Bom post, é cada vez nais difícil aqui discutir coisas interessantes.
No entanto, e apesar da pertinência da prosa, eu acho que não identificas totalmente a questão. É óbvio que tudo o que é “jornalismo” desportivo, comentadores (a grande maioria como se viu com o caso dos emails não passam de estenógrafos do poder e de quem lhes atira migalhas) e quejandos raramente fala do SCP de forma construtiva. Muito, muito raro. Bom, o nível intelectual destas mesas redondas do futebol é, raríssimas excepções, muito baixo, mas no que concerne ao SCP é praticamente inexistente. E a única maneira de falarem é para tentar desestabilizar qualquer coisa, tirar proveito de alguma coisa. É tudo muito claro e evidente.
A parte que eu acho que te faltou, foi a referência às pessoas que de facto gostam e se preocupam com o que acontece no SCP e aparecem nesses fóruns. Um parêntises, é preciso perceber que os sportinguistas “escolhidos” são sempre a dedo, nunca vais encontrar alguém assumidamente anti-croquette por exemplo. Jamais.
Mas bom, lá aparece de vez em quando um ou outro razoavelmente inteligente e status quo QB. O problema é que existe uma cultura de desculpabilização enraízada no clube e isto trespassa tudo, desde o topo até à base. O SCP foi tornando-se com o tempo (acentuando a tendência depois da revolução de 1974) um clube cada vez mais manso e perdedor e com essa tendência cada mais vítima dos poderes e cada vez mais desculpas para o falhanço na luta contra esses poderes. Acompanhado obviamente de cada vez menos sucesso desportivo.
Batemos no fundo em 2013 (Ou em 2011), e foi graças a uma enorme disrupção na cultura vigente (a cultura croquette) que o Clube viveu o perído mais energético, mais empolgante e de maior vitalização em décadas. Acho que foi óbvio para todos (eu pessoalmente vivi esse periodo bem por dentro mas recordo-me de pessoas que sempre viveram o clube por fora de ficarem estupefactas com o ambiente rejuvenescido no estádio sempre cheio, uma energia incrível curva sul unida, etc etc) a verdadeira força do nosso clube e de como centrado numa figura aglomeradora, carismática e fiel à verdadeira cultura vencedora do SCP, o potencial estratosférico que existe.
Foi tudo por água abaixo depois, não vale a pena estar aqui a falar disso agora, mas o ponto sendo que desde que haja uma cultura de exigência permanente, anti-resignação e lutar para que o SCP volte a ocupar o lugar que já foi seu, o clube vai naturalmente florescer. O Bruno tinha coisas menos boas, falhas e fraquezas mas uma coisa que ele tinha na perfeição era a cultura vencedora do SCP e a maneira absolutamente unapologetic com que ele vivia o Sporting e o Ser Sporting. Isso foi sem a menor das dúvidas a grande herança que ele deixa para trás. Eu vi com os meus próprios olhos, míudos que estavam pela primeira vez a descobrir a força do verdadeiro Sporting. Essa merda não tem preço.
Pior do que perder, é resignar-se a perder. Pior que ser derrotado, é estar conformado com a derrota.
Este é que é o verdeiro problema do SCP. Este é que é que o starting point. Tivémos uma enorme oportunidade com o Bruno, não deu, vamos ver se este Clube consegue produzir e emancipar à liderança outro “Bruno”. Ou melhor ainda, vários outros “Brunos”.