A assembleia geral do Sporting do próximo Domingo e o plano de reestruturação que nela será submetido a sufrágio, são etapas fundamentais na constatação de algo muito simples: o Sporting está 'a beira do precipício e só um esforço titânico retirará o clube dessa posição.
A radiografia do estado do clube, que será apresentada aos sócios durante a assembleia, irá revelar, com contornos mais definidos, a forma como o Sporting chegou ‘a beira do precipício. Julgo que com os elementos já conhecidos e com aqueles que serão revelados em breve, se pode dizer com segurança que, analisar o Sporting actual e’ deslindar a anatomia de um crime.
Costuma-se dizer que os dirigentes passam e o clube fica. O Sporting esteve quase a contrariar essa frase feita, pois parece ser agora evidente que existiram dirigentes que, na sua passagem pelo clube, quase levaram o Sporting com eles. E levaram para sítios pouco hospitaleiros, pouco recomendáveis e nada condizentes com os pergaminhos do clube. Esta instituição centenária viu-se mergulhada num oceano de compadrios, negociatas obscuras, parasitismo e delapidação impiedosa. As direcções passadas não só tiveram gestões desastrosas e incompetentes como também não tiveram pejo em prejudicar o clube gravemente, inclusive com alguns requintes de malvadez. E’ pois inevitável concluir que esta gente não e’, seguramente, Sportinguista.
Mas tudo isto são generalidades, frases elaboradas que passam ao de leve pela realidade concreta. Vamos aos factos, aos detalhes para se perceber o “modus operandi” criminoso destes indivíduos. E para isso, nada melhor que questionar directamente os sócios e adeptos do Sporting sobre alguns episódios curiosos. Vejamos:
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O que acha o Sportinguista comum do facto de as anteriores direcções terem entregue parte dos passes de 28 jogadores a uma empresa (Holdimo) em troca de dinheiro vivo para os seus desvarios? Aparentemente, tendo os anteriores dirigentes desbaratado quase todo o património material do clube, restava vender (oferecer?) o património humano. Godinho e seus antecessores venderam (ofereceram?) “pedaços” de jogadores, hipotecando parte dos benefícios de possíveis futuras vendas. A ganancia não tinha limites.
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O que acha o Sportinguista comum de que parte do dinheiro das suas quotas foi para pagar pensões de alimentos de ex-familiares de dirigentes do clube? Ou para pagar a conta do telemóvel do Bernardinho ou da Sofia Vanessa? Ou para pagar as ferias tropicais de alguns dos dirigentes? Foi para isso que andou a pagar quotas? Ou acha que e’ assim que se defendem os interesses do Sporting?
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O que acha o Sportinguista comum do seguinte cenário: entre a opção de renovar com o Bruma em Dezembro ou instituir clausulas milionárias de rescisão a alguns funcionários “amigos”, a anterior direcção optou pela segunda hipótese. Acha correcto este tipo de prioridades? Faz-se o Sporting despender uma fortuna em rescisões, só porque Godinho quis deixar as suas simpatias em situação confortável?
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O que acha o Sportinguista comum de que, em cima da hora de deixar o clube, Godinho tenha mentido descaradamente sobre salários e as verbas disponíveis para a gestão corrente do clube? Que tenha entregue (via documento assinado) todas as futuras receitas aos bancos, deixando a nova direcção completamente “descalça”? Será isto uma manifestação de Sportinguismo?
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O que acha o Sportinguista comum da disparidade de salários na equipa principal ser tão grande, que o vencimento de algumas “estrelas” do plantel da’ para pagar o salário de 5 dos seus colegas? Não será este um dos factores que contribuiu para a falta de espírito de equipa, união e empenho do plantel durante a temporada? Ainda acha que Luís Duque e Carlos Freitas são uns génios de gestão desportiva?
Os exemplos são tantos que seria preciso um livro para os descrever na sua totalidade. A conclusão e’ incontornável: o Sporting esteve durante largos anos em mãos criminosas, que destruíram o clube para mero beneficio pessoal ou dos amigos. Pessoas que nunca hesitaram em por os seus próprios interesses 'a frente dos interesses da instituição que representavam. Gente que não hesitou em armadilhar e prejudicar deliberadamente o trabalho da nova direcção, comprometendo seriamente a existência do clube. Indivíduos que nos deixaram 'a beira do precipício…
O plano de reestruturação que vai ser sufragado no Domingo não e’ perfeito, mas e’, sem duvida, um passo atrás no caminho para o abismo. A margem de manobra e’ nula e a aprovação do plano fundamental. Para já a prioridade passa por assegurar condições mínimas para o normal funcionamento do Sporting. Tal acontecendo, um dos problemas futuros a resolver passa por expurgar o clube destas personagens sinistras, que não revelam pinga de Sportinguismo nem vestígios de vergonha na cara. O ajuste de contas com o passado e’ essencial para assegurar o futuro do clube. Ate’ porque o precipício vai continuar por perto…
