que os [Salários e Prémios] efectivos, o que também é bom.

Ou seja, tudo contribui para a maximização do [Resultado Desportivo/Financeiro].
É por isto que se diz que se deve apostar na formação. Não é treta!
Isto já para não falar de questões de mística e da vantagem que é ter um plantel maioritariamente nacional.

Deve-se apostar na contratação de jogadores jovens de qualidade valorizáveis.
O perfil típico das contratações do SCP deve ser este porque:

[Valor de Venda do Jogador] não vai ser zero (como num jogador veterano) e a sua venda pode sempre ser por um valor explosivo (se a contratação for acertada).

Deve-se evitar a contratação de jogadores mais velhos porque:

[Valor de Venda do Jogador] quase de certeza vai ser zero.
[Valor de Compra do Jogador] normalmente é mais elevado do que parece por causa das luvas ao jogador e aos empresários.
[Salários e Prémios] são normalmente altíssimos em comparação com os [Salários e Prémios Merecidos] porque o jogador, muitas vezes, é contratado mais a pensar no que ele fez no passado e lhe deu bom nome do que no que realisticamente vai conseguir fazer no fim da carreira.

Isto não quer dizer que não se possa fazer uma ou outra exceção pontual a esta regra por causa do conceito do custo de oportunidade. Mas NUNCA se pode basear uma política desportiva na contratação de jogadores deste perfil como já fizemos no passado com resultados gravosos.

Podemos arriscar fazer uma avaliação de uma contratação antes do jogador em causa sair de um clube. Mas isso, na verdade, não é uma verdadeira avaliação da contratação. Isso é uma projecção.

A verdadeira avaliação da contratação de um jogador só se pode fazer quando ele encerrar o seu contrato no clube que o contratou.

Gostava que este tópico servisse de apoio à avaliação de contratações (incluindo projeções).
Se aplicarmos bem estes conceitos de que aqui falei, acredito que podemos ter uma noção muito mais exacta sobre se uma contratação é, ou pode ser, boa ou má.

O principal objectivo, e de forma destacada, é o rendimento desportivo. Um bom jogador caro sai sempre mais barato do que um mau jogador barato. Bons jogadores trazem vitórias, participações positivas na UCL, valorizam a marca, estimulam venda de bilhetes, de merchandising; elevam o nível global da equipa e permitem aos jogadores menos experientes usufruírem de mais espaço e de melhores condições para brilharem. Gera um ciclo vicioso positivo.

Eu percebo o objectivo do post, mas o Sporting não é um Nordsjaelland, um Mirassol, um Valmiera etc. Há obrigação de ganhar agora. Tentar espetar tudo numa fórmula serve para a contabilidade de uma mercearia mas não numa entidade desportiva como o Sporting CP, onde há n factores dificilmente quantificáveis que determinam o sucesso.

O sucesso desportivo é o catalisador de tudo. É a prioridade número 1.

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Estás, no fundo, a sobrevalorizar os factores custo de oportunidade e desportivo.
O âmbito da minha análise é global e precisa também da vertente financeira pura que é importantíssima e impacta de frente na saúde de um clube.
Esses são apenas 2 dos factores.
E cuidado sobretudo com o mais subjetivo (custo de oportunidade), muito cuidado com a sua sobrevalorização.

Ainda assim, isso está previsto.
Expliquei isso. Não sei se percebeste de que forma isso pode ser contabilizado.
Posso não ter sido claro.

Pelo que percebi, a análise engloba o lado desportivo com o item “Salários e prémios merecidos”. Gostava de saber como é que seria quantificado.

O resto é directo, é matemática. Mas peguemos no exemplo do Paulinho. Imaginemos que o Sporting este ano é campeão e passa a fase de grupos da UCL. Ele é habitualmente titular e marca uns 15 golos. Como é que este rendimento é quantificado em €? Uma % do dinheiro que entra? Que % do total?

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Quantificas através da valorização do seu rendimento.
É aquilo que tu achas que o jogador merecia ter ganho.
Podes assumir valor igual ao real se não estiveres à vontade nesta análise.
É uma simplificação.

Na questão do custo de oportunidade está a parte mais subjectiva.
É aquela de que estás a falar quando falas em valorização de outros jogadores, qualificações, títulos, valor da marca.
É muito difícil fazer esta análise em relação a um jogador.
Não aconselho fazer isso a não ser em casos excecionais.

