Eu estou dividido no que diz respeito aos prémios (mais do que merecidos, porra, mais do que merecidos) que estão a ser atribuídos ao nosso Treinador.
Por um lado, não há sequer um poucochinho de dúvida de que Rúben Amorim revolucionou o futebol do Sporting Clube de Portugal, a nível de mentalidade, de crença, lançando-o numa senda vitoriosa de que só os mais velhos de nós ainda guardavam nas brumas da memória.
A sua mestria em comunicar para dentro, consubstanciada por um espírito de liderança em que a empatia e a simpatia são marcas inequívocas reflete-se diretamente num grupo de trabalho que é unido, íntegro, solidário, focado e feliz.
A sua inteligência em gerir um conjunto de jogadores, mantendo-o reduzido, com apenas 2 jogadores por posição, para que todos sintam que podem entrar no grupo de titulares a qualquer momento é paradigmática de um condutor de homens exemplar, com características diferenciadoras daquilo que estávamos habituados a ver no Sporting Clube de Portugal.
E recebe em troca o respeito.
Respeito dos jogadores feitos, que vêem nele um Líder, que exige, mas que é um amigo, que não hesita em defendê-los até à última, mesmo quando eles são fustigados pela crítica, como é o caso de Paulinho.
Respeito dos jogadores com créditos firmados, como é o caso de Pablo Sarábia, que vindo de outra realidade, se integrou de tal maneira que é só mais um dos órgãos que move a equipa. E ele gosta, sente alegria em jogar, participa, vibra, mesmo num campeonato periférico como o português, longe das luzes da ribalta que outras paragens mais mediáticas lhe trariam.
Respeito de jogadores outrora mal amados, “odiados” pela sempre exigente mole de adeptos e sócios, tão pródiga e célere em ir do 8 ao 80 na sua apreciação, recuperando-os e tornando-os esteios do grupo de trabalho, como é o caso de Seba “El Capitàn” Coates.
Respeito dos jogadores mais jovens, que não tem medo de lançar, de os motivar, de lhes mostrar o caminho, instilando neles um sentimento de lealdade e reconhecimento que os leva a defender o Sporting Clube de Portugal, até à “morte”.
Respeito da sua equipa técnica, com quem partilha os prémios que recebe, destacando, não o seu trabalho, enquanto líder de equipa, mas o de todos os seus companheiros, desde os seus adjuntos aos treinadores de guarda-redes.
Respeito dos e das Sportinguistas que vêem nele o Homem de fortes convicções, de espírito ganhador, que lhes devolveu a confiança, o respeito, que lhes permitiu deixarem de ser os bombos da festa das piadas de rabolhos, fruteiros e da pasquinagem falada e escrita, piadas tais como “Não chegam ao natal”, “para o ano há mais”, etc.
Mas, estes prémios podem ser presentes envenenados.
Já todos abrimos os olhos para estas “boas intenções” e desconfiamos quando a “esmola é grande” e vem de pasquins que durante anos e anos zurziram, gozaram, vilipendiaram o Sporting Clube de Portugal e os Sportinguistas.
Sabemos que o êxito do Sporting Clube de Portugal e, obviamente, de Rúben Amorim, causa amargos de boca aos nossos rivais, é uma espinha cravada no “sistema” ou na “estrutura”, ora um, ora outra, que têm dominado a seu bel-prazer, durante décadas tudo o que está relacionado com o futebol.
Estes prémios dão visibilidade, demasiada, em minha opinião, a Rúben Amorim e ao seu trabalho, visibilidade essa que, no futebol, é sinónimo de tubarões e milhões de euros, algo que o Sporting Clube de Portugal não é e, infelizmente, não tem.
Bem sei, bem sabemos, que Rúben Amorim tem todas as condições para se tornar um treinador de craveira internacional, de topo, mesmo. É legítimo que, sendo jovem, inteligente e com “soft skills” acima da média, tenha ambições de chegar longe numa ainda carreira curta, mas que se mostra auspiciosa.
Mas, de um ponto de vista totalmente egoísta como Sportinguista que me prezo de ser, desejo que ele fique mais tempo entre nós, tempo esse que é fundamental é condição “sine qua non” para alicerçar, sedimentar, enraizar o projeto cujo êxito dependerá de potenciar e desenvolver jogadores como Gonçalo Esteves, Dário Essugo, Flávio Nazinho, Josep Marsá e mesmo Daniel Bragança, Pedro Porro, Tiago Tomás e mesmo Pedro Gonçalves.
Cabe à Direção, personificada em Frederico Varandas e Hugo Viana, que parecem ser os interlocutores de eleição com Rúben Amorim, lhe darem as condições que lhe permitam crescer e fazer crescer o projeto, e a nós sócios e adeptos, lhe demonstrarmos o nosso reconhecimento, ainda que os resultados possam conhecer reveses, para que ele sinta que em Alvalade tem um lar acolhedor, modesto, é verdade, mas um lar onde existe o calor, o respeito, a admiração e a gratidão.
Como disse o Dalai Lama, “Lar é onde tu te sintas em casa e sejas bem tratado.”
Que, enquanto, consigamos demonstrar a Rúben Amorim a veracidade dessas sábias palavras.