Comunicado da FPF:
«Tal como se previa, e na sequência da reunião realizada, na passada quinta-feira, em Zurique, a FIFA deu conta à Federação Portuguesa de Futebol da sua preocupação pela situação despoletada pelo chamado «Caso Mateus», o qual já foi amplamente divulgado e que contraria claramente o estipulado nos estatutos da FIFA, considerando este Organismo que esta situação, não só fragiliza o Futebol, como também afecta a integridade das competições.
A partir destas considerações e do conhecimento que a FIFA tem deste processo, a FPF foi informada que, se a situação criada pelo Gil Vicente Futebol Clube não for resolvida até ao dia 14 de Setembro de 2006 – de forma a que as deliberações dos órgãos de justiça do Futebol possam ser respeitadas –, irá a FIFA accionar no seu Comité de Emergência uma deliberação no sentido de suspender a FPF de todas as competições internacionais, com efeito imediato a partir daquela data.
Assim sendo, e como também já foi referido por esta Federação, existem agora fortíssimas razões para accionar de imediato o mecanismo de interesse público das competições nacionais de forma a repor as deliberações da Comissão Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional e do Conselho de Justiça, deliberações essas que estão em pleno vigor.
Pensamos que esta acção, por parte da FPF, poderá evitar o efeito referido no ofício da FIFA, muito embora se mantenha, ainda, a questão da manutenção, ou não, do recurso do Gil Vicente FC para o tribunal, mas cujas consequências nos parecem apenas ficar circunscritas ao próprio Clube.
A Direcção da FPF manifesta o seu sincero desejo de que haja uma clara compreensão daquilo que são as regras e regulamentos a que está vinculada, como membro da FIFA, o que é, como também já foi largamente referido, e é expressamente reconhecido na Lei de Bases do Deporto Português.
Para os devidos efeitos, a FPF irá dar conhecimento desta determinação da FIFA, em primeiro lugar, a Sua Excelência o Secretário de Estado da Juventude e Desporto, mas também, e naturalmente, às partes envolvidas, nomeadamente o Gil Vicente FC, a LPFP, a Associação de Futebol de Braga, a Comissão Disciplinar da Liga e o Conselho de Justiça da FPF».
Confirma-se o teor da noticia mas não o titulo pasquineiro, mas parece que nem a FPF percebeu bem se o FIFA se vai contentar com o que já foi feito ou exige que o Gil retire o caso dos tribunais
Entretanto:
O Gil Vicente vai contrariar em Tribunal a tese de que as provas da Liga portuguesa são de interesse público, argumentando que "não se trata de invocar a saúde pública como sucedeu no encerramento das maternidades".
Uma fonte da direcção da colectividade de Barcelos disse à Agência Lusa que o interesse público dos campeonatos nacionais, que a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) vai invocar junto do Tribunal Administrativo, “é muito relativo, dado estar-se perante provas desportivas, não essenciais à vida pública nacional”.
Além da resposta jurídica, que está a ser preparada pelo advogado José Luís Cruz Vilaça, em consonância com o departamento jurídico do clube, a colectividade estuda as possíveis sanções que lhe podem ser impostas pela Federação, entre as quais a de irradiação.
“Analisamos, nomeadamente, a possibilidade de criação de um novo clube que venha dos regionais até à primeira Liga em poucos anos”, adiantou uma outra fonte, que solicitou o anonimato.
Outra das hipóteses em estudo, acrescentou a mesma fonte, é a de o clube vir a aceitar uma eventual compensação financeira para desistir da acção judicial, tendo em atenção, desde logo, que constituiu uma equipa para competir na primeira Liga com os consequentes custos em ordenados aos seus jogadores e equipa técnica.
De imediato, segundo adiantam outras fontes, vão ser abertas - por iniciativa de vários associados - contas bancárias para que os sócios possam ajudar a direcção no pagamento dos custos das acções judiciais, quer as que estão em curso, quer as que possam vir a ser interpostas.
O caso Mateus mexe, também, com as forças políticas da cidade, embora todas elas se tenham remetido ao silêncio até ao momento, dizendo não quererem “misturar política com futebol”.
Apesar desta postura oficial é tido como certo nos meios próximos do clube o apoio incondicional da Câmara Municipal, gerida por Fernando Reis (PSD), à posição da direcção de “ir até ao fim no processo judicial”.
O autarca não quer, no entanto, pronunciar-se sobre o caso, não pondo de fora a hipótese de o vir a fazer no futuro.