Por outro lado, no fundo, de certa forma, até já estás a fazer essa avaliação quando na vertente desportiva estipulas o valor salarial que o jogador merece.

Epá… Atenção:
Esta análise não é fácil e nunca é totalmente exata.
Também nunca será perfeita.
Isto é um esforço no sentido de tentar quantificar as coisas.
Tentar perceber o impacto que cada contratação tem diretamente nas nossas contas.

Acho da maior importância.
Mas tens sempre que enquadrar os resultados.

Se olhares para os 4 exemplos que dei de aplicação prática, percebes logo grandes diferenças entre 4 contratações que não conseguias ver tão bem se não fizesses as contas.

Seria muito interessante fazer as contas às contratações que esta direção fez antes do Amorim e depois do Amorim.
Iria certamente perceber-se a perda financeira de antes que ainda agora estamos a sofrer e o ganho potencial de depois de que acabaremos por beneficiar.
Seria giro ver isto quantificado e perceber exatamente o impacto.

É com a análise deste tipo de resultados que se aprende efectivamente sobre política desportiva.
Caso contrário, estamos sempre a falar no vazio e com base em opiniões subjetivas mas baseadas mais na fé do que nos factos.

Penso que falta um tema, o da valorização de terceiros por acréscimo de presença de influência na mentalidade no plantel .

Por exemplo, acredito mesmo muito que o Nuno Mendes, Inácio, Dani, Matheus, TT, etc… conseguiram melhorar muito o aspecto mental pela presença de veteranos como o Neto, JP e Antunes.

Ou seja, apesar de estes 3 não irem trazer nenhum lucro ao clube, compensam na mesma pois ajudam imenso a outros jogadores crescerem/valorizarem e também indirectamente isso também significa que contribuem para as melhores classificações e entradas de dinheiro de Champions (sendo que isso também valoriza o passe de todos).

O busílis da questão está mesmo na quantificação do que denominaste de “Salários e prémios merecidos”, para tentar sair da total subjectividade. Há mil maneiras de fazer, mas uma ideia para modelar podia ser ponderar uma % do rendimento que entra no clube a cada jogador. Algo assim:

Rendimento desportivo = [% dinheiro UCL]1 + [% variação de merchandising]2 + [% variação de venda de bilhetes]3 + [% valorização da marca] + […]

1 Prize pool de x milhões. Assumindo que participam 20 jogadores do plantel (para facilitar as contas), começa-se por atribuir 5% da prize pool a cada jogador. Depois vai-se afinando esta base, por exemplo

  • minutos jogados: tira-se a média de minutos jogados por estes 20 jogadores (imaginemos que são 250 mins); a cada intervalo de 50 minutos jogados adiciona-se ou subtrai-se 1%.

  • performance individual: pegar numa plataforma tipo goalpoint que atribui ratings a cada exibição, calcular a média (numa escala de 0 a 10), adicionar ou substituir 1% a cada valor a mais ou a menos.

2 e 3 - calcular a faturação média do clube nos últimos 5 anos nestes items para servir de valor referência (ex: 30M); se num ano faturas 50M, divides os 20M pelos elementos do plantel e depois afinas com os minutos jogados de forma similar ao ponto 1. Se a variação da faturação for negativa é a subtrair.

etc

Qualquer modelo tem várias limitações. Primeiro porque este requer alguma ginástica de contas para chegar aos 100%, e depois porque só considera jogadores e ignora “quota” para equipa técnica, staff, responsáveis das contratações etc. Entre outras limitações que agora não me ocorrem. Mas já é um passo em frente ao feeling e à opinião.

Tenho pensado num modelo com motivações similares não para contratações mas para prospecção. Começar por dividir o jogo em no habitual modelo dos 5 momentos (posse de bola / pressing / defesa / contra ataque / bola parada), e atribuir a cada um dos 5 momentos dados estatísticos relevantes: na posse de bola a % de passes completos, a % de passes progressivos completos, % dribles com sucesso, etc; Na defesa os desarmes, duelos aéreos ganhos, jogos sem sofrer golos, offsides. E por aí fora. Modelar o lado técnico do jogo. Uma espécie de diagrama FM objectivo.

