Álvaro Cardoso visto por Jesus Correia

Jornal Sporting 24/08/88

O Violino Jesus Correia em discurso directo:

“(…) Os triunfos do Sporting na segunda metade dos anos quarenta e primeira metade dos anos cinquenta são devidos a muitos factores, um bom lote de jogadores, bons técnicos, ambiente de camaradagem. Éramos todos amigos, uma organização modelar para a época, mas há um factor deveras importante, a que nem sempre se dá, parece-me, o devido relevo, ou seja, a presença no colectivo de uma figura influente como era o seu defesa direito, Álvaro Cardoso, pelo que jogava, tinha mesmo classe na função, mas, sobretudo, pela forma como desempenhava as funções de capitão de equipa. Era inexcedível, pelas suas condições de liderança, impunha-se com toda a naturalidade, sem autoritarismos, apenas pela sua enorme personalidade. O público, cá fora, não se apercebe, não se pode aperceber, de tudo quanto se passa dentro das quatro linhas. Em muitos jogos, onde as contrariedades faziam a sua aparição, era o capitão Álvaro Cardoso quem nos galvanizava, quem indicava o caminho da luta sem desfalecimentos. Recordo-me de um jogo, que, a determinada altura, ganhávamos por seis golos. Pareceu-me compreensível um certo abrandamento, a sua reacção não tardou, impondo-me uma ilimitada aplicação como se o jogo não estivesse resolvido, lá balbuciei um “Sim, Sr. Cardoso”, e tive que acelerar.”

É interessante recordarmos isso. :slight_smile:

Houve jogos do Sporting em que um Álvaro Cardoso nos teria dado muito jeito.
Aliás, penso que ainda hoje isso acontece.

Às vezes faz falta um Sr Cardoso no Sporting :roll:

Ojalá o Carlos Martins fique muito tempo: ele tem o perfil para ser um novo Álvaro Cardoso.

O capitão de equipa é uma figura fundamental e esta opinião do Jesus Correia é um testemunho disso mesmo. Como ele referia, Álvaro Cardoso era alguém que se impunha naturalmente, pela sua personalidade, sem precisar de se mostrar autoritário.

No que diz respeito à nossa actualidade, não gosto de ver a braçadeira nem em Barbosa (demasiado apático, sem garra ou chama para contagiar os companheiros) e já nem gosto de a ver em Beto (fácil e demasiadamente inflamável). Já o Sá Pinto, acho que tem perfil para essa função.

Carlos Martins poderá dar um excelente capitão para alguns anos, se o conseguirmos aguentar por cá e se ele quiser ficar connosco, claro… :wink: