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Nota introdutória

Esta página foi feita no âmbito da remodelação do Museu Sporting de 2016, reinaugurado a 2 de julho, para o qual a Wiki Sporting contribuiu com conteúdos e textos. Esta é uma das contribuições, que deixamos aqui em arquivo. Como tal, esta página corresponde a um instante na história do Sporting Clube de Portugal, e não será atualizada.

Cinco Violinos

Cinco Violinos é a designação da autoria do jornalista Tavares da Silva que mais tarde foi Diretor Técnico do Sporting, atribuída aos cinco jogadores que constituíam a linha avançada da equipa principal de futebol do Sporting Clube de Portugal, que entre 1946 e 1949 marcou o início do período áureo do clube, com a conquista do primeiro tricampeonato da história do futebol português, ao qual se somaram uma Taça de Portugal e dois Campeonatos de Lisboa. Essa linha avançada era constituída por Jesus Correia, Vasques, Peyroteo, Travassos e Albano, e com esta designação Tavares da Silva pretendeu destacar a excelência e a harmonia do futebol praticado pelo quinteto que ficou assim imortalizado como os Cinco Violinos.

Peyroteo

Fernando Peyroteo foi o maior goleador da história do futebol português e provavelmente mundial, com uma média de 1,6 golos por jogo, que torna os seus feitos inigualáveis, e todos os adjetivos que possamos encontrar para qualificar este portentoso avançado, serão insuficientes para que se perceba a sua dimensão incomparável.

Nascido em Angola chegou a Lisboa no dia 26 de Junho de 1937 para jogar no Sporting e logo o treinador húngaro Joseph Szabo se apercebeu que tinha nas mãos um diamante em bruto. Estreou-se num jogo particular contra o Benfica, marcando 2 golos numa vitória do Sporting por 5-3. Estava dado o mote para a sua carreira, durante a qual o Benfica foi uma das suas vitimas preferidas, tendo conseguido marcar 64 golos nos sempre emocionantes "derbys" de Lisboa e, a partir dali as táticas do “mestre” Szabo acabavam sempre da mesma maneira “…..e o Fernando puft.”. E de facto era assim, a equipa jogava e Peyroteo marcava. Peyroteo jogou no Sporting durante 12 épocas liderando duas linhas avançadas históricas para o clube. A primeira construída por Joseph Szabo onde entrou como um jovem promissor, no meio de jogadores já consagrados e a outra, os famosos Cinco Violinos dos quais era o “stradivarius” e também o mais velho. Alguns dos números que se seguem podem não ser totalmente exatos, mas seguramente não andam muito longe da realidade e, são demonstrativos da incomparável vocação pelo golo que Peyroteo tinha, que resultava especialmente da sua principal arma que era um remate fácil, potente e colocado, que aliava a um bom jogo de cabeça, complementado por um excelente sentido posicional e uma grande capacidade de desmarcação, mas também por uma poderosa e impressionante força física. Assim no total na sua carreira Peyroteo conseguiu marcar 694 golos em 432 jogos, sendo que pelo Sporting fez 393 jogos, tendo marcado 635 golos, que foram 544 para 334 se nos limitarmos a contabilizar os jogos oficiais, ou 332 para 197 em relação ao Campeonato Nacional, do qual foi o melhor marcador por seis vezes, estabelecendo um recorde de 43 golos em 19 jogos, que só seria batido em 1974 por Yazalde, que marcou 46 golos, mas em 29 jogos. Num só jogo marcou 9 golos ao Leça e 8 ao Boavista, conseguindo ainda marcar 6 golos numa única partida por 4 vezes, 5 por 9 vezes, 4 por 18 vezes e 3 por 38 vezes. Para além de ser o melhor marcador de sempre na história do Sporting é também o 3º jogador com mais títulos conquistados ao serviço do clube, 19 no total. Foi 20 vezes internacional contando com 13 golos marcados ao serviço da Seleção. Surpreendentemente, Peyroteo resolveu retirar-se em 1949 com apenas 31 anos de idade, o que poderá ter custado ao Sporting o campeonato de 1949/50, que teria sido o primeiro tetra do clube e teria possibilitado um impensável recorde de oito campeonatos ganhos consecutivamente. Faleceu com 60 anos, no dia 28 de Novembro de 1978, vítima de ataque cardíaco, mas será para sempre recordado como um dos heróis imortais do Sporting Clube de Portugal.

