A ovação a Roquette: o corolário óbvio de 13 anos de lavagem cerebral

Aí têm a grande herança do Projecto Roquette: o afastamento de metade dos sócios, o embrutecimento dos que restam. Foi assim que a oligarquia chegou ao poder, é assim que por lá se irá manter; manipulando, mentindo, chantageando. Não interessa que os sócios/adeptos/clientes/consumidores sejam cada vez menos, desde que sejam os suficientes para sustentar uma entidade que vá chegando para as encomendas de tachos e que vá alimentando os parasitas do futebol. Também não interessa que essa mesma entidade – clube, empresa, SAD chamem-lhe o que quiserem – não almeje, nem consiga, mais do que um sucesso relativo, limitado e não consentâneo com a cultura ganhadora que lhe serviu de alicerce e inspirou o seu crescimento; não interessa, porque para a maioria dos resistentes basta que o vizinho do lado não seja melhor ou não passe por menos vergonhas. Se Mostovoi tivesse falhado o 7º golo do Celta eu gostava de saber o que teriam para dizer aqueles que nem numa AG do SCP se coíbem de chamar o Clube da Gaivota à conversa para relativizar o sucesso do seu próprio clube.

Os sócios deviam ser o sangue do clube, aquilo que lhe dá vida. Que tristeza por vê-lo reduzido a uma massa preponderantemente acéfala que não sabe interpretar uma convocatória e que cede a discursos vazios e demagógicos, seguindo um tirano mascarado de salvador com a sua capa de tecnocracia como nem as ratazanas seguem um Flautista de Hamelin, seguindo um mentiroso que nunca fez nada para merecer a idolatria de que é alvo. Que tristeza por ver a massa associativa a vergar-se ao jogo duplo de quem tão depressa diz que “a SAD está muito bem de saúde” e que “fomos 3 anos seguidos à Liga dos Campeões” para arrogar a sua competência e mérito, como diz que o passivo é monstruoso e que “ai ai ai, que não conseguimos segurar o Liedson” para fazer a apologia duma transfiguração do clube.

Para quem tanto defendeu o modelo das SAD como garantia de rigor, transparência e profissionalismo por oposição ao medo inspirado pelos “aventureiros” que apareciam do nada e que seduziam a massa associativa com promessas de craques, em grande incoerência cairá agora ao se render aos aventureiros de hoje que preconizam transfigurações profundas do clube e que acenam aos sócios com promessas de investimento no futebol e regalias aos sócios. Não só cai em incoerência como demonstra burrice, pois se aos aventureiros de ontem ainda se podia dar o benefício da dúvida já que eram desconhecidos, aos aventureiros de hoje já se lhes conhece o registo, as intenções, as capacidades, as quais entram em contradição com aquilo que dizem que querem e de que são capazes. Resumindo, tirando os “artistas”, está tudo na mesma, mas hoje somos menos, estamos mais desligados e somos mais pobres.

Portanto, os aplausos que se ouviram quando José Roquette subiu ao palanque na última AG, não têm nada de surpreendente: são o corolário óbvio de 13 anos de afastamento dos sócios e em que a maioria dos sobreviventes são nem mais nem menos do que aqueles que, por ignorância, excesso de confiança numa casta de dirigentes ou falta de humildade para assumirem um erro, continuaram, continuam e continuarão a apoiar e manter uma certa oligarquia no poder.

Elucidação dos sócios precisa-se. Para ontem.

Mesmo podendo ser polémico, e o pessoal mais antigo perceberá porquê, eu digo que esses aplausos se sustentam numa realidade que, embora entendendo, nunca aceitei:

  • O aplauso de tudo o que é do Sporting (a falta de exigência critica)

Todos se lembram da grande razão para a fractura do antigo fórum e o seu desaparecimento (ou evolução se quiserem). O espaço era de apoio ao Sporting e não de critica (que colegas entendiam ser demasiada e não suportada em factos).

Nessa altura já o presidente era DdC, mas convenhamos, este era uma espécie de testa de ferro, ou no mínimo de seguidor da estratégia de Roquette. E já o discutimos aqui, essa estratégia, tendo alguns pontos positivos, foi por demais mal implementada, como se veio a provar.

A questão é que não era necessário ter chegado a 2005 para o entender, bastava ter analisado o processo de forma imparcial, retirando as palas verdes, ou de forma mais simpática, procurando entender que se é bom apoiar, é muito mau impedir que esse apoio nos deixe ver a realidade como ela é.

