A recém-criada Associação de Adeptos Sportinguistas já foi publicitada aqui no fórum mas penso que o feedback dado pela nossa comunidade não fez justiça a tudo aquilo que este movimento representa.
Para quem ainda não conhece, a AAS foi formalmente constituída a 9 de Abril de 2008 por 23 sócios efectivos do SCP que, mostrando terem perfeita consciência do que representam (e poderão representar) os sócios e adeptos para um clube, decidiram criar uma entidade pró-activa na atribuição de voz aos sportinguistas e na agregação de toda a família leonina em torno da causa verde-e-branca. Para não estarmos a falar no abstracto, passemos então ao inventário, por ordem cronológica, das acções levadas a cabo pela AAS nos seus primeiros 3 meses de existência:
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Reunião de apresentação da AAS com o Presidente do SCP e com o Presidente da Mesa da AG, onde foi solicitada permissão para utilização das instalações sanitárias pelos adeptos que pernoitaram em frente às bilheteiras de Alvalade à espera de um bilhete para a final da Taça.
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Homenagem ao sportinguista Rui Mendes na final da Taça em 18 de Maio, no 12º aniversário da sua morte na sequência do disparo de um very-light.[sup]1[/sup]
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Organização de um fórum no Liceu Camões, onde se promoveu a discussão de temas da actualidade do SCP (nomeadamente o ecletismo e a rentabilização do património desportivo), se fez uma mostra de coleccionismo de artigos relacionados com o Sporting, e onde foram visionados vídeos de jogos históricos.[sup]2[/sup]
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Presença no “I European Football Fans’ Congress”, na qualidade de representante do SCP e de Portugal.[sup]3[/sup]
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Reunião com um representante da UEFA, onde a AAS expôs a sua visão sobre o panorama do futebol internacional e nacional.[sup]4[/sup]
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Organização de um “comboio verde-e-branco” para a deslocação de adeptos de vários pontos do país até ao Algarve para ver a final da Supertaça. Foi conseguida a aprovação da CP para a atribuição de descontos aos adeptos que optassem por esse meio de transporte, mas entretanto a iniciativa foi cancelada por motivos alheios à AAS.[sup]5[/sup]
Além dos pontos referidos, a AAS tem ainda marcado posição relativamente a assuntos que estão na ordem do dia do clube, nomeadamente o projecto de reestruturação financeira que foi proposto na AG extraordinária de dia 28. Em vários comunicados[sup]6,7[/sup] relacionados com esse assunto a AAS tem mostrado uma atitude crítica e racional e tem ainda manifestado a sua preocupação com o esclarecimento dos sócios dada a complexidade das matérias em questão, aspecto que deve ser um dos principais pilares de uma instituição de cariz associativo.
Num momento do clube em que os Sportinguistas se dividem em tantas e tão diversas questões, desde as rivalidades entre claques, passando pelo fosso cada vez maior que separa os apoiantes da direcção dos seus opositores, até ao mais recente caso João Moutinho, em que uns acham por bem aplaudir e outros acham por bem assobiar, o papel da AAS reveste-se de uma importância fulcral, pois ao mesmo tempo que assume um papel activo na discussão dos interesses do clube e dos sócios/adeptos, promove a união dos Sportinguistas, convidando-os à aproximação ao clube de diferentes maneiras e lembrando-os daquilo que têm em comum e daquilo que os une, independentemente do caminho que achem mais correcto: o sentimento pelo Sporting Clube de Portugal.
Eu diria que a criação da AAS seria inviável à partida, se quem a idealizou não acreditasse que o Sporting Clube de Portugal agrega em seu redor massa crítica suficiente para fundar e manter vivo um movimento destes. Portanto, a concretização desta ideia e a acção até agora levada a cabo pela AAS demonstram respectivamente que os Sportinguistas acreditam e confiam nos seus pares e que o SCP efectivamente agrega em seu redor a massa crítica necessária ao sucesso de iniciativas de cidadania como esta.
Numa sociedade em que alguns pseudo-intelectuais ainda enveredam pela demarcação dos demais, tentando colocar-se num patamar superior quando pavoneiam a sua indiferença e desprezo pelo futebol, como se este fosse um fenómeno supérfluo e básico que se baseia meramente em ver 11 tipos a correr atrás de uma bola, o AAS acaba por ser uma extensão do próprio clube na demonstração de como essa visão do futebol é simplista; uma contínua lição social e moral sobre a união de pessoas em torno de uma causa comum, independentemente da sua profissão, da sua ascendência, do seu escalão social, da sua origem geográfica ou da sua orientação política e religiosa. União essa que não se esgota num sentimento comum pelo clube, tendo também expressão numa maneira de estar na vida, que cada vez mais acredito ser o que verdadeiramente nos distingue de colectividades desportivas de dimensão equiparável, e que a meu ver se baseia nos princípios de honestidade, solidariedade, lealdade e temperança. O AAS é ainda uma demonstração de como os cidadãos podem ter uma participação mais activa na sociedade de que fazem parte, ao se unirem em torno de uma causa comum, fazendo-se dessa maneira ouvir e representar na defesa dos seus interesses.
A crença comum nesses princípios, aliada ao facto de iniciativas do mesmo tipo não terem paralelo noutros clubes nacionais de idêntica dimensão, justifica plenamente o lema reivindicado pela AAS: “Tradição e Distinção”. Não a distinção bacoca e esnobe de uma qualquer indumentária, ou de uma inserção numa qualquer elite social ou profissional, ou de um qualquer aperto de mão secreto, mas sim a distinção no que diz respeito à maneira de ser e estar no futebol e na sociedade. Movimentos como o Movimento por um Sporting Renovado, o Leão de Verdade e o AAS, por aquilo a que se propõem e pela postura absolutamente irrepreensível que têm demonstrado, são a prova de que o Sporting é indubitavelmente um clube diferente, e que entre a sua massa adepta se encontra gente dinâmica e com grande poder de iniciativa e ao mesmo tempo possuidora dos princípios que queremos ver reflectidos no próprio clube, pelo que nesta matriz, há condições para que, num futuro não muito distante, o Sporting seja elevado à principal potência desportiva nacional e devolvido à glória vivida na Era dos Cinco Violinos.
Força Sporting.