O Sporting como instituição merece todo o nosso respeito e merece também, por tudo aquilo que já deu e dá ao desporto nacional, que seja respeitado por adeptos e adversários. Nesta semana tomámos conhecimento de mais alguns factos que comprovam que, ao longo de décadas, quer internamente, quer externamente, o Sporting Clube de Portugal tem sido desrespeitado profundamente e de forma sistemática.
Comecemos pela corja mais antiga: nos últimos dias foram divulgadas (mais) algumas das escutas relativas ao processo “Apito Dourado”, levando ao conhecimento do grande público alguns exemplos adicionais da podridão e compadrio que grassam nos bastidores do futebol Português.
Ninguém tenha dúvidas: o Sporting foi e é a maior potência desportiva no nosso país e um clube com dimensão nacional e internacional. Esse facto incomodou e incomoda muitos energúmenos do futebol português. A longa campanha sistemática, grosseira, arrogante, burgessa e maquiavélica, que tenta impor a diminuição do Sporting como grande clube nacional é de uma falta de respeito para com a instituição absolutamente inaceitável.
Muitos ainda perguntam como é que o regime pidesco e fascista de Salazar durou tanto tempo em Portugal. Bah, ingénuos… Quando há pouco mais de de 30 anos o futebol português se deixou dominar por um grupo de pulhas sebentos, de cabelos oleosos, dedos gordurosos e unhas cheias de surro, frequentadores de sub-mundos podres, sem moralidade nem valores, de favores e cunhas devidas ou exigidas, os ingénuos de então olharam para o lado e deixaram-se comer como anjinhos. Os anos passaram e os adeptos em geral, qual fans do Wrestling americano, deliravam com a fantochada que lhes era servida, marionetas das jogadas de poder e dos arranjinhos dos canalhas cada vez mais poderosos. Passados mais de trinta anos, essa gentalha aburguesou-se. Como qualquer padrinho ou grupo mafioso, com longos anos de serviço, entraram para a legalidade, vivem dos louros e créditos amealhados, tentando impor a tudo e a todos um ar de seriedade e respeitabilidade. Ainda lá estão para lavar e durar, servindo-se de uma legião de lobotomizados, viciados nas vitórias a todo o custo, que os apoia e venera. E são precisamente esses que, induzidos de um anti-sportinguismo primário, constantemente nos insultam, nos desrespeitam e nos querem diminuir.
A justiça civil e desportiva passou uma esponja sobre as evidências que estas escutas denunciam. Detalhes processuais e gincanas jurídicas “legalizaram” um império construído à base da corrupção. De qualquer forma, nem que retirassem todos os títulos ganhos pelo FC Porto ao longo destas 3 décadas, se poderia ressarcir aqueles que viveram época atrás de época de roubo, conluio, compadrio e falsificação. Nada que se faça agora ou no futuro nos vai devolver os anos de juventude em que acompanhámos de muito de perto e apaixonadamente um desporto que estava pura e simplesmente transformado num enorme teatro de marionetas. Nada nos vai devolver a alegria das vitórias sonegadas. NADA! Pergunto: que direito teve Pinto da Costa & Companhia de interferir na nossa vida privada e na de milhões de outros adeptos do futebol? Quem ele julga que é para ter retirado ao desporto favorito de tanta gente o seu fascínio principal: a imprevisibilidade?
No fundo, o maior insulto que Pinto da Costa fez não foi aos Sportinguistas. Foi aos portistas. As conversas de que o “Porto está destinado a vencer” são e foram tretas em que ele próprio não acredita. Porque se acreditasse na força, na capacidade, na organização dos seus atletas, dos seus corpos técnicos e da estrutura montada, jamais se lembraria de recorrer a meios ilícitos para garantir (algumas) vitórias. O problema de Pinto da Costa é e sempre foi o seu complexo de inferioridade, a sua própria insegurança como individuo, a sua incapacidade de lidar com o espectro do fracasso e da derrota.
Pinto da Costa e seus pares não só engendraram uma gigantesca manipulação do futebol Português como também aproveitaram esse poder absoluto para, de forma decisiva e sistemática, afundarem o Sporting, quer através do roubo desportivo, como também na perca de influência nas estruturas que regem o nosso futebol, com o consequente definhar económico e de estatuto do clube.
Não bastava esta situação de grave ataque ao Sporting quando, adicionalmente, surgiu a outra corja. Ainda mais perigosa porque, sendo interna, apareceu despercebida, com promessas de tempos de sucesso económico e desportivo. O chamado “projecto Roquette” prometeu o fim da dependência do clube “da bola na trave” e campeonatos ganhos com regularidade. Passados 17 anos, o Sporting encontra-se no seu pior momento desportivo a nível de futebol e é um clube arruinado financeiramente.
A corajosa entrevista de hoje de Daniel Sampaio, deixa entrever de forma clara os interesses obscuros que tomaram conta do clube e que o transformaram num hospedeiro de parasitismo, interesses pessoais e bancários, uma carcaça devorada até à exaustão por um grupo de “notáveis”, que tratam o clube como se de uma coutada pessoal se tratasse.
As longas décadas do projecto Roquette, vividas sob a capa da credibilidade e da “reputação bancária”, não foram mais do que um agonizante processo de auto destruição, que foi, em larga medida, sancionado pelos sócios e adeptos do nosso clube. Permitiu-se a criação de um emaranhado de empresas, de uma legião de “yes man” e mesmo o desvirtuamento total das franjas mais fanáticas de adeptos, cuja recuperação e limpeza exigirá uma profunda determinação e empenho.
Para concluir: numa altura em que o clube sofreu o mais articulado e sistemático ataque à sua grandeza e ao seu estatuto (através de uma rede mafiosa) e quando precisava mais do que nunca de uma liderança forte e competente, entrou na instituição um projecto delapidador, desagregador de paixões, criador de fracturas e facções, fonte de desvirtuamento da sua genesis e do seu ideal. Só um clube com a grandeza e força do Sporting seria capaz de aguentar o ataque simultâneo de duas corjas (uma externa e outra interna) e sobreviver. Qual delas teve e tem um efeito mais duradouro no processo de regeneração do clube só o futuro nos dirá, mas se algum aspecto positivo pode ser retirado desta epopeia é de que o espírito de resiliência e de tenacidade que caracteriza a natureza do ideal leonino, saiu ainda mais reforçado e determinado.
O Sporting não é nem será aquilo que os nossos inimigos querem que ele seja. O Sporting é e será sempre um clube, um ideal, uma forma de estar que os nossos adversários jamais poderão compreender, por mais longa e tenaz que seja a campanha.