É essa mentalidade que permite repetir apelos de apoio a jogadores quando eles notoriamente jogam mal, são pouco profissionais ou simplesmente não rendem.

É essa mentalidade que aplaude Roquette mas apupa DdC, porque um “bate palminhas” e o outro (agora) faz criticas.

Repito-o sempre que posso, é um erro tremendo para o clube que a esmagadora maioria dos seus associados e adeptos acredite que o melhor caminho é o apoio cego. Não é.

Acho que foi o Peseiro que disse uma vez que preferia jogar com 40 mil a assobiar que 10 mil a aplaudir. É aqui que está o equilíbrio, os 10 mil não passam daquilo, agora quando se conseguir colocar os 40 mil a aplaudir…!

É de facto engracado… se olharmos retrospectivamente, vemos que tudo tem uma lógica desde Roquette a FSF:

[]Roquette vem e mete-se num projecto ambicioso mas faz asneira na forma como o executa, endividando o Sporting até aos píncaros
[
]Dias da Cunha vem e inicia o processo de ‘limpeza’ da borrada feita, diminuindo gradual mas também profundamente os custos de funcionamento da SAD e equilibrando as contas desta
[*]Filipe Soares Franco vem e continua o processo de ‘limpeza’ da borrada feita, vendendo o património do clube para baixar a dívida

Tem sido isto o progresso do Sporting. Tirando isto, as nuances entre eles são muito poucas… são inclusivamente idênticos na incompetência, já que um nenhum soube gerir convenientemente o clube, nem sequer na vertente financeira. ???

De facto, apesar de não ter sido uma surpresa, fiquei chocado com a reacção à intervenção de José Roquette.

Vi gente levantada a aplaudir o que motivou apupos por uma parte do auditório como reacção.

Uma standing ovation ao “pai do projecto” é a prova mais que acabada da “pavlovianite” que ataca uma parte dos associados do nosso clube.

Quanto à intervenção em si foi de uma pobreza franciscana e a apresentação da moção, tão vaga e imprecisa que nem Rogério Alves sabia bem o que fazer com ela, foi de uma inutilidade atroz…

Mais intrigante é tudo isso estar em flagrante contraste com os tempos que correm. Se se tratasse duma empresa privada, tão ao gosto de Franco e companhia, teriam sido todos despedidos por incompetência, pois não conseguem nem conter os custos, nem aumentar as receitas, algo elementar em gestão, desde sempre, e mais importante ainda em tempo de crise.
Não está em causa a necessidade de investir para ganhar títulos (até porque não ganham nada que se veja), está em causa o esbanjar, o ter custos de funcionamento altos de mais para as receitas, e vice-versa, receitas baixas de mais para os custos.

Não me espanta a ovação, fiquei foi espantado com os muitos apupos que recebeu.
Houve claramente uma divisão, até mesmo dentro dos actuais apioantes de SF.

Quanto à falta de infromação, o sportinguistas também tem alguma massa bruta, aliás houve alguns comportamentos poucou dignos dentro da AG, mas o Sporting é desde o Sr. Dr. até ao servente, e a pior e mais degradante intervenção da noite foi do Presidente do Conselho Fiscal.

Presidente não. Vogal. O Presidente é Agostinho Abade.

É o típico caso de um Sr. Dr. de massa bruta…

Estou de bem comigo mesmo.

Da minha parte só ouviu ASSOBIOS.

SL

Certo. Mas isso vai de encontro ao que eu disse. Falta de exigência crítica e yes-men sempre existiram em todo o lado. A questão que se coloca é relativa à preponderância dessa mesma falta de exigência crítica: assumindo o resultado desta AG como indicador de confiança em FSF, como é que se explica que quase três quartos dos sócios continue a apoiar uma filosofia que tem depauperado o clube e em pessoas que têm sido manifestamente incompetentes? Como é que se explica que essa mole acrítica e seguidista tenha ganho tanto espaço na vida do clube?

Parece-me elementar: porque os que não se limitavam a bater palminhas fartaram-se e ficaram apenas os “cordeirinhos” que continuam e continuarão a legitimar uma certa filosofia directiva sem questionar, sem criticar, porque não vêm além dos discursos demagógicos daqueles que se querem manter no poder e que querem impor a sua visão do clube aos sócios. No fundo é aquilo que dizia o Nuno Manaias: a verdadeira maioria já se foi embora.

