Começo a perceber porque é que tens tantas reservas em ver um candidato a presidente constituído arguido num qualquer processo: para ti a realidade cinge-se àquilo que tu concebes como plausível. Tudo o resto será “obviamente falso”.
Isso é uma coisa fenomenal pá. Os sportinguistas andam a ser comidos há 13 anos com promessas de equipas europeias, estádios auto-sustentáveis, 3 campeonatos em 5 e assembleias referendaras para “dar voz aos sócios”. Mas quando o próprio Presidente nos esfrega na cara, de forma objectiva e sem qualquer pudor, um dos legados da sua presidência e do Projecto…tu não acreditas.
É evidente que o número de sócios pagantes ou "com as quotas em dia” se preferires, será sempre maior do que o número de sócios votantes, quanto mais não seja porque há sempre sócios que não vão votar e desleixam-se no pagamento da quota necessária para votar. Mas para todos os efeitos, esse número desceu. Estão a comparar-se duas amostragens de sócios em condições de votar em dois pontos temporais diferentes: Abril de 2006 e Abril de 2009. Em Abril de 2006 eram 42 mil, e três anos depois são 25mil. Independentemente da correlação que se estabeleça entre “sócios em condições de votar” e “sócios pagantes”, há um decréscimo de 60%. Percebes o que está em causa?
Primeiro que tudo: não estamos melhor do que o Beifica no que diz respeito a assistências. Nem melhores do que o FCP. Basta ires ao site da LPFP para constatares que, dos 3, somos os que temos pior assistência, sendo que lamps e tripas estão num patamar, nós estamos no patamar seguinte e só depois é que vêm Bragas, Guimarães e por aí fora. Depois: as assistências são maiores do que antes do novo estádio? Pois são. Mas a tendência tem sido no sentido descendente, e são cada vez menos raras as assistências inferiores a 20mil, já para não falar nas assistências medíocres em jogos com um Inter, um Bayern ou uma meia-final da UEFA, que no velhinho estádio seriam impensáveis.
A valorização que se faz dos 68% é a mesma valorização que se faz de um 2º lugar no campeonato: não se ganha nada a não ser a sensação de que se esteve perto. Mas qual expressividade do resultado? A expressividade de um resultado é aquilo que esse resultado determina, sendo que aquele determinou que a proposta de alteração estatutária não fosse aprovada, portanto 68% de sócios ou 72,5% de votos não foram expressivos o suficiente para a proposta ser aprovada. Porque raio é que ainda se perde tempo com esta discussão? Onde é que está o abuso em dizer que 68% não são suficientes, quando de acordo com os estatutos não o são efectivamente?
Eu já li de tudo por aqui. O que se lê mais vezes é que estamos melhores hoje do que há 20 anos ou do que quando não tínhamos dinheiro para pagar a luz, os atletas rescindiam contrato por falta de salário e acabávamos muitos anos seguidos em 4º lugar. E nalgumas coisas até sou capaz de concordar. Agora essa de que hoje, que já não temos uma grande fatia do património imobiliário e aumentámos o passivo para 230M, estamos melhor do que há 10 anos, é que nunca tinha ouvido. Queres ver que descobriram um lençol de petróleo em Alcochete e só tu é que sabes?
Se realmente é isso que pensas, então não me espanta que tenhas dito atrás que todos os ex-presidentes do Sporting merecem uma salva de palmas, e que portanto Roquette não deverá ser excepção.
Mas caramba…tu próprio dizes que o Projecto Roquette foi uma desilusão, quanto tempo é que demoraste a perceber isso? Quanto tempo é que achas que os sportinguistas no geral demoraram a perceber isso? Parece-me a mim que foi 13 anos, pois foi o tempo que demorou até entrarmos de novo na curva descendente e até finalmente aparecer uma alternativa que venha determinada em voltar a elevar o Sporting. Porque é que se demorou tanto? Porque durante este tempo todo os sócios andaram “encantados”, tão encantados…que alguns ainda batem palmas ao principal responsável pelo estado a que o clube chegou. E eu só pergunto: palmas porquê?
É essa a ideia central do comentário que inaugura este tópico e era a isso que, creio eu, querias retorquir.