A “turquização” do País Basco

Entre o final da trégua da ETA, a 6 de Junho e o passado dia 25 de Outubro, as polícias espanhola e francesa efectuaram 144 detenções no País Basco sob administração de cada um daqueles Estados. Destas, ingressaram na prisão 71. Estes números, acabados de divulgar pelo porta-voz do Movimento Pró-Amnistia (também ilegalizado no Estado espanhol), Julen Larrinaga, correspondem a uma média superior a uma detenção por dia.

Esta acção policial não tem, porém, directamente a ver com o final da trégua da ETA, uma vez que abrangendo ainda largamente o período do cessar-fogo da organização armada basca, as polícias efectuaram nos primeiros oito meses deste ano 178 detenções. Em muitos casos, os autos não referem qualquer acusação concreta. Os detidos enfrentam acusações genéricas de “terrorismo”, sem factos, datas ou outras especificações de que possam defender-se. Um número substancial de detidos tem denunciado tortura ou maus-tratos.

A repressão no País Basco não tem comparação na Europa senão com a situação na Turquia. No País Basco, existe um polícia para cada 133 habitantes, por comparação com Lisboa, um agente para cada 3000. Esta policialização não visa a ETA, mas sim as pessoas e correntes ligadas ao independentismo e à autodeterminação do País Basco. Há poucas semanas, foram detidos os vinte membros da direcção independentista do antigo partido Batasuna, ilegalizado em 2002. Desde esse ano, foram ilegalizadas no País Basco sob administração espanhola mais de 290 organizações, colectivos, associações culturais, feministas, anti-militaristas, juvenis, de bairro, etc. Desde então foram também encerrados cinco órgãos de comunicação social. Jornalistas foram presos e comprovadamente torturados.

A estratégia foi indicada pelo juiz Baltazar Garzón, quando declarou ao jornal ABC, a 12 de Dezembro de 2001: “Não existe envolvente da ETA. Tudo é ETA”. O estado de excepção não declarado que transformou o País Basco num laboratório de experiências de repressão “democrática” continua, pois, perante o “democrático” silêncio da Europa e do mundo.

Rui Pereira in http://www.jornalmudardevida.net/?p=278

Encontrei este artigo por acaso , mas representa bem a vida do povo dos pirineus

O medio cria muros à liberdade…

Ainda assim, entendo a posição do governo espanhol. A ETA já foi responsável por muitas mortes, quase todas injustificadas, e o movimento independentista basco, no qual se recorre à violência, começa a ganhar muitos (mais do que se calhar se pensa) apoiantes entre os mais jovens (falo de pessoas entre os 17 e 20 anos de idade, mais ou menos). Penso que qualquer pessoa estará de acordo que explodir carros e outros métodos não é solução para tornar mais forte a nossa causa, e que o governo espanhol tem de estar atento para assegurar a segurança das populações BASCAS (a ETA costuma atacar na sua comunidade), talvez até com alguma inteção política. Agora, o grande problema dessa tolerância zero é exactamente os exageros, que no caso do país Basco e não só (e atenção, nem falo só da Catalunha) existem.

Apesar de o actual governo espanhol ser o que mais promoveu a liberdade e também o mais “humanizador”, certamente que não quererão perder o poder da mesma forma que o ganharam.
Recordo que Aznar era o favorito em todas as sondagens nas últimas legislativas, até que se deu o atentado de 11 Março da estação de Atocha em Madrid. O povo interpretou que a aliança do governo espanhol com Bush foi o responsável pelos atentados e pelo consequente clima de insegurança, e decidiu destituir Aznar.
O actual governo percebeu que a segurança é uma necessidade primordial para a população, e se juntarmos a isso o combate contra o terrorismo, matéria importantíssima no diálogo político em Espanha, depressa se compreende esse clima de quase-paranóia por parte do governo espanhol. Não se pode facilitar, mas há uma fronteira entre a democracia e a pseudo-democracia.
Não me posso pronunciar sobre a ilegalização de algumas associações porque não sei se de facto cumpriam com a lei. Certamente que em Espanha haverá uma regulamentação sobre associativismo e qualquer outro tipo de organizações. Se não estão de acordo com o encerramento que recorram às instâncias legais.
Quanto ao excesso de policiamento, penso que isso só contribui para a segurança das populações. Quem me dera ter sempre um polícia a escoltar-me cada vez que saísse de casa. Quem não deve, não teme e se a polícia incomoda é porque as actividades não estarão dentro da lei. Além disso, é naturam que no País Basco haja um maior contingente policial, faz parte do processo de combate ao terrorismo e ultimamente até tem tido algum efeito positivo com a desmantelação de algumas células da ETA.
Espero que o governo espanhol não esteja a querer calar as pacíficas reivindicações dos cidadãos bascos mas no que toca ao combate ao terrorimo acho que não devem olhar a meios. Acabem com esses FDP! Ainda bem que o nosso país não tem um cancro como esse, de que espero que a Espanha se cure.