A maioria actual, esta que se expressou nas últimas eleições e nas últimas AGs, é uma maioria falsa, que só se obteve com o afastamento de uma grande parte dos sócios. Não foi a facção acrítica que cresceu, foi a facção crítica que desistiu e permitiu à primeira sobrepor-se. Um resultado expectável, atendendo ao discurso derrotista e ao espírito derrotista que tem sido cultivado por aqueles que deviam ser os primeiros a galvanizar os sócios e a fazê-los sonhar alto. O treinador disse que quem queria ver espectáculo devia ir ao cinema…e fizeram-lhe a vontade. O craque disse que quem ia ao estádio para assobiar mais valia ficar em casa…e fizeram-lhe a vontade. O dirigente disse que o 2º lugar não era mau de todo…e o treinador, os jogadores e os adeptos acreditaram.

Ficaram os que não se importam de ver a equipa a jogar mal, os que não se importam de não ser campeões, os que não acham escandalosa uma goleada de 7-1. Aos que ainda se importam, vai-se aproveitando da sua ingenuidade, fazendo-lhes promessas vãs de maior investimento no futebol como se o dinheiro por si só resolvesse o problema de competitividade da equipa, ou comprando o afecto dos núcleos com visitas hipócritas e interesseiras nas alturas em que é preciso votos para “a causa”.

E assim vão reinando os oligarcas…

Um graxista, ou, como diria o Chirola, um sabujo.
Noutros meios que frequentei, chamar-lhe-iam His Master’s Voice.
Outros seriam mais sucintos, e chamar-lhe-iam um porco.
Espero que se consiga fazer justiça ao Soldevi.
(É que a maioria dos franquistas nem costuma descer tão baixo. É um verdadeiro nojo…)

Correndo o risco de chatear o Chirola, diria que o Cardeal educou bem este país, e o sebastianismo ainda vai durar muito tempo.
Muitos encaram Franco, ou quem quer que lá esteja, como o eleito que há de defender os interesses do Sporting (que ironia), e por isso segui-lo-ão cegamente.
Esperemos que vejam a luz a tempo.

Vocês estão-se todos a esquecer da notícia mais tenebrosa da noite, divulgada pelo Roquette:

Corremos o risco de perder o Núcleo Sportinguista de Reguengos de Monsaraz, do qual anunciou que é dirigente!  :wall:

Sinceramente não entendo este tópico, goste-se não do homem. Este assunto puderia ser discutido em alguns já criados.
Isto agora cria-se tópico para tudo e mais alguma coisa… Enfim…

[font=Tahoma]Até porque a ovação em si não foi assim tão grande, até foi mais ou menos igual aos apupos.

Mas concordo que haja um local onde discutir o porquê de tanto seguidismo cego em relação à situação.
Se ao menos as coisas corressem bem, se a situação financeira não fosse tão catastrófica, se os resultados desportivos fossem melhores, se o futebol praticado não fosse tão feio, se houvesse um pavilhão, se a afluência ao estádio fosse decente, se o número de sócios pagantes fosse razoável, etc., etc., etc., ainda se compreendia, não haveria razões para insatisfação, mas como nada disso se verifica (por muito que o queiram relativizar), é no mínimo estranho que gostem tanto de quem lá está.
O Eddie Verdde levantou a questão, e outros comentaram, e acho que mais opiniões seriam bem vindas.[/font]

E já não existem tópicos onde se pode discutir isso…???
Só acho que é desnecessário, até para o proprio forum, andar-se a criar tantos topicos sobre o mesmo assunto.

@Yield,

O pai do monstro merece um tópicozinho especial :mrgreen:

SL

Trata-se de um tópico criado para expressar o ponto de vista de um dos nossos Colaboradores (daí estar na Redaccão) em relacão a um assunto específico. Independentemente da questão já ter sido ou não discutida, é um tópico perfeitamente legítimo no sentido em que se trata de uma espécie de “coluna de opinião” do fórum.

Na boa. Vocês é que são os moderadores. Desde que seja uma regra e não excepção.

Eu ouvi um claro apupo ao Roquette quando o senhor subiu à tribuna…

Como já deves ter depreendido, não pude estar presente na AG por isso baseei-me nos relatos que fui lendo. E os relatos diziam que houve sócios a aplaudir de pé o ex-presidente - é a esses sócios e à mentalidade que lhe está associada que me refiro no post inicial.

:wink: