Creio que perdemos uma oportunidade de ouro de conquistar um troféu, pois neste Euro houve muito jogador no auge da sua maturidade técnica, física e táctica.... E daqui a 2 anos já deverão estar na curva descendente!
Bom, isso anda-se sempre a dizer. Mas Portugal tem sempre e cada vez mais (e com muita responsabilidade da formação do Sporting) grandes jogadores a surgir. Vão-se embora uns e vêm logo outros. Todos diziam o mesmo que acabaste de dizer quando ficámos sem o João Pinto, Rui Costa, o Figo e sua geração. No entanto, este ano isso já não era problema e todos nós víamos que havia qualidade suficiente para pelo menos repetir o que se fez no anterior Europeu e Mundial.
Os problemas são outros. Já vi selecções de Espanha com um conjunto de individualidades superior ao de este Europeu, no entanto nenhum outro conseguiu ganhar. O problema não está tanto nos jogadores, está mais naquilo que fazemos com eles. Creio que actualmente em termos criadores de talento natural, Portugal é um dos 3/4 melhores países da Europa. Estamos ao nível de uma Holanda e de uma França (contando com os emigrantes africanos). Isto ainda ganha mais relevância se compararmos o nosso número de habitantes com as restantes potências europeias. No entanto olhamos para o lado e vemos que as outras selecções têm muitas finais e alguns títulos e nós nada. Outras ainda com menos talento individual, mas que ao longo dos anos são vencedores crónicos, como a Alemanha e a Itália.
O nosso problema está na organização directiva, tanto federativa (dirigentes peneirentos e que pouco ou nada fazem), como nas ligas que estão muito abaixo dos nossos rivais europeus.
O trabalho nas selecções jovens é ridículo, mandam os interesses dos clubes e os técnicos são piores que os dos distritais. Tiveram apenas uma fase decente mas breve com o Queiroz. E depois não admira que as posições como a de ponta-de-lança e a de guarda-redes onde se exige não tanto talento mas mais treino qualitativo e trabalho de base sejam há longos anos as posições mais frágeis na Selecção A. Falta também mais qualidade de treino nas nossas selecções principais, em longas décadas o Scolari foi o único seleccionador decente que tivemos e mesmo assim não é nenhum prodígio do treino, é essencialmente um grande líder.
Falta acabar com os Madáis e os Carlos Godinhos, ou seja, no fundo falta acabar com toda a espécie anormal que é o dirigente desportivo português. No dia em que tivermos melhores dirigentes tudo virá por acréscimo.