Não acredito que seja possível reconciliar, unir ou juntar as duas facções dentro do Clube. Não acho possível e também não acho que tenha que ser obrigatório.
A união que fingem querer consegue-se com dedicação ao Clube e com títulos em todas as modalidades. A reconciliação nem com uma união dessas será possível.
Menos queixas de quem esteja na liderança (seja quem for) e mais trabalho. A união não se exige, conquista-se. Se quem está na liderança sabe interiormente que não tem o mínimo de capacidade para ter resultados, dê lugar a outro e não exija aquilo que nunca terá.
Também não acho que seja obrigatório conciliar as duas facções. Aliás, tenho sérias dúvidas de que neste momento existam duas facções dentro do clube. Existem muitas facções dentro do clube. Existem tantas facções, quanto os interesses existentes.
A união consegue-se com competência e com inteligência. Tudo aquilo que não existiu no Sporting CP no último ano e meio que foi um forrobodó de actuações com gente menos competente e de gente que é muito burra. Aliás, o expoente máximo foi mesmo a destituição da anterior administração e a condução do processo eleitoral. Vejamos:
A administração estava desorientada - os ataques a Alcochete foram a machadada final numa administração que vinha a tomar algumas decisões pouco recomendáveis [em termos de comunicação, acima de tudo]. Toda essa desorientação culminou com um processo de destituição, o qual é conduzido de maneira absurda. Existem actuações à margem da lei e dos estatutos - de parte a parte -, uma total confusão dentro de um pesadelo jurídico. Numa altura em que se aconselhava parcimónia - de parte a parte - assistimos a uma guerra entre órgãos estatutários sem precedentes, que termina com a nomeação de comissões transitórias ocupadas por energúmenos.
Na sequência, a MAG entende que o melhor são eleições. Neste aspecto, dou a minha concordância. Parece-me que o mais indicado seriam, efectivamente, eleições. Mas um processo eleitoral que desse, efectivamente, a voz aos sócios do Sporting CP. Não foi isso que fizeram.
Na verdade, na ânsia de correrem com a anterior administração, criaram uma guerra para os próximos anos. Guerra essa que se adensará dentro do clube e que, no limite, é capaz de conduzir à destruição do mesmo. É que na ânsia de tirarem de lá a anterior administração, proibiram-na de se candidatar às eleições. Tiraram a voz aos adeptos do Sporting CP (provavelmente sem qualquer necessidade) e, como tal, hipotecaram o trabalho da próxima administração. É óbvio que a próxima administração não iria ter paz: afinal, a anterior administração não saiu democraticamente. Saiu e não está lá porque foi expulsa e impedida de se candidatar.
Todo este processo demonstra a burrice e a falta de visão de quem tem poder de decisão no universo sportinguista.
É óbvio que a actual administração não terá sucesso. Estamos a falar de uma administração que é encabeçada por um tonto que não tem uma pinga de carisma e que foi um dos causadores da queda da anterior administração. Nem quando a equipa de futebol ganha há união.
Parece-me que a questão, neste momento, não é particularmente complicada de resolver. Necessita é que os sportinguistas tenham, efectivamente, amor ao clube. O Sporting CP precisa de um
reset. Precisa de um processo eleitoral limpo e livre, sem influências externas, sem bloqueios, sem problemas. Que se esqueçam as expulsões e as suspensões. Se o Bruno de Carvalho quiser apresentar uma candidatura para a presidência, então, que o faça. Se o Godinho Lopes quiser apresentar uma candidatura para a presidência, então, que o faça. Acrescento ainda o seguinte: está na hora de uma revisão estatutária que determine que o Presidente do Clube tem de ser eleito com maioria absoluta, nem que, para tal, tenha de ser necessária uma segunda volta.
Não me parece que esta questão seja de particular complexidade. Acho que a actual administração não durará muito tempo. O clube mantém um clima de instabilidade, com uma guerra enorme. A administração não logra atingir o apoio da maioria dos sportinguistas. Tendo isto em conta, não me surpreenderá que exista uma demissão da actual administração. Não obstante, digo-o: existindo um pingo de bom senso na cabeça das pessoas que ocupam os cargos no Sporting CP, seria uma proposta a mandar para cima da mesa,
i. e., a de eleições antecipadas livres e a da referida alteração estatutária (se tal fosse necessário).
Nesse dia conseguirão que o Sporting CP deixe de estar tão fraccionado como está hoje. Não direi unido. Mas menos fraccionado.