Falta-me é os ovos para esta omelete, os dados estatístico aprofundados que custam bastante dinheiro. Mas na minha opinião seria o passo em frente que falta no conteúdo online para futebol, que é pobre comparado com o que há para o basket ou para o baseball. O modelo TIFO football de “tomem lá uns dados do wyscout sem contexto ou enquadramento”” passa por conteúdo premium mas é a pseudo-ciência do futebol, uma pessoa vê aqueles vídeos e sai na mesma.

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Interessante análise.
Mal lá está, para a aplicarmos aqui neste tópico precisamos de muita informação e muito trabalho.

A gajos como nós não compensa.
Mas um clube profissional é por aí que deve caminhar.

Tentar quantificar ao máximo sendo que, qualquer modelo que se desenvolva, vai ter que ser sucessivamente refinado ao longo do tempo.
Esta vertente terá sempre alguma subjetividade associada ao tipo de análise.

Independentemente de o jogador custar 5/10/15 milhões e ganhar muito se ele tiver rendimento e o clube ganhar ele é valorizado e o Clube lucra.
Se comprares jogadores de 500/1 milhão e não derem uma para a caixa o prejuízo é reduzido. Ex: Matheus Nunes e até esta a render desportivamente.
Se um miúdo da academia for aposta e valorizar o lucro é gigante… Nuno Mendes/Inácio
Se compras por 5/10/15 e não forem aposta ou não renderem então ai estamos tramados. Aqui recentemente temos Camacho, Rosier, Sporar

Tudo verdade!

off-topic: Tens uma noção, valor, de quanto é que custam estes dados por jogador? off-topic

o preço não é por jogador, é para ter acesso à base de dados. As modalidades mais baratas orçam pelos 250€/ano

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Ok.
Vamos imaginar que se analisa um jogador por semana.
Os dados custam €500/ano.
€10 euros por jogador.
Está aqui uma oportunidade de negócio.
Tens contactos para monetizar isso junto dos clubes?

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Percebe-se e saúda-se a discussão e a tentativa de simplificação, todavia, penso que existem variáveis a serem descuradas (no salário, nas percentagens de direitos económicos, nos direitos desportivos e na pouco ignorável componente dos “empresários”) e outras (salário merecido) cuja quantificação é extraordinariamente difícil e sujeita a diversas variáveis exógenas.
Ademais, estamos aqui a falar de receitas extraordinárias, no caso das vendas. Se o objetivo intermédio pode ser catalisar essas receitas, o objectivo final poderá passar pelo facto de que são o que devem ser “extraordinárias”. Isso sim, revelaria um clube com fortes fontes de rendimento e sustentável.

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Exemplos Tipo de Apostas Desportivas:

Jogador Estrela da Formação (a vender 3 anos depois em Jackpot):

[Valor de Venda do Jogador] = 50 ME
[Valor de Compra do Jogador] = 0,0 ME
[Salários e Prémios] = 2 ME
[Salários e Prémios Merecidos] = 5 ME

O que dá:
[Resultado Desportivo/Financeiro] = 53ME

Contratação Estrela (jovem em ascensão a vender 3 anos depois em Jackpot):

[Valor de Venda do Jogador] = 50 ME
[Valor de Compra do Jogador] = 12 ME
[Salários e Prémios] = 4, 5 ME
[Salários e Prémios Merecidos] = 5ME

O que dá:
[Resultado Desportivo/Financeiro] = 38,5 ME

Jogador Mediano da Formação (faz a carreira toda no SCP):

[Valor de Venda do Jogador] = 0,0 ME
[Valor de Compra do Jogador] = 0,0 ME
[Salários e Prémios] = [Salários e Prémios Merecidos]

O que dá:
[Resultado Desportivo/Financeiro] = 0 ME

Contratação Mediana (qualidade suficiente para fazer a carreira toda no SCP):

[Valor de Venda do Jogador] = 0,0 ME
[Valor de Compra do Jogador] = 4,0 ME
[Salários e Prémios] = [Salários e Prémios Merecidos]

O que dá:
[Resultado Desportivo/Financeiro] = - 4,0 ME

Contratação Mediana (sem qualidade suficiente para fazer a carreira toda no SCP, sai ao fim de 3 anos desvalorizado):

[Valor de Venda do Jogador] = 2,0 ME
[Valor de Compra do Jogador] = 4,0 ME
[Salários e Prémios] - [Salários e Prémios Merecidos] = 2, 0 ME

O que dá:
[Resultado Desportivo/Financeiro] = - 4,0 ME

Contratação Má (sem qualidade suficiente para fazer a carreira toda no SCP, sai ao fim de 3 anos a troco de nada):

