Sendo eu duma geração anterior à da maior parte do pessoal que aqui comenta, posso-vos dizer que só entendo o que se passou com esta jovem à luz da forma como hoje em dia os jovens são educados e criados.
Quando eu andei na escola primária, eu e os meus colegas eramos vítimas constantes de ataques dos repetentes, que eram maiores, que nos roubavam o material escolar, nos roubavam coleções de cromos nas quais tinhamos estima, davam-nos porrada (uma vez, lembro-me que me deram um murro no estômago, que fiquei no chão sem respirar uma série de tempo).
No ciclo preparatório, sendo dos mais novos, levei mais uma vez porrada de ciganos e outra malta, fui roubado, insultado, etc.
No Liceu, as coisas melhoraram mas mesmo assim, tive alguns problemas com um colega, os quais ficaram resolvidos quando andámos uma vez à porrada… ficámos amigos para a vida. ;D
Se, por um lado, os tempos eram diferentes, os problemas mantêm-se.
Eu era um puto introvertido, bom aluno, mas sempre me esforcei por não ser nem muito esperto, nem muito parvo.
O que se passa é que hoje em dia muitos miúdos pensam que são o centro do mundo, isolam-se, e o isolamento é o pior que podem fazer.
No meu tempo, os nossos pais não tinham preparação para lidar com muitos dos nossos problemas e nem valia a pena chegarmo-nos a eles a fazer queixinhas, respondiam logo que tinhamos que nos desenrascar e resolver o problema.
Hoje, os pais superprotegem os filhos, tornam-nos uns atrofiados para a vida, em sentido psicológico e mesmo físico.
É verdade que, com as novas tecnologias, os perigos aumentam. A sofisticação das pressões aumentou. Dantes era tudo mais directo, a violência era mais física, ainda que a pressão psicológica existisse (quantas vezes engoli em seco com a perspectiva de ir sózinho para a escola por aquele caminho…). Mas não tinhamos outro remédio senão lidar com a coisa.
Hoje em dia, as coisas estão mais sofisticadas. E com os meios que estão ao alcance, é fácil divulgar e repetir perante milhares, milhões de pessoas, algo que não é verdade ou, mesmo que o seja, expor a vida de alguém na praça pública.
As redes sociais, nesse aspecto, colhem um tributo pesado mas muitos têm culpa quando vão para FB e similares, expor as suas vidas e dos seus filhos a toda a gente, mesmo a não recomendável.
Lamento o que aconteceu a esta menina que mal começou a viver. Um criança com 15 anos não tem motivos para cometer um acto tresloucado destes. Sinal dos tempos, mais um. De tempos em que a vida humana, mesmo a própria vida, é banalizada, como se de nada valesse.
E nos espiritos mais jovens, esses conceitos são muito perigosos e colhem um tributo pesado. Como este da Amanda Todd.