Claro que Luta armada , terrorismo … deve ser eleminada , ai estamos de acordo , nao apoio e nunca vou apoiar a Euskadi Ta Askatasuna

Mas podemos utilizar o futebol para mostrar a censura no estado espanhol

Censurado TVE
[youtube=425,350]http://www.youtube.com/watch?v=HYI_JVmyRZ0&feature=related[/youtube]

Sem Censura
[youtube=425,350]http://www.youtube.com/watch?v=-kBBwV2nT9Y&feature=related[/youtube]

Foi a 1ª vez que não houve transmissão do hino numa taça que honra o próprio rei de espanha. Tanto a TVE como a Rádio Nacional calaram os apupos que vinham das bancadas, escondendo assim aquilo que já se previa. A TVE chegou ao rídiculo ao alegar problemas técnicos e acabou por transmitir o hino censurado ao intervalo, depois de uma montagem em que não se ouvia os assobios da multidão.
Não era fácil lidar com esta situação, num jogo em que se defrontavam bascos e catalães, mas esconder o óbvio acabou por tornar a situação ainda mais embaraçosa.

certo mas mesmo assim é censura. Alem disso ser preso por injurias ao rei é algo pouco democratico

Eu interpretei de forma diferente. Após o atentado o Aznar quis à viva força imputar o atentado à ETA, mas passados 2 ou 3 dias percebeu-se que não foi a ETA mas sim a Al-qaeda e isso é que revoltou os espanhóis.

Já agora, relativo ao texto inicial: a ETA é uma organização de assassinos, não se limita a atacar membros das forças de segurança, matou também inocentes que pouco tinham que ver, não tenho pena nenhuma deles.

No caso da final, o que deviam ter feito era repetir o hino vezes sem conta até deixarem de assobiar. Lá porque não gostam não deixa de ser o hino do seu país, e o respeito é muito importante. Se se respeitam os seus protestos nas cidades, porque é que eles não respeitam o hino do país a que, ainda que contrariados, pertencem?
Esconder não foi a melhor opção, devia ter sido mostrado a todo o país, para que alguns pudessem ter vergonha dos seus próprios conterrâneos…

Acordo Ortográfico

Presidente da Comissão Galega pede asilo a Portugal

por Lusa

O presidente da Comissão Galega do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, José Luís Fontela, disse hoje à agência Lusa que pediu asilo político ao Governo português, como primeiro passo para pedir nacionalidade portuguesa.

“Quero liberdade. Pedi asilo político para que não me tirem direitos, liberdades e garantias”, disse José Luís Fontela, advogado, poeta e escritor, acusando os serviços de informação espanhóis de “controle de correspondência” e “sequestro de livros”.

Fontela, natural da Galiza, referiu que vive em Portugal "desde 1992", primeiro em Viana do Castelo, depois em Valença, onde ainda tem residência oficial, e agora em Braga, onde quer continuar a viver.

O pedido de asilo político, enviado por carta ao Conselho de Ministros, é o "primeiro passo" para pedir a nacionalidade portuguesa, mas José Luís Fontela aceita outro estatuto.

"Se me derem estatuto de apátrida, fico contentíssimo", salientou.

O advogado e poeta afirmou que desde os nove anos que lhe chamam "separatista", por ser republicano, tal como o seu pai, e defender o Português como língua oficial e nacional da Galiza.

"Defendemos a língua portuguesa como língua oficial da Galiza. É uma linha cultural. Aqui não há nada de político", frisou, afirmando-se "republicano, federalista, democrata e socialista".

José Luís Fontela referiu que enviou da Galiza vários livros de poemas, de linguística, de pintura e de escultura para pessoas de outros países, como a Alemanha e o Brasil, mas não chegaram ao destino.

A seguir, fez o mesmo a partir de Portugal, e os livros chegaram, pelo que concluiu que os serviços de informação espanhóis, que apelidou de "polícia política monárquica", estão a fazer "controles de correspondência" e a "sequestrar cartas e livros".

Fontela disse ainda que anexou ao pedido enviado ao Governo português uma carta dirigida ao ministro do Interior de Espanha em que denuncia os alegados sequestros de correspondência.</blockquote>

http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1260205

É um amor não correspondido pelos portugueses. Alem disso é nosso dever ligar-mos todos os paises que falam a nossa lingua e o galego é português , por muito que Bourbons e companhia o queiram esconder.