[Valor de Venda do Jogador] = 0,0 ME
[Valor de Compra do Jogador] = 4,0 ME
[Salários e Prémios] - [Salários e Prémios Merecidos] = 3,0 ME

O que dá:
[Resultado Desportivo/Financeiro] = - 7,0 ME

Contratação Má e Cara (sem qualidade suficiente para fazer a carreira toda no SCP, sai ao fim de 3 anos a troco de nada):

[Valor de Venda do Jogador] = 0,0 ME
[Valor de Compra do Jogador] = 10,0 ME
[Salários e Prémios] - [Salários e Prémios Merecidos] = 6,0 ME

O que dá:
[Resultado Desportivo/Financeiro] = - 16,0 ME

Ou seja, temos os seguintes resultados para os seguintes tipos de jogadores:

  • Jogador Estrela da Formação (a vender 3 anos depois em Jackpot): 53ME
  • Contratação Estrela (jovem em ascensão a vender 3 anos depois em Jackpot): 38,5ME
  • Jogador Mediano da Formação (faz a carreira toda no SCP): 0,0ME
  • Contratação Mediana (qualidade suficiente para fazer a carreira toda no SCP): -4,0ME
  • Contratação Mediana (sem qualidade suficiente para fazer a carreira toda no SCP, sai ao fim de 3 anos desvalorizado): -4,0ME
  • Contratação Má (sem qualidade suficiente para fazer a carreira toda no SCP, sai ao fim de 3 anos a troco de nada): -7,0ME
  • Contratação Má e Cara (sem qualidade suficiente para fazer a carreira toda no SCP, sai ao fim de 3 anos a troco de nada): -16,0ME

Isto é o que está por trás dos biombos das apostas em contratações em termos financeiros.
É isto que está em causa quando um clube faz uma contratação.

A diferença entre uma boa aposta e uma má aposta pode ser de larguíssimas dezenas de milhões de euros. Repito:
Estou a falar do impacto de apenas UMA decisão de gestão desportiva!
Agora pensemos que, por época, um clube chega a tomar mais de 10 decisões deste tipo…
É isto que determina a evolução da situação desportiva e financeira de um clube!
Isto é absolutamente CRÍTICO!

Projeção – Rubén Vinagre:

Se correr bem e for vendido por 35ME dentro de 3 anos:

[Valor de Venda do Jogador – Os nossos 50%] = 17,5 ME
[Valor de Compra do Jogador – Os nossos 50%] = 10,0 ME
[Salários e Prémios] = [Salários e Prémios Merecidos]

O que dá:
[Resultado Desportivo/Financeiro] =7,5ME

Muito bom porque recebemos para ter rendimento desportivo durante 3 anos.
Bom na vertente desportiva e bom na vertente finenceira.

Se correr razoavelmente e fizer a carreira toda no SCP:

[Valor de Venda do Jogador – Os nossos 50%] = 0,0 ME
[Valor de Compra do Jogador – Os nossos 50%] = 10,0 ME
[Salários e Prémios] = [Salários e Prémios Merecidos]

O que dá:
[Resultado Desportivo/Financeiro] = - 10,0ME

Não é o ideal financeiramente mas isso é largamente compensado por termos 10 anos de rendimento (o que é um largo período – é uma era) de bom nível na equipa. Vale a pena na mesma!

Se correr mal no SCP e sair a custo zero:

[Valor de Venda do Jogador – Os nossos 50%] = 0,0 ME
[Valor de Compra do Jogador – Os nossos 50%] = 10,0 ME
[Salários e Prémios] - [Salários e Prémios Merecidos] = -4ME

O que dá:

[Resultado Desportivo/Financeiro] = - 14,0ME

Isto seria a catástrofe!
Um resultado financeiramente mau mas sem retorno desportivo.

Avaliação final:

Se o jogador tiver rendimento suficiente para ser JOGADOR para o SCP já será uma contratação que vale a pena. No pior cenário, investimos 10ME para salvaguardarmos a posição de lateral esquerdo por 10 anos. No melhor, teremos alto rendimento por alguns anos e depois recuperaremos o investimento. No fim, teremos recebido para o ter a render.
Seria excelente e é aquilo que todos esperamos!

O problema é apenas se o jogador não render desportivamente.
Mas aí é um grande problema:
O prejuízo é grande porque o investimento inicial também o foi.

É isto que está em causa com o Ruben.

Não. Os clubes todos têm (regra geral) acesso a essas plataformas. Mesmo que a análise seja xpto, sei por experiência própria que os clubes são muito renitentes a estes inputs exteriores. Entende-se perfeitamente porquê.

Um dos meus objectivos a curto prazo é monetizar o canal de youtube que criei para financiar essa subscrição de forma “sustentável”, e utilizá-la para melhorar o conteúdo

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Excelente post. É este tipo de tópicos que sempre gostei de ver no fórum. Durante muitos anos fiz aqui muita coisa mas depois fui ficando sem tempo…

Obviamente que nós não temos acesso aos dados todos mas é relativamente fácil perceber a dimensão desportiva e financeira dum jogador num clube.

Sem dúvida que jogadores como Jardel e João Pinto serão sempre de contratar porque podem não dar retorno financeiro direto, mas dão retorno desportivo e indiretamente valorizam a marca, valorizam os colegas de equipa, vendem merchandising, trazem putos para o clube,etc,etc,etc…

Negócios como Pongolle, A.Ruiz, Illori, destroem os clubes financeiramente. Não trazem retorno desportivo, dão prejuízo financeiro e muitas vezes contaminam o grupo…

No entanto não se pense que um clube como o Sporting pode sobreviver apenas a pensar nas mais valias desportivas e descurar a questão financeira. É impossível acertar sempre nas contratações e não se pode viver só da formação.

É preciso muito cuidado com o modelo que estamos a usar agora. Estamos a fazer avaliações de tal forma elevadas que a margem de lucro numa venda é pequena, se falharmos 3-4 contratações por valores elevados ficamos com a corda no pescoço.

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Não sei se será este o tópico certo, mas queria só deixar aqui uma conjugação dos dados que são publicos acerca do mercado até agora. Tudo isto considerando que os valores a que se tem acesso são os verdadeiros, claro.

Portanto, o nosso mercado até agora:

Saídas:

  • Valentin Rosier - 5.1M por 80% (+500k em objetivos)
  • Josip Misic - 2M

Todas as outras saídas penso que não representaram entrada de dinheiro nos nosso cofres, mas servem para poupar em salários

Entradas:

  • Ricardo Esgaio - 5.5M por 80%
  • Rúben Vinagre - Empréstimo com opção de 10M por 50% que se torna obrigatória mediante cumprimento de certos objetivos
  • Vando Félix - 100k por 60%

Todas as outras entradas foram a “custo zero”

Ganhos com % de passes:

  • Gui Ramos - 600k por 50%
  • Mama Baldé - 700k por 20%
  • Ryan Gauld - 150k por 50% (a confirmarem-se os valores)

Ou seja, pelas minhas contas, estaríamos positivos 2.95M a acrescentar ao dinheiro já garantido pela Champions.

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Vantagens e Desvantagens de Contratar Jogadores a 50% do Passe:

Vantagens:

Aumento da qualidade das contratações, aumento da respetiva taxa de acerto e aumento da qualidade do plantel com menos investimento.

Mantendo-se o orçamento, comprando metade dos passes, na verdade, é como se estivéssemos a gastar o dobro em termos da qualidade que entra dentro do plantel.

Redução do risco financeiro em caso de falha na contratação porque só se investiu metade do valor.

Aumentando a taxa de acerto das contratações, reduzem-se as contratações inúteis que agravam o buraco orçamental anual.
Ou seja, teoricamente, teremos aqui uma redução desse buraco e uma menor necessidade de vendas anuais para compensar.

Desvantagens:

Menores mais valias financeiras aquando das vendas.

Perigo de sobreavaliações das compras que depois dificultam a produção de mais-valias importantes para a sustentabilidade do clube nas vendas.

Conclusão:

Este modelo de investimento terá interesse se confirmarmos as vantagens e soubermos evitar as desvantagens.
Em qualquer contratação, há que haver um grande rigor na avaliação que estamos a fazer da compra. Não podemos relaxar só porque o valor, estando cortado a 50%, não assusta tanto.
Relativamente ao problema das menores mais-valias, devemos sempre tentar ficar com opção para o restante do passe.

PS:
Não concordo que só se compre 50% de jogadores de muito baixo investimento (exemplo: Plata).
Este modelo de investimento, na minha opinião, só faz sentido quando o investimento é avultado e implica demasiado risco financeiro.