Albano

Albano chegou ao Sporting em 1943, e o seu passe custou 20 contos ao clube, uma verba pouco habitual na altura, mas o investimento acabou por se revelar produtivo. Jogador de baixa estatura mas muito rápido e habilidoso, e acima de tudo com uma capacidade de drible fantástica, era também um bom finalizador, apesar de jogar na posição de extremo esquerdo, onde rapidamente se impôs como titular no Sporting, ganhado o lugar a João Cruz, outro jogador histórico. Jogou na equipa principal do Sporting durante 13 temporadas, integrando a célebre linha avançada que ficou conhecida como os Cinco Violinos, mas ainda jogou numa fase de transição da grande equipa de Joseph Szabo para o período áureo do futebol leonino, sendo o 6º jogador com mais títulos conquistados ao serviço do Sporting, num total de 16 e o 9º melhor marcador da história do clube, com 161 golos apontados em jogos oficiais. Foi 15 vezes internacional contando com 3 golos marcados ao serviço da Seleção. Faleceu no dia 6 de Março de 1990 com 67 anos de idade.


Jesus Correia

Descoberto por Joseph Szabo no Paço de Arcos, Jesus Correia chegou ao Sporting em 1943. Na altura jogava como avançado centro mas aí Peyroteo não dava hipóteses a ninguém, pelo que mestre Szabo que o qualificou como um “atleta ideal”, o transformou num fabuloso extremo direito. Foi nessa posição que se destacou sem perder o faro pelo golo que o notabilizava, e que aliava à sua impressionante velocidade e a uma excelente capacidade técnica, para além de uma grande generosidade e enorme entrega ao jogo, que fizeram dele um dos mais brilhantes e completos jogadores da história do futebol português. Jogou no Sporting durante 10 temporadas, a última das quais só parcialmente, pois resolveu abandonar o futebol quando tinha apenas 28 anos de idade, numa altura em que foi pressionado pelos dirigentes leoninos a optar entre o futebol e o hóquei em patins, modalidade em que também era uma estrela. Mesmo assim participou na conquista de 11 títulos ao serviço do Sporting e é o 10º melhor marcador da história do futebol leonino, com 158 golos apontados em 208 jogos oficiais, uma excelente média para quem jogava preferencialmente como extremo. Foi 13 vezes internacional contando com 3 golos marcados ao serviço da Seleção. Morreu a 30 de Novembro de 2003 com 79 anos de idade, quando era o último dos Cinco Violinos ainda com vida. Pouco tempo antes tinha dado o pontapé de saída no jogo de inauguração do novo Estádio José Alvalade.


Vasques

Sobrinho de Soeiro o grande goleador leonino na década de 30, Vasques chegou ao Sporting em 1946 por influência do seu tio, afirmando-se logo como interior direito da célebre linha avançada que ficou conhecida como os Cinco Violinos, embora pudesse jogar do lado esquerdo, ou até como avançado centro. Dos cinco, Vasques era sem dúvida o mais virtuoso. Um jogador genial capaz de desenhar lances maravilhosos e de marcar golos de antologia, o que lhe valeu a alcunha de "Malhoa" um famoso pintor da altura, mas ao mesmo tempo havia dias em que parecia ter-se esquecido do seu talento em casa, e passava ao lado dos jogos, até porque nunca foi homem para grandes correrias, choques ou esforços desnecessários.

Jogou no Sporting durante 13 temporadas contribuindo para a conquista de 12 títulos, sendo o 9º jogador com mais jogos oficiais disputados ao serviço da equipa principal do clube e o 3º melhor marcador da história do futebol leonino, com 226 golos apontados. Foi também o melhor marcador do campeonato português na época de 1950/51, com 29 golos.

Foi 26 vezes internacional contando com 7 golos marcados ao serviço da Seleção. Faleceu no dia 10 de Julho de 2003, à beira dos 77 anos de idade.


Travassos

Travassos chegou ao Sporting em 1946 afirmando-se logo como interior esquerdo da célebre linha avançada que ficou conhecida como os Cinco Violinos. Era o mais completo dos cinco, não lhe faltando nada, desde a velocidade (chegou a ser campeão no atletismo), até ao seu magnífico pontapé que lhe permitiu marcar muitos e grandes golos, passando por uma técnica refinada, sem esquecer que era um trabalhador incansável, o que o tornava no verdadeiro motor da equipa. Jogou no Sporting durante 13 temporadas contribuindo para a conquista de 12 títulos, e os seus números só não são ainda mais impressionantes porque teve várias lesões graves ao longo da sua carreira, que o deixaram sem três meniscos. Tornou-se no primeiro jogador português a atuar numa Seleção da Europa, quando, a 13 Agosto de 1955 em Belfast, participou no jogo comemorativo dos 75 anos da Federação Irlandesa, numa altura em que este tipo de eventos eram raros e muito significativos. A partir desse dia ficou conhecido como o “Zé da Europa”. Foi 35 vezes internacional contando com 6 golos marcados ao serviço da Seleção. Faleceu no dia 12 de Fevereiro de 2002 à beira dos 76 anos de idade.