Vejam as semelhanças

[youtube=425,350]http://www.youtube.com/watch?v=OJMrULZb850&feature=related[/youtube]

[youtube=425,350]http://www.youtube.com/watch?v=Co_PreYTjwA[/youtube]

Penso que há algumas diferenças… ::slight_smile:

Claro que há diferenças , séculos com o castelhano a ser imposto na Galiza é normal

Exemplo:
o cão do meu avô é parvo. (português)
o can do meu avó é parvo. (galego)
el perro de mi abuelo es tonto. (castelhano)

Totalmente falso. Como deves saber, o galego é uma língua que tem origens num passado muito distante, pelo que a “imposição” do castelhano não está relacionado com possíveis mudanças na língua galega. É normal as línguas mudarem ao longo do tempo.
Isso parece-me um bocado obsessão tua por culpar os espanhóis por todas essas questões… ::slight_smile:

Eu cresci e vivo no alto minho junto à fronteira galega e tenho por isso uma relação muito particular com essa língua. O sotaque português no alto minho, principalmente em zonas interiores dos concelhos de Monção e Melgaço é muito parecido com o galego. Quando falado por pessoas mais velhas é praticamente idêntico, nomeadamente nas palavras com terminação “ão”, como o exemplo dado pelo alvalade: o can do meu avó é parvo.
Mas a grande semelhança é mesmo no sotaque, já me aconteceu estar noutras regiões de espanha e pensarem que eu era galego, apesar de estar a falar português

E nem é preciso ir tão longe para encontrar semelhanças com o Galego. A família do lado da minha mãe é de Lamego e ouvir as pessoas daquela região a falar (principalmente as mais velhas) é quase a mesma coisa que ouvir galegos. A primeira vez que sintonizei a TV Galicia na TV Cabo fiquei pasmado com a dicção da locutora do telejornal, que me fez de imediato lembrar a minha avó.

Desde os “ss” sibilantes, passando pela troca dos “vv” pelos “bb”, até ao vocabulário, as semelhanças entre o Galego e o Português do norte são tantas que estão perto de serem dois dialectos duma mesma língua, pois são mutuamente inteligíveis.

Outra curiosidade do Galego genuíno é que não tem a letra J, sendo o X usado em sua substituição. Assim, em vez de dizerem “anjo” dizem “anxo”, em vez de dizerem “Junta” dizem “Xunta”, em vez de dizerem “João” dizem “Xoan”, etc. Na volta ainda se há-de descobrir que o “pitês” foi introduzido em Portugal por uma pita galega. :mrgreen:

Peço desculpa se dei alguma informação errada

Assassinos, nada…Se tivesses os Espanhois no poder em Portugal fazias os mesmos que os Bascos, nao achas ?
Mas eu percebo a tua ignorancia, nunca deves ter vivido em nenhuma parte daquilo que se chama Espanha, por isso pouco
entendes do que por lá se passa.

Passando por cima das qualificações dos outros foristas (que agradecia que evitassem), nunca tendo vivido em Espanha, conheci uma amostra representativa de catalães, e poderia classificá-los a todos de nacionalistas.

Há aqui duas questões:

  • se fosse feito um referendo nas Autonomias historicamente mais importantes e reinvindicativas, em condições de paz e respeito garantido à partida pelos resultados, pronunciar-se-ia a maior parte dos habitantes pela Independência? Quero crer que só ficariam perto no País Basco.

  • quantos independentistas estariam dispostos a pegar em armas e dar a vida pela causa? Quer-me parecer que muito poucos.

No caso do País Basco isto torna-se mais complicado pelo facto de estar dividido geograficamente entre dois países. E, caso fosse feito um referendo em França, nem 20% dos habitantes da região basca Francesa votariam a favor da independência (também conheci alguns bascos franceses).

Num futuro próximo a independência de qualquer das Regiões Autónomas Espanholas é uma utopia. Assim sendo, a questão que se pôe é se a situação actual de autonomia alargada é restrita ao ponto de não satisfazer suficientemente a maior parte dos habitantes das Regiões. E aí só mesmo vivendo lá uns tempos para ter uma idéia mais definida.

Assassinos, nada...Se tivesses os Espanhois no poder em Portugal fazias os mesmos que os Bascos, nao achas ? Mas eu percebo a tua ignorancia, nunca deves ter vivido em nenhuma parte daquilo que se chama Espanha, por isso pouco entendes do que por lá se passa.

Só te posso dizer que estás enganado em várias coisas destas frases, e só não respondo para não baixar o nível.

Não há neste momento nenhuma região autónoma em Espanha capaz de se auto-sustentar como um país normal, além de que nas suas populações há gente que não está de acordo com a luta independentista (embora os que a apoiam sejam significativos), pelo que uma possível separação poderia até criar conflitos dentro da própria população.
Essas de se tivessemos os Espanhóis ao poder faziamos o mesmo que os bascos é boa. Mas o que é que faz mesmo o governo espanhol que não façam outros, detem suspeitos pela activação de bombas? :wall:
Pela mesma ordem de ideias, o distrito de Bragança deveria ter a sua organização terrorista, devido às incontáveis promessas não cumpridas pelos governos, de forma a ser independente e poder controlar o seu futuro (olhando bem, tirando o terrorismo, nem parece má ideia